2021: solidariedade máxima, estado mínimo

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Se as pessoas enfrentam a crise econômica com mais esforço, com mais partilha, com mais presença no coletivo, os gestores do estado, ao contrário, vendem a ideia e praticam a tese de que este pode ser mínimo. Combina isso?

Mais um ano em que a solidariedade e a empatia mobilizaram as pessoas. A indignação com o veto do presidente à lei que previa a disponibilização de absorventes higiênicos para meninas e mulheres sem condições, é exemplar dessa nova sensibilidade social. Esse veto e outras tantas medidas, revelaram o contraste entre as políticas dos governos e a disponibilidade, coragem e capacidade de solidariedade do povo.

Diante da pandemia, desemprego e fome, governantes reduziram os orçamentos nas áreas sociais e seguiram impondo rupturas com o pacto social iniciado na Constituição de 88, tanto no Brasil quanto no Rio Grande do Sul, diminuindo o estado e sua capacidade de entregar à população serviços que a socorram. Qual o argumento? A crise econômica.

Ora, se as pessoas enfrentam a crise econômica com mais esforço, com mais partilha, com mais presença no coletivo, os gestores do estado, ao contrário, vendem a ideia e praticam a tese de que este pode ser mínimo. Combina isso? 

Pode o estado ser mínimo quando a educação foi tão prejudicada que precisa adicionar tempo escolar, tecnologia, suporte econômico? Quando o/a agricultor/a não produz pela seca e o/a pequeno/a empresário/a precisa de apoio para recomeçar?

A desculpa da crise econômica não esconde, para um olhar mais atento, o projeto dos governantes de entrega dos negócios públicos ao lucro privado. Mostra, na verdade, que sua incompetência para encontrar soluções em que se atendam os interesses públicos é porque sua “competência” está voltada à desestatização e à terceirização dos serviços.

A tal ponto vai o compromisso com esse projeto que mesmo a palavra dada, de acordo com a ocasião, é relativizada ou mudada. Nem mesmo o alto custo da energia elétrica, da gasolina, do gás de cozinha e da água, num momento de tanta insegurança econômica e social, sensibilizam seus representantes, que impõem aumentos a esses bens estratégicos para a vida, ao incorporar os lucros privados.

É assim que 2021 termina no Rio Grande do Sul, com uma nova mudança de palavra: “a privatização do Banrisul é inevitável” anuncia o governador. Inventa um sujeito dessa ação que não seria ele. Mas é. Está sendo assim com a CORSAN. Foi assim com o magistério: mudou de ideia, não honrou o compromisso.

Triste ano em que os governantes não estiveram à altura de seu povo. “Se um só traidor tem mais poder que o povo, que esse povo não esqueça facilmente” diz a canção.

POA, dezembro/21

Autora: Deputada Estadual Sofia Cavedon/PT

Edição: Alex Rosset

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