A vida vivida autenticamente é uma vida de busca do sentido, que é o objetivo maior do dom da vida gerando vida. Viver não é um destino, mas uma escolha ética.
Da vida e na vida nascem muitos discursos e propósitos. Há áreas do saber humano dizendo que a vida é uma vibração cósmica. A afirmação primordial é que a Vida é um valor absoluto donde brota a ética e toda hierarquia de responsabilidade e de respeito mútuo, estabelecendo assim, uma escala axiológica.
Temos e carregamos a vida, mas não somos a vida. De onde viemos e para onde vamos são as perguntas da mente inteligente. De onde viemos só pode ser da vida, porque não há salto de qualidade que não seja da própria vida. E para onde vamos só pode ser para vida novamente.
Assim, pode-se concluir que a vida gera a vida. Se da morte sai a vida é porque no começo tudo era vida. Então, a morte é o intervalo entre vidas. A vida é anterior e posterior à morte. A vida se torna dessa maneira um imperativo ético, porque ela é a última e a única palavra e não a morte.
A vida, além de ser um valor ético, dá muito que pensar e nos ensina como devemos viver. A dimensão ética da vida está justamente neste preceito de que não basta só ter a vida, mas como se dá sentido a ela. Viver a vida é o chamamento para o discernimento ético.
O viver intencionalmente é a busca de sentido para vida. Vida e sentido são as constantes de discernimento do ser humano. O ser humano tem a vida, mas para dar sentido a ela necessita criar muitos ritos e ritmos para continuar vivendo e saboreando a vida. Da natureza para a cultura há um salto de qualidade.
O sentido da vida não é natural, mas simbólico/cultural; pois, é uma criação humana o sentido da vida. Os símbolos da vida não vêm juntos com a natalidade nem se encerram com a mortalidade. Há algo para além da vida? Ou a vida é uma constante continuidade? Se há algo para além da vida, mesmo passando pela morte, a vida vale a pena ser vivida.
A consciência ética é saber que a vida é um aviso de que nós seres humanos não estamos prontos, somos um projeto sempre aberto e o viver é uma projeção.
Neste projeto existencial há pessoas que nascem e morrem piores do que nasceram, são as pessoas degeneradas. Também há as pessoas que nascem e morrem como nasceram, são as pessoas que mantiveram a saúde e se cuidaram bio-fisico-psiquicamente. E há outras pessoas que nascem e se tornam o que elas são atualmente, assim como uma flor se torna uma flor, uma mangueira se torna uma mangueira. São as pessoas que aceitaram o desafio dos reveses da vida.
A ética nasce dessa percepção de que ainda não estamos prontos. Somos seres inacabados. Esta busca pelo nosso acabamento é o espaço do prazer e da dor. Sem dor e prazer, sem morte e vida, a ética torna-se uma busca vazia e sem sentido. O viver se faz de dor e de prazer, como também de vida e de morte. O viver é a concretização da eticidade.
Assista também vídeo “Por que ser ético”?: https://youtu.be/TrCvhx4-UyI?list=PLDwf2YrZZoEeucIGZqaoL85hi78NKncC2&t=50
A práxis originária do ser humano é uma invenção da vida gerando vida, numa permanente descoberta do mundo, como uma estrutura prévia de sentido.
O mal é a perturbação dessa trajetória, desvio da vida. Isto pode resultar em vidas desregradas do ponto de vista ético e do ponto de vista econômico, em vidas desperdiçadas. E, ainda do ponto de vista biológico, em vida adoecida. A vida vivida autenticamente é uma vida de busca do sentido, que é o objetivo maior do dom da vida gerando vida.
Viver não é um destino, mas uma escolha ética.
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Autor: José André da Costa, msf .