Revelamos e promovemos, com alegria e muita satisfação, histórias de vida que estão imbricadas com a humanização, seja através da arte ou da educação.
O entrevistado desta matéria é professor e ilustrador Lucas Chaves. Ele já viveu várias experiências com a arte mas, atualmente, foca mais nos desenhos e nas ilustrações que complementam obras como livros, apostilas, dentre outros.
Chaves é destes profissionais da arte empenhados e envolvidos com muita intensidade, interesse e responsabilidade. Conviver com ele, conhecer sua história e reconhecer o seu trabalho é uma missão e uma tarefa que apreciamos muito neste site.
Conheça Lucas Chaves por ele mesmo.
Como, quando e porque surgiu teu envolvimento com a arte?
Meu envolvimento com a arte surgiu desde criança, sempre estive neste ambiente. Meu pai e mãe são pessoas que trabalharam muito com a criatividade e gostavam de músicas e leituras diversas. Tudo isso foi também uma herança de meus avós. Por parte de meu pai, meu avô era poeta e minha avó pintora. Já minha mãe cresceu em uma família de mulheres que produziam muitas costuras.
Então, minha conexão com a arte sempre existiu. Meu irmão e irmã mais velhos consumiam diversas linguagens artísticas e, claro, me influenciaram também.
Com tudo isso, fui uma criança que desenhava e pintava muito. Consumia desde histórias em quadrinhos, animes, desenhos animados até jogos de computadores e videogames.
Na adolescência, participei de bandas de rock na cidade como baterista; cerca de cinco anos envolvido mais com a música. Porém, mais tarde, percebi que me interessava mais pela criação de imagens, elas me permitiam ter uma expressão mais legítima de minhas ideias. Assim, no momento de escolher uma faculdade, revisitei meus desenhos de quando era criança e percebi que deveria estudar Artes Visuais. Por sorte, na época só existia faculdade de licenciatura, isso me abriu a possibilidade de produzir e ensinar através da arte.
Além de professor do componente curricular Arte, és ilustrador. Existe alguma relação entre ser professor e ser ilustrador?
Existe sim. Uma das coisas que mais me mostram essa relação é quando alguns estudantes não conseguem resolver suas produções. Como tenho essa prática com a ilustração, consigo auxiliar melhor na solução de seus problemas nos trabalhos artísticos. Isso estimula bastante a criatividade. Quanto mais criativos, melhor solucionamos problemas e melhor nos expressamos. Acredito que na vida vale muito aprendermos sobre arte, seja qual for, nossa auto expressão contribui para nos conhecermos nesse mundo.
Outro aspecto é a influência da educação na ilustração, já percebi que minhas ideias como ilustrador algumas vezes mudaram a partir de aulas com exercícios criativos ou experimentação de materiais diversos. É uma relação mútua, as duas áreas podem se complementar de diversas formas.
Vês alguma relação entre a arte e a humanização?
Com certeza. A criatividade é o que nos torna humanos. Não lembro de ouvir falar tanto em saúde mental quanto no período da pandemia. Uma das coisas que contribuiu para isso foi o fato de algumas pessoas passarem a dedicar certo tempo para alguma criação artística.
Outra questão é nossa imersão no mundo digital. Ela apresenta muitos benefícios, porém ainda vejo que o excesso nos tira ainda mais a vivência no tempo presente. Em relação a isso, produzir algo artístico nos reconecta com nossa natureza e nos afasta um pouco da enchente de informações que chegam no celular, trazendo ao menos um pouco de fruição na vida.
Existe ainda o fato da apreciação de arte, ressaltando que visualizar muitas imagens e vídeos em uma tela pode ser bom, porém não podemos esquecer de apreciar a paisagem fora de nossa janela, aquela que está presente naquele momento.
Falo isso porque acredito que nossa humanização se faz muito sabendo equilibrar nossa vida presente com sistemas frenéticos de trabalho e de consumo de entretenimento.
Quais são suas maiores realizações e também seus maiores desafios no trabalho com arte?
Dentre as maiores realizações estão as publicações que pude fazer. Minha esposa escreveu dois livros infantis e um e-book dos quais ilustrei, são eles: A Mamãe que Pintava o Mundo, Contando a História da Arte e A História Acabou?
Com isso, pude produzir ilustrações para outros livros de autores independentes da cidade e da região, sendo: Poesias de Cantar História (Giancarlo Camargo) apostila ArqueoLogando / ArqueoLógicas (André M. Piasson – Ed. Acervus), dentre outros projetos em andamento.
Além do trabalho como ilustrador, sou professor no Habemus Ateliê, uma iniciativa da Cris, minha esposa, onde podemos ensinar arte para crianças, livres de muitas amarras do sistema de ensino regular nas escolas.
Dentre os desafios, acredito que o principal na ilustração é trabalhar com toda a parte burocrática e organizacional, afinal esta profissão não consiste em apenas desenhar. As etapas do trabalho para além da criação artística são pouco faladas e tão importantes quanto fazer uma boa arte.
Em relação ao ensino da arte poderia listar muitos desafios, mas penso que o maior de todos é o embate contra essa vida agitada e extremamente rápida que as crianças e jovens estão inseridos, muitas vezes sem nenhuma orientação.
Como o pessoal pode conhecer o teu trabalho como ilustrador?
Atualmente tenho dois portfólios, um de ilustração infantil, outro ainda em construção para o mercado da arte editorial e publicitária, aqui os links respectivamente:
https://lucaschaves.myportfolio.com/work; https://www.behance.net/johnlucasc.
Também tenho um Instagram onde posto alguns trabalhos em andamento ou fragmentos de projetos maiores: @lucas_chaves_ilustra. Além do Instagram do Habemus Ateliê: @habemusatelie.
Uma frase, um pensamento que diga algo sobre você.
“[…]apenas na liberdade pode haver criatividade. E só pode haver criatividade por meio do autoconhecimento.” (Jiddu Krishnamurti, em O Livro da Vida)
Lucas e Cris são pessoas capazes de grande originalidade. O que mais admiro neles, especialmente em Lucas, é, mesmo tão jovens, traços artísticos personalissimos. A entrevista está ótima!
Q bom pode revisitar, de certa forma, meu colega Lucas. Parabéns, sua obra e seu trabalho continuam firmes. Admiro muito este teu entusiasmo. Abraço!
Muito obrigado Rejane!
Muito bom!
Obrigado minha prenda 🙂