Economia é parte indissociável
da vida que levamos, como seres humanos.
Proteção à vida pressupõe ações econômicas.
Vivemos uma crise de enormes proporções, que está afetando a saúde, a economia e a vida de cada um de nós.
Ninguém tem a solução definitiva para o que está acontecendo, não há uma fórmula porque nunca passamos por isso antes. Vamos observando, tentando entender, e ajustando a nossa conduta como sociedade à medida que as coisas vão acontecendo.
É preciso responsabilidade, solidariedade e empatia nesse momento de crise. E isso significa muito mais do que ficar em casa para não espalhar o vírus.
Para empresas e empregadores, ser responsável e empático também significa evitar demissões, para não criar mais pânico e insegurança na sociedade. Vale lembrar que, em geral, empresas têm mais acesso a crédito e conseguem aguentar um pouco mais a crise do que uma família.
Para consumidores, agir de forma responsável é comprar apenas o necessário dos itens essenciais, permitindo que outras pessoas também tenham acesso a eles. Ser solidário é pagar suas contas em dia, sem usar como desculpa a crise, lembrando que dos seus pagamentos pode depender o emprego de outras pessoas.
Para cada um de nós, ser responsável é pensar antes de compartilhar notícias nas redes sociais, evitando criar pânico e confusão com informações falsas. É seguir as regras e tentar não atrapalhar o combate à epidemia.
Para todos nós, empatia e solidariedade também significam tratar com respeito e consideração os profissionais da saúde e da segurança e os gestores públicos que estão trabalhando sob uma pressão imensa, tentando fazer o melhor para proteger a sociedade.
Assim como a propagação do vírus, a crise econômica é inevitável. O que depende da nossa atitude é a rapidez e a gravidade com que isso vai ocorrer. Depende de nós reduzir os danos, proteger os mais frágeis e nos preparar para um recomeço, mais responsável, solidário e empático.
A vida ou a economia?
Entre tantos assuntos e polêmicas levantados nesses tempos de pandemia, um me chamou bastante a atenção. A pretensa dicotomia e até contraposição entre vida e economia. Entendo o contexto em que surgiu esse questionamento, sobre a importância relativa da proteção à vida comparada à proteção à economia, mas me parece que há um entendimento completamente distorcido na raiz dessa discussão.
Economia é parte indissociável da vida que levamos, como seres humanos. Proteção à vida pressupõe ações econômicas.
Acho que a confusão começa no entendimento do que seja economia. Como se economia fosse apenas geração de renda, ou incentivos fiscais, ou crédito para empresas, auxílio emergencial. Não é. Decidir por exemplo quantos respiradores artificiais comprar, de quem, como transportá-los, para quais cidades enviá-los, é economia, e disso depende justamente a vida de muitas pessoas.
Decisões econômicas permeiam toda a gestão de uma epidemia, ou outra catástrofe dessas proporções, e podem significar o sucesso ou fracasso do seu combate.
Gerir recursos escassos em situações de necessidades quase ilimitadas e urgentes, isso é o que a economia faz.
Alocar equipamentos, hospitais, profissionais da saúde, medicamentos e equipamentos de proteção de forma que o maior número de pessoas possa ser beneficiado, isso é economia.
Definir quando a interrupção das atividades produtivas é necessária e de que forma proteger a população da escassez (de alimento, de educação, de trabalho) isso é economia. Definir como devem ser organizadas as prioridades, para obter o melhor resultado para a sociedade, ou o resultado menos trágico, isso é economia.
Lembrando que a finalidade da economia é a vida, a melhor vida possível.
Papa Francisco defende uma economia que coloque a vida em primeiro lugar e que se esforce, ao máximo, para garantir a todos maiores oportunidades.