Não é o bastante registrar em projetos educativos a exaltação da política e da participação para que, de fato, as instituições de ensino atinjam estes objetivos. É preciso eliminar a diferença e a distância entre a intenção e a ação.
Optar por uma sociedade democrática significa acreditar que o poder deve emergir da maioria (dos pollói) e que todas as decisões políticas devem atender aos interesses da maioria da população; garantir o direito de todos à moradia, à saúde, ao trabalho, à alimentação, à educação, ao transporte, ao lazer, enfim o respeito pela dignidade da pessoa humana.
Acreditar na existência da contradição, da divergência, das diferenças, na organização dos grupos e na forma de pressão que os grupos organizados devem e podem exercer. Implica um reacender da dimensão política educativa, da cidadania, do compromisso com a sociedade.
Naturalmente, tais opções não podem estar meramente no domínio só do discurso. Elas representam caminhos de vida, de atitudes de desafio no percurso dos educadores (as), reconstrução permanente do sentido e do tipo de utopia. Por isso, a necessidade de uma constante “reflexão-ação-reflexão”, ou seja, partir da prática social e teorizá-la para construir uma nova prática, para orientar a ação educacional.
De posse desses pressupostos, podemos perguntar pela prática educativa que possibilita as instituições de ensino viabilizar uma realidade geradora de novos padrões éticos.
O nosso esforço aqui é evidenciar que a alternativa viável para romper a “reprodução bancária” é a instituição de ensino criar, participativamente, como referencial de trabalho, uma utopia possível de sociedade, de pessoa humana e, consequentemente, de educação, buscando vivê-la com esforço metódico continuado para que, plantada em semente, vivida em antecipação, possa aproximar essa utopia possível da realidade.
Aqui colocamos a ação participativa, definida pelos elementos que integram no processo educativo, como instrumento de transformação e geradora de um novo ser humano e, por isso, de uma “nova ética”.
Como já mencionamos, a prática da educação sempre tende a legitimar a própria sociedade que a originou. Uma educação que provém do nosso modo de ser, não daquilo que se ensina com palavras.
Não é suficiente fazer discurso sobre a política e a democracia, não é o bastante deixar registrado em projetos educativos a exaltação da política para que, de fato, a instituição de ensino atinja este objetivo. É preciso eliminar a diferença e a distância entre a intenção e a ação.
Autor: Prof. José André da Costa