Para quem escreve, a beleza da vida está em ser lido pelos que estão próximos. Como é
bom escrever para os amigos do Facebook! A beleza da vida não está longe de nós.
Uma mulher de quarenta e poucos anos, vou chamá-la de Rebeca, queixava-se de dores
musculares generalizadas. O médico não encontrava causa para sua dor até que,
ouvindo-a mais e mais, descobriu a grande frustração vivida por ela.
Ambicionava ser escritora publicada nos Estados Unidos. Enviou manuscritos para
editoras de cidades que julgava de grande beleza: Nova Iorque e Chicago. As respostas
sempre negativas doeram muito. Desistira de escrever e adoecera.
Quando fazemos algo só pelo resultado exitoso, em acordo à expectativa que críamos,
talvez não gostemos muito da atividade, pois, quando gostamos, quando somos “do
ramo”, o resultado importa bem menos.
No caso de um escritor, o insucesso frente às editoras não o fará desistir. Por quê?
Porque a atividade em si é prazerosa para ele.
Talvez Rebeca seja do “ramo”, mas a sensação de que a “beleza” está lá longe a faz
perder o gosto. Sofreria pela falsa crença de que só estaria realizada se fosse escritora
reconhecida em belas cidades norte-americanas.
Então, o médico conversará com ela sobre a dor menor, as musculares, e a dor maior, a
frustração. E colocará duas questões para ela pensar: o ato em si de escrever não é o que
lhe deixa realizada; ou deixa realizada, mas está sendo prejudicado pela expectativa
inadequada que criou.
No segundo caso, livre dessa expectativa apropriada para quem é norte-americano,
inapropriada para quem é brasileira, a frustração cederá a uma nova visão. E as dores
irão cedendo.
Para quem escreve, a beleza da vida está em ser lido pelos que estão próximos. Como é
bom escrever para os amigos do Facebook! A beleza da vida não está longe de nós.
Autor: Jorge Alberto Salton. Também escreveu e publicou no site “Nossas ilusões, há
como pesam nossas ilusões!: www.neipies.com/nossas-ilusoes-como-pesam-nossas-
ilusoes/
Edição: A. R.