A esquizofrenia na criança

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O que mais dói na esquizofrenia é o preconceito dos adultos em admitir que os seus filhos sofrem desse mal e precisam de cuidados especiais.

A esquizofrenia é uma doença grave e crônica, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Na criança, ela pode acontecer precocemente atingindo até mesmo aquelas da tenra idade. Doença séria que precisa de cuidados médicos e terapêuticos, medicamentos para combater os seus sintomas e muito amor por parte dos familiares e amigos.

Considerada a doença mais grave do grupo de tratamentos psiquiátricos, denominados de transtornos psicóticos é a que mais precisa de cuidados especiais.

A criança com esquizofrenia apresenta os mesmos sintomas dos adultos afetando a sua convivência com os amiguinhos e o rendimento escolar. Os sintomas são os mais difíceis e doloridos que se pode imaginar:

– Sentimento de está sendo perseguido por alguém amado ou um estranho;

– Irritabilidade;

– Alucinações auditivas e visuais;

– Falta de higiene com o corpo;

– Isolamento social.

Os pais precisam tomar cuidados quando a criança começar a apresentar algum desses sinais. É claro que nem sempre pode ser esquizofrenia, mas outra doença.

O fato é que sendo uma doença grave tira a criança do seu convívio com as demais deixando-a entregue aos seus pensamentos persecutórios o que lhe causa mais dificuldade de combater a doença. A criança quando se isola e fica irritada chegando a quebrar as coisas dentro de casa, reage daquela forma porque escuta vozes que dão uma espécie de ordem em seus ouvidos, noutras vezes ela poderá ver e conversar com pessoas que só aparecem para ela, ou seja, inexistentes.

A criança em surto sente vários sintomas que devem ser observados e considerados pelos pais, principalmente se na família tem histórico da doença.

Não é fácil conviver com a esquizofrenia. A criança sofre bastante com essa doença, como não é fácil também para os pais lidar com esse problema de saúde. Só medicar a criança não é suficiente, ela vai precisar de afeto e carinho, sentir-se segura dentro e fora de casa, perder o medo de que vai surtar em qualquer lugar, sentir-se confiável diante das pessoas ao seu redor.

Uma das melhores coisas a se fazer para salvar a criança dos surtos que nunca sabemos quando vão acontecer é colocá-la para desenhar, pintar, correr até se cansar, praticar esportes, aprender a tocar um instrumento musical, ler e escrever com frequência. Manter o pensamento da criança sempre ocupado é uma boa terapia. E nunca, nunca mesmo, deixá-la sozinha, principalmente em lugares totalmente fechados ou escuros por muito tempo.

Se a esquizofrenia nos adultos é uma doença incompreendida na maioria das vezes, imagine na criança pequena que não sabe ainda como expressar os seus sentimentos e emoções, não sabe distinguir o real do irreal e nem sabe como lidar com situações de vozes e visões desconhecidas que chegam dando ordens e criando um mundo à parte, um mundo onde as pessoas amadas deixam de amá-las e querem o seu mal.

A criança não compreende assim como o adulto que todos aqueles sintomas são produtos da sua mente doentia, e sofre por não saber o que fazer diante de um sofrimento tão desesperador.

Quando a criança se isola das outras deixando de brincar no parquinho ou não querendo fazer parte do jogo de futebol por se achar que é perseguida pelos amiguinhos, que não é amada por ninguém, que é feia e causa raiva nas pessoas, eis um sintoma que precisa imediatamente de cuidados dos pais e responsáveis.

A criança não consegue saber que aqueles sintomas são de uma doença séria e que precisa de tratamento médico. Um dos sintomas motores que também chamam a atenção é o fato da criança está sempre balançando o pezinho ou mexendo com um dos braços.

A dor da esquizofrenia só é sentida na escuridão do abandono. Quem sofre de esquizofrenia não sabe que é doente, não se dá conta de que é vítima de uma doença séria, por isso é tão importante a presença dos familiares ao longo do tratamento com o psiquiatra e psicólogo. O que mais dói na esquizofrenia é o preconceito dos adultos em admitir que os seus filhos sofrem desse mal e precisam de cuidados especiais.

Ninguém fica irritado de uma hora pra outra porque quer, algo dentro dessa pessoa desencadeou aquela irritabilidade, isso é o que acontece com a criança esquizofrênica.

Quando a criança deixa de se preocupar em estar limpinha diante dos amiguinhos, não liga para a sua aparência física faz-se necessário que os pais ou responsáveis tomem providências e conversem com ela explicando o quanto é importante a higiene pessoal para ficarmos próximos das pessoas.

Nunca obrigar a criança a tomar banho ou falar com uma pessoa que ela está com medo, sentindo-se perseguida, ao contrário o respeito aos sintomas é de fundamental importância para que a criança se sinta segura perto de quem a ama.

Existirá sempre uma pessoa querida a quem a criança vai pedir ajuda dentro de casa, uma pessoa por quem ela talvez nunca venha a sentir medo ou raiva, uma pessoa que transmita amor, carinho e coragem mostrando que por maior que seja o gigante perto de nós ele será combatido e vencido com as nossas próprias forças.

Haverá sempre um adulto que por quem a criança talvez nunca tenha sintomas persecutórios, aquele a quem ela conta seus segredos e medos mais íntimos.

A esquizofrenia não tem cura, isso se sabe, mas os sintomas têm suas pausas e eles podem ser longos se a criança for tratada cedo e não ignorada quando pedir ajuda. Ainda mais, se tiver perto dela quem a escute e compreenda o que acontece consigo. A esquizofrenia precisa de amor, medicamentos e terapia, mais amor, penso eu.

Este texto é do meu livro: “Como amar uma criança”.  Conheça mais: https://rosangelatrajano.com.br/

 

Autora: Rosângela Trajano

Edição: Alexsandro Rosset

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