A instrumentalização da
inteligência artificial, não é algo
privado ou individual, envolve a
coletividade e por isso supõe
políticas públicas de renda básica,
com interações justas, dos seres humanos
entre si e com a natureza.
O desenvolvimento humano, marcado pela evolução tecnológica, tem a seu dispor a inteligência artificial, uma ferramenta que está com seu uso em expansão.
Trata-se de um conjunto de recursos sofisticados, com níveis diferenciados em suas potencialidades e em seus usos. Para um entendimento introdutório, podemos identificar três esferas de atuação que são a filosófica/moral, a científica/tecnológica e a social/política. Na esfera social estão incluídas as políticas públicas, na científica se inclui a construção de alternativas para o bem estar humano e na filosófica estão os questionamentos sobre o moralidade e o justo uso da mesma.
Nas definições do que incluem políticas públicas podem ser destacadas as intervenções institucionais, que visam assegurar o bem estar físico e mental para a totalidade das pessoas. Esta caracterização preliminar se apresenta como objeto de disputas conceituais diante do caracterização destas instituições como públicas ou privadas, incluindo um aspecto elementar condicionante ao bem estar das pessoas, que é uma renda básica universal.
O que são políticas públicas?
Considerando a realidade em que nos encontramos, evidencia-se a inexistência de trabalho que gere renda para a totalidade das pessoas, as políticas públicas para solucionar este problema, se apresentam como indispensáveis.
Na história recente da humanidade, o bem estar foi impactado pela industrialização e pela urbanização. A industrialização aumentou a produtividade substituindo o trabalho humano e a urbanização gerou novos serviços. Nas últimas décadas, o impacto está vinculado com a expansão e automação dos processos produtivos, sejam eles de bens materiais para o consumo ou serviços como o comércio e o lazer.
As responsabilidades sociais de manutenção dos trabalhos remunerados podem ser elencadas como uma das razões no retardamento da automação de alguns processos, como por exemplo, o trabalho dos/as cobradores/as pelo serviço de transporte urbano. Paralelamente ao contexto de mudança na configuração dos trabalhos decorrentes da expansão na automação e na inteligência artificial, as pessoas são individualmente responsabilizadas pela geração da renda necessária para a própria sobrevivência.
Diante do contexto, a inteligência artificial dotou a humanidade de condições para produzir o básico para todos e a maioria não tem acesso, emerge a necessidade moral de normatizar meios para a sua universalização.
As narrativas centradas na responsabilidade privada e individualista perdem força, na medida que um problema que envolve a coletividade das pessoas.
Neste caso as alternativas incluem uma mudança de narrativa, incluindo, instrumentalização da inteligência artificial, não como algo privado ou individual, mas que supõem, políticas públicas de renda básica, com interações justas, dos seres humanos entre si e com a natureza.
“A construção de uma transformação profunda que pode possibilitar a evolução da humanidade, está vinculada com a substituição dos valores individualistas, egocêntricos e antropocêntricos por valores alicerçados na solidariedade, na imaterialidade, na evolução espiritual, na reconexão dos seres humanos entre si e com a natureza”.