A linguagem simbólica das parábolas de Jesus

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Jesus explorava a imaginação de seus ouvintes pois, cada um, com a plasticidade de seu pensamento, criava mentalmente a cena dos episódios narrados na história, que sempre envolvia situações cotidianas, comuns à compreensão de todos.

Jesus, o maior pedagogo da História, ao passar seus ensinamentos, seu evangelho de luz e libertação pelo conhecimento da verdade relativa à nossa compreensão, na época, não procurou homens eruditos, cheios de títulos e detentores de poderes governamentais ou religiosos, pois sua doutrina jamais poderia ficar na dependência de ideias conflitantes, de homens falíveis, cheios de tendências personalistas.

Jesus procurou as pessoas simples do povo, cheias de sofrimentos e necessidades, exploradas pelo domínio romano e por religiosos judaicos. Ele as escolhia com amor, irradiando seu magnetismo curador, curando-as das doenças do corpo e dos conflitos da alma.

A magnitude de seus ensinos não poderia ser comunicada em linguagem rebuscada, racional, convencional ou filosófica, de difícil entendimento. As expressões utilizadas eram conhecidas de todos, tinham sentido e significado para o povo e faziam parte do cotidiano das pessoas. Atualmente, as parábolas, ao serem analisadas, são lições antigas, mas sempre com ensinamento novo. Apresentam novos caminhos que expõem verdades e mostram a escala de valores a ser conquistada na busca da felicidade real.

Nelas destacam-se o sentimento do amor, da compaixão, da empatia, da caridade, do autoconhecimento e da necessidade do esforço próprio para reencontrarmos o caminho de volta para Deus, nosso Pai. Jesus era sempre seguido pela multidão que encontrava nele o alimento da alma e do corpo.

Muitos de seus ensinos eram verbalizados através da parábola. A singeleza das narrativas de Jesus envolve a semente, o solo, o semeador, as redes, os peixes, as moedas, as pérolas, o fermento, a massa do pão, as relações familiares e sociais, a simbologia do Pai, do Senhor da vinha, representando a presença Divina e encantava a todos.

A parábola apresenta método de narrativa oral, muito utilizado na antiguidade. São informações simbólicas, transmitidas de uma geração a outra, através do tempo, sem nunca perder a atualidade, podendo ser interpretadas conforme as circunstâncias e características culturais da época. Ao usar esse recurso didático, Jesus estimulava o despertar dos potenciais divinos inerentes ao ser humano e no seu desenvolvimento sócio, psicológico e espiritual.

A palavra parábola origina-se do latim parabola e do grego parabole,  que significam COMPARAÇÃO entre duas ou mais situações da história com a vida real. É uma história fictícia que transmite mensagem indireta utilizando a comparação, a analogia com a atitude desejada. Oculta sempre uma grande verdade. Ela revela mensagens profundas que devem ser refletidas. É uma narrativa cheia de simplicidade e beleza que penetra na mente humana, despertando emoções e sentimentos nobres, que dão sentido ético à vida.

Jesus narrou mais de 40 parábolas, que estão registradas no Novo Testamento.

Através desse método pedagógico, são estimuladas as dimensões emocionais, a atenção, a inter-relação, a convivência pacífica com os outros, as questões morais e espirituais dos ouvintes, induzindo à reflexão de seus próprios atos e convivência na família e na sociedade.

Jesus explorava a imaginação de seus ouvintes pois, cada um, com a plasticidade de seu pensamento, criava mentalmente a cena dos episódios narrados na história, que sempre envolvia situações cotidianas, comuns à compreensão de todos.

Outro aspecto importante desse processo educativo é o desenvolvimento da capacidade intrapessoal, de autoconhecimento, de ter compreensão de suas próprias condições e despertamento do potencial adormecido em si, apto a se desenvolver e a aprender a utilizar este modelo de conduta para agir melhor em suas vidas.

Jesus utiliza a didática do exemplo, explorando a observação crítica do ouvinte através da conversa amiga, livre, espontânea, sem imposições, comprovando a importância do afeto recíproco entre mestre e discípulo.

As atitudes de Jesus na convivência com as pessoas, mostram o bom exemplo que Ele dá sobre o que Ele ensina, este procedimento é fator importante para desenvolvimento da dimensão moral da inteligência humana. Ele não utilizava a linguagem abstrata, trazia fatos concretos, focalizando os atos, os procedimentos, as condutas dos personagens, propiciando a autocrítica sobre a maneira pessoal de agir em relação aos outros, visando melhorar os relacionamentos na vida particular de cada um e na vida comunitária.

As histórias contadas por Jesus estimulam a reflexão sobre o verdadeiro sentido da vida e a percepção de que ninguém está sozinho no mundo e que cada um faz parte de um todo, despertando a habilidade de lidar com os problemas existenciais, como os fracassos, sofrimentos, prejuízos. Este aprendizado capacita o ouvinte ou leitor a buscar situações novas que promovam o equilíbrio, o torne mais flexível e disposto a não causar dano aos outros, compreendendo Deus como Pai que oferece novas oportunidades de melhoramento, extremamente misericordioso e justo e que o aguarda amoroso quando tomar a decisão de se corrigir e de começar a trilhar o caminho de volta para Ele.

A leitura atenta, por exemplo, da Parábola do Filho Pródigo (Lucas 15, 11-31), possibilita a compreensão da infinita misericórdia de Deus para conosco. Ele sempre nos aguarda quando decidimos retomar o caminho de volta para a Casa do Pai, quando aprendemos a nos autoconhecer, reconhecer nossas escolhas equivocadas e mudar de conduta.  A análise detalhadas dos fatos relatados na narrativa do Mestre, desde a introdução do assunto, acompanhando a sucessão dos eventos, no desenvolvimento da história, até chegar ao ponto culminante, quando o filho rebelde, reconhecendo seu equívoco e sofrendo as consequências de suas atitudes, decide, humildemente, retornar à Casa do Pai e pedir perdão pela sua atitude insensata. O Pai o recebe de braços abertos, porque o aguardava!

A narrativa podia encerrar neste ponto,  mas eram dois irmãos…O outro, aparentemente fiel ao Pai, era extremamente egoísta e se rebela com a atitude do Pai em relação ao irmão. O Pai vai em busca deste filho também explicando o motivo do acolhimento e de Sua alegria com o retorno do Filho Pródigo.

A mesma reflexão nos provoca a leitura das narrativas do Bom Samaritano (Lucas 10, 23-27), do Semeador (Lucas 8, 4-15) e demais parábolas. O momento atual nos requisita a atitude sensata, silenciosa, de paramos um pouco, nos desligarmos das distrações virtuais, e buscarmos estas diretrizes tão claras ofertadas por Jesus.

Precisamos, urgentemente, voltar a ser humanos, simplesmente humanos, filhos de Deus, convivendo como irmãos uns dos outros, cada um com as suas características próprias, tendo a certeza que Deus nos aguarda de braços abertos.

Como educadores, tendo a nossa frente e ao nosso lado nossos alunos, não podemos nos furtar de lhes contar estas lindas e elucidativas histórias.

Parabéns Nei, pela tua coragem em divulgar o que é bom para a educação. Jesus te ampare e inspire. No teu site temos precioso espaço para divulgar nossas boas mensagens.

Autora: Gladis Pedersen de Oliveira

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