A maçã podre do cesto

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O Brasil precisa sim de ordem, respeito, cuidado com a Casa Comum e com o outro, mas essa ânsia de buscar o perfil ideal de um “messias”, precisa ser revista.

Meu pai foi uma pessoa de origem extremamente humilde. Seus pais moravam muito longe da cidade, no interior de Passo Fundo e mal tinham o que comer. Meu pai me contava que seu pai, capataz da prefeitura, vinha ainda de madrugada trabalhar na cidade, junto com o seu pai, e os meninos mais velhos vinham junto. Até que um dia, um agricultor chegou na casa deles e disse que era proprietário daquelas terras, e os expulsou de lá: seus pais vieram para a cidade como retirantes, sem nada, apenas com os filhos e uma vaquinha que era a única fonte de alimento. Acabaram trocando a vaquinha por um terreninho na periferia.

Meu pai, trabalhando com o pai dele, fez o muro do regimento da Brigada Militar. Lá trabalhando, sua honestidade foi testada. Ele contava que o tenente pagou ele, com um valor bem acima do que ele recebia e que aquilo encheu os olhos (não vamos passar aperto nesse final de semana, vai dar para comer melhor!), mas mesmo sabendo que aquele dinheiro era uma boa ajuda, ele sabia que aquilo não era o certo e a decisão dele, baseada no que tinha de valores, trilhou o seu caminho a partir daquele momento: ele foi até o responsável, o qual ele chamava de tenente, e explicou que deveria ter havido um engano, pois, aquele valor era, 3 vezes mais o que ele recebia.

Segundo ele, o tenente sorriu, e em poucos dias, o chamou e mandou que escrevesse seu nome em um papel. Meu pai escreveu e “apesar da letra feia por estar sentando alicerce”, como dizia meu pai, o tenente o convidou para ser “brigadiano”. A partir daquele dia, a história dele mudaria um pouquinho, pois seria o único da família com um emprego reconhecido, com um certo “status”.

Meu pai foi reconhecido, pelos seus serviços durante seu tempo na família brigadiana: foi presenteado com troféu e medalha de honra ao mérito, entregues pelo governador do estado (um baita feito, para o antes retirante), pelos seus serviços prestado a BM e por nunca, em todo o seu tempo de polícia militar, ter sofrido uma advertência de um superior, uma queixa de civil, nada!

A cada eleição que tinha meu pai ponderava os candidatos, falava sobre seus feitos e sobre as promessas. Meu pai fazia o que a gente faz hoje: “tenta achar o menos pior”. Lembro que meu pai nunca votava no partido, mas sim na pessoa, tentando fazer pelo melhor.

Meu pai nunca teve problema em votar no PT quando achava que isso era positivo. Assim como nunca teve problema em votar na direita quando achava que essa seria a melhor escolha.

Talvez você esteja se perguntando. Onde ela quer chegar?

Meu pai foi um militar o mais honesto que eu conheci. Eu sou uma admiradora da polícia (queria ser militar, mas minha altura não cooperou). Minha filha quer ser militar, porém, a pessoa que está à frente do executivo federal, não representa o conceito que eu conheço por militar: honra, honestidade, família, lealdade, etc.

Meu texto vem dizer para você, caro leitor, que esse ser humano perturbado, irônico, que desmerece a fome do pobre, a dor do pobre, não é a identidade de um militar (pesquisem a história dele no exército!).

Alguém leu sobre a major de Porto Alegre que profissionaliza os presos das cadeias? Isso é ser militar! (vide: https://ocorreio.com.br/pm-cachoeirense-e-a-primeira-mulher-a-assumir-o-comando-do-presidio-central/)

O Brasil precisa sim de ordem, respeito, cuidado com a casa comum e com o outro, mas essa ânsia de buscar o perfil ideal de um “messias”, precisa ser revista.

Pense um pouco: estamos prestes a uma guerra civil motivada por uma pessoa doente. Você realmente acha que o fanatismo resolverá os problemas do Brasil?

Ah, e antes que digam que eu sou petista, não sou nem um pouco! Existe vida inteligente além dessa disputa!

Autora: Daiane Panosso

Edição: Alex Rosset

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