A história, a lenda, a fábula, o mito, a parábola são métodos pedagógicos excelentes e desempenham papel relevante para o esclarecimento e o aprendizado de crianças e jovens por ajudar a desenvolver a dimensão emocional, moral, espiritual e intelectual da inteligência deles.
A história, entre os gêneros literários, é a forma mais rica e de mais fácil compreensão tanto para crianças, jovens e adultos. A criança tem grande interesse pelo mundo encantado do faz-de-conta, da imaginação, da fantasia que explore a emoção e o sentimento.
A história, a lenda, a fábula, o mito, a parábola são métodos pedagógicos excelentes e desempenham papel relevante para o esclarecimento e o aprendizado de crianças e jovens por ajudar a desenvolver a dimensão emocional, moral, espiritual e intelectual da inteligência deles.
A boa história instrui e edifica o leitor ou ouvinte, além de recrear, desvia os maus pensamentos e prepara-os para atividades sadias. Situações comovedoras, surpresas, curiosidades sadias apresentam atração, interesse e estimulam a inteligência, provocam reflexão, cultivam a memória, atingem a sensibilidade, a imaginação e o interesse pela leitura.
Ao longo da caminhada evolutiva da humanidade, encontramos importantes contadores de histórias, entre os quais destacamos Jesus, com suas parábolas fugindo da linguagem convencional, rebuscada, filosófica ou excessivamente racional.
A pessoa que se propõe a contar uma história deve conhecê-la bem, saber todos os detalhes e levar em conta os seus elementos essenciais: a introdução do assunto, o enredo, o clímax e a conclusão.
A introdução da história deve ser curta e despertar o interesse do ouvinte; neste momento será apresentado o foco da narrativa, situando o assunto no tempo e espaço e apresentando os principais personagens. O enredo é a ação que se segue, o desenrolar dos fatos, a ação dos personagens, os eventos devem seguir-se em sequência lógica, cada um deve ter uma significação cada vez mais intensa até atingir o clímax da história e chegar à conclusão, o ponto culminante, com expectativa máxima do ouvinte, momento rápido e chegar e dar uma satisfação à expectativa do ouvinte sobre o que acontece com os personagens principais.
A introdução da história é curta, o enredo mais longo e movimentado com os fatos que devem ter unidade entre si e que prendam a atenção. A linguagem utilizada pelo narrador precisa ser simples, correta e adequada às condições do ouvinte.
Há condições prévias a serem observadas pelo contador de histórias, como a análise cuidadosa da história, levando em consideração o assunto que ela trata e a parte técnica. Ele necessita conhecê-la bem, saber a sequência dos episódios que ela contém e emocionar-se com o enredo. Para tal, fará a narrativa para si, primeiro em silêncio, depois em voz alta, ao exercitar-se colocar-se, usando a imaginação, empaticamente no lugar do ouvinte e emocionar-se como o enredo.
Preparar-se para provocar no expectador a surpresa, o riso, as lágrimas, o medo, a admiração, a alegria e a reflexão sobre as peripécias narradas. Questionar-se: O que eu vou fazer na performance para despertar estas emoções nos outros?
Narrar os eventos da história com naturalidade, com segurança demonstrando o domínio dos pormenores do texto com voz agradável, modulando-a de acordo com o que está sendo narrado. Dispensar atenção a todos, dirigindo o olhar aos presentes.
O olhar expressa uma linguagem inarticulada analisando a reação fisionômica da plateia, de forma individual e coletiva, simultaneamente. Olho nos olhos. A sequência rítmica vai se alterando conforme o clima emocional que o texto exija, sem este artifício a narrativa fica monótona, sem vida. Há pontos psicológicos na história que vale a pena fazer pequena pausa, que vai provocar atitude de ansiedade pelo que segue. É recurso ótimo de arte pois permite o descanso entre uma emoção e outra, estabelecendo equilíbrio entre elas.
As pausas no momento certo são instigantes, o ouvinte também prende o fôlego e o narrador dá um tempo para ele respirar e pensar no que está acontecendo, construir a imagem mental da cena descrita, rica de imaginação e de emoção vibrante.
O narrador e o ouvinte precisam envolver-se emocionalmente com a história demonstrar as emoções básicas: alegria, tristeza, medo, afeto e raiva, conforme as situações vividas pelos personagens. Quem conta, precisa fazer o outro acreditar no que ele está contando como se ele fosse testemunha ocular do acontecimento narrado. Ele não fala impávido, o corpo deve acompanhar a voz no que está sendo contado, todo corpo fala junto, o tronco, os braços, as mãos, os dedos, a postura dos ombros, o movimento da cabeça, a expressão facial e dos olhos com gestos leves, comedidos e apropriados.
A voz é um prolongamento do corpo, com ela se pode envolver o ouvinte, tocá-lo, tatear, abraçar, afagar, retrair. O timbre, a altura, o ritmo e a intensidade da voz é que vão dar luz e fazer brilhar a história.
As histórias podem ser lidas ou contadas. O narrador pode utilizar o recurso da leitura da história, de grande valor educativo pois enriquece a linguagem e estimula à leitura, mas ela de ser bem lida, com gestos e olhar adequados. Para tal é necessária uma acurada preparação prévia.
O livro de onde é extraída a leitura representa para o ouvinte infantil um baú mágico, com aventuras e surpresas. A história contada pelo narrador é a forma de apresentação preferida pois é acessível a qualquer auditório e proporciona maior aproximação entre o narrador e o ouvinte. O narrador tem mais facilidade de observar as reações dos ouvintes e utilizar mais recursos de expressão.
Ao escolher a história a ser contada, o narrador deve considerar o interesse e a capacidade de compreensão do público a que se destina. Levar sempre em consideração que é preciso muito exercício e esforço para aprender todos os desafios que envolvem uma contação de histórias.
A contação de história ou a sua leitura para crianças e jovens proporciona ao adulto uma sensação muito agradável pois ajuda-o a equilibrar-se, desenvolvendo a criatividade, a linguagem, o raciocínio e a memória, descarregando emoções e sentimentos do inconsciente desde a fase fetal ou infanto-juvenil abrindo canais de extravasamento destas energias. Ele pode reencontrar a criança perdida dentro de si.
O momento da contação de história é sublime, os sentimentos e emoções falam mais alto do que a razão e a lógica e propicia a semeadura de valores morais. O contador de boas histórias é o semeador que saiu a lançar a semente do bem no solo fértil da mente infanto-juvenil. Estas sementes se multiplicarão dando algumas “cem por uma, outras sessenta e outras trinta.” (Mateus, 13: 1 a 9).
Autora: Gladis Pedersen de Oliveira – autora do livro: A Literatura e a Magia da Arte de Contar Histórias – Olsen Editora – Porto Alegre – 2013