Foi quebrada a divisão de funções entre
acusador e julgador, desrespeitaram-se
cláusulas pétreas da Constituição.
A “limpeza política” que o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol sempre preconizaram para o país, com a postura de “heróis” da ética e do combate à corrupção, na verdade escondeu o jogo que promoveram para beneficiar o capitalismo financeiro internacional e nacional ávido por “privatizar” a riqueza social em seu bolso.
Destruir a Petrobrás, a mando da elite do atraso, significou empobrecer o país inteiro de um recurso fundamental, levando à destruição de qualquer estratégia de reerguimento internacional do país, em troca da recuperação de recursos ridículos de tão pequenos.
A tese do Estado e da política corrupta serve para que se repassem empresas estatais e nossas riquezas do subsolo a baixo custo para nacionais e estrangeiros, que se apropriam privadamente da riqueza que deveria ser de todos.
Essa é a corrupção real, como alerta o sociólogo Jessé Souza. Uma corrupção legitimada e tornada invisível, por uma leitura distorcida e superficial de como a sociedade e seus mecanismos de poder funcionam.
O “modus operandi”, do ex-juiz e do procurador, agora veio à tona, graças ao site The Intercept Brasil. Em um dos diálogos revelados, Dallagnol diz claramente: “ A Lava Jato é contra a corrupção, seja de quem ela for. Vamos organizar congressos e eventos e lucrar, ok? Bom jeito de aproveitar nosso networking e visibilidade”. Claros planos de enriquecimento pessoal do procurador. Uau!!
Para o doutor em direito e professor da USP, Conrado H. Mendes, “a fronteira entre a corrupção criminosa e a corrupção normalizada depende de onde o corrupto se encontra no edifício do poder. A sociologia nos explica que o lugar mais confortável para corromper sem medo é o da autoridade que interpreta e aplica a lei”.
STF e democracia. Assista!
Até porque esta tem o poder de legalizar a corrupção para benefício próprio e blindar-se de seu controle. A corrupção do judiciário se autolegalizou. Simples assim.
A magistocracia, segundo o professor da USP, “tem o dom do ‘fiat lex’ (faça-se a lei): pode ter empresa de ensino, mesmo que a Constituição proíba; pode dar palestra remunerada e manter valor sob sigilo mesmo que a Carta exija publicidade; pode usar esposa e familiares como testas de ferro de sua empresa de palestras; pode falar fora dos autos sobre casos quaisquer mesmo que a Lei Orgânica e o Código de Ética da Magistratura não permitam”.
Ironicamente, em nome do combate à corrupção, mergulhou-se no populismo judicial, manipulando a opinião pública por meio de vazamentos sintonizados no calendário eleitoral. Mais. Foi quebrada a divisão de funções entre acusador e julgador, desrespeitou-se cláusulas pétreas da Constituição, etc.
Felizmente, a imprensa, através do jornalista Glenn Greenwald, revelou o verdadeiro caráter dos festejados “justiceiros do bem”, que gozavam da presunção absoluta da legalidade. Que eram vistos, e ainda são por parte da opinião pública, como símbolos incorruptíveis de moralidade e ética.
Conheça jornalista Glenn Greenwald de um jeito um pouco diferente, em entrevista anterior às repercussões das sobre as revelações do Intercept Brasil.
Na verdade, Sérgio Moro e Deltan Dallagnol promoveram um contrabando da legalidade dentro da normalidade de condutas promíscuas. Graças a eles, a Lava Jato está desmoralizada.