Nasceu à margem
E nela ficou.
Cresceu à margem
E, à margem do rio, corria.
Não eram as margens plácidas do Ipiranga.
E, se o fossem, diferença não faria.
Ia e vinha, à margem.
Andava à margem,
Mesmo quando do rio se afastava.
Não só morava à margem.
A margem morava nele.
Nele e em outros tantos…
Meu Deus, quantos?!
Quanto por cento da população está à margem?
Não sei.
Meu Deus, são tantas as margens!
E de tantos tipos!
Não há pesquisas confiáveis a respeito.
Há respeito? E confiança?
Pesquisas até existem.
E, nos resultados, sempre a tal “margem de erro”
De dois pontos percentuais para mais ou para menos,
Não importa.
Minto.
Importa sim,
Importa muito.
Importa tanto
Que, quando quem está à margem
Se exporta,
Há sempre alguém que lhe fecha a porta
E o deporta
À margem que o pariu.
Autora: Roseméri Lorenz, mestre e doutora em Letras pela UPF- RS. Atua como professora de Língua Portuguesa e Literatura nos ensinos médio e superior. E-mail: rosemerilorenz1@gmail.com Também escreveu e publicou no site “Decepção pronominal”: www.neipies.com/decepcao-pronominal/
Edição: A. R.
A Roseméri, além de ótima poetisa (revelada somente agora, para mim), é um dos seres humanos mais incríveis dentre todos que povoaram meus dias, minha existência.
Como aluna, foi luzidia sempre; como parceira de trabalho, brilhante o tempo todo.
Lê-la, Nei Pies, fez-me muito bem e deixou-me muitíssimo feliz.
Parabéns e obrigado!
Belíssima poesia! Parabéns, Roseméri 🌻 Breve e profundo!
🥰
Obrigada, amiga! Pode usá-lo em suas aulas, sim. Sinto-me honrada. Um grande abraço.
Parabéns amiga!!!
Amei!!!
Você autoriza que eu use em minhas aulas?