A polêmica reforma da previdência

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O que se espera para um tema de tal impacto,
que vai mexer com a vida de milhões de brasileiros, é transparência.
Até para que sejamos convencidos da real necessidade da mesma.

Todos  aqueles  que conhecem a nova  realidade  estrutural  das relações de  trabalho  que  vem se consolidando  nos últimos anos  entre nós  e pelo  mundo afora,  em função da automação da economia compartilhada, sabem  da necessidade de uma mudança no sistema previdenciário.

Na   indústria, na tecnologia e no mercado de   trabalho, as transformações  são  palpáveis, exigindo  uma inevitável  mudança no contrato ou pacto social.  Isto   hoje   abrange   todos os países e sistemas econômicos-sociais.

Os economistas mostram que no Brasil isto se faz   ainda mais urgente, diante   de um quadro   de rápidas e intensas  transformações do emprego  formal para trabalho independente. 

Hoje   é  expressivo  e crescente o grupo  que prefere  ser autônomo e microempreendedor, ao invés de assalariado.

Com isto, o padrão da   Previdência   fica prejudicado  e a tendência  é piorar, não apenas  pelo crescente  trabalho independente  como também  em função da maciça  destruição do emprego  que virá  em consequência  da automação  fabril e dos  serviços, os maiores  contribuintes  da  Previdência Social.

Hoje, entre nós, segundo  o  IBGE, o contingente  de  trabalhadores  fora  do sistema pleno de proteção social  é superior à metade  do total. Com carteira do trabalho   assinada são   apenas 38,9% dos trabalhadores.

Há no  Brasil   uma grande massa  de  trabalhadores  que preferem  receber  mais como autônomos, sem benefícios  trabalhistas  e com impostos  mais baixos. Os que  optam  por carteira do trabalho  assinada,  com benefícios  trabalhistas  e pagando mais impostos, representam  uma minoria.

Diante deste quadro, a sustentabilidade  do sistema  previdenciário  tende  a ficar  crítica. É preciso lembrar, igualmente, o quão devastadora  foi a  mudança  introduzida no sistema  em  1988.

A participação relativa dos que recebem três pisos previdenciários  quase quadruplicou, enquanto a daqueles  com renda  superior  a dez pisos  caiu drasticamente, de  31,5%  dos contribuintes  para  2,4% do total, entre  1988 e  2017.

Diante deste  contexto, apresentado pelo economista Carlos  Drumond, no artigo  O perigo  de um tropeço (CartaCapital,17/4/2019), a conclusão é de que a  mudança  se  faz  necessária.   Entretanto, indago   aos meus fiéis  botões, sobre  a razão  de o governo esconder  dados que embasam a Reforma.

O que se espera para um tema de tal impacto, que vai mexer com a vida de milhões  de  brasileiros, é  transparência. Até para que sejamos convencidos  da real necessidade da mesma.

O governo nos pede  para  trabalhar mais  anos  e ganhar menos  como aposentados, mas  se nega  a revelar  os elementos  supostamente  comprobatórios  da necessidade do seu plano.  Por que esta estranha e ilegal postura?

Mais. O combate à  sonegação  não seria a alternativa  viável às políticas  de austeridade  econômica, dispensando  especialmente a reforma  da Previdência?

Tenho certeza que, se fossem resgatados os milhões e milhões de reais que anualmente os  grandes  bancos, os fundos de investimentos, as  grandes fortunas  e as  empresas  deixam de  recolher  ao  INSS, tornaria supérflua  uma reforma  da  Previdência  e haveria  fundos  para a  saúde, a  educação, a cultura  e a inovação tecnológica.



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