O grande desafio atual é nos libertarmos da dependência do mundo virtual e ilusório das máquinas mágicas que, em alguns casos são úteis e indispensáveis, mas que nos distraem e nos desconectam do mundo real. É urgente voltar a viver o dia a dia de forma natural, real.
Somos todos, que compõem a humanidade, filhos da Terra, ela é a nossa mãe dadivosa e boa que nos oferece doações sem limites. Bem trabalhada e cuidada, ela transforma em alimento tudo que seus filhos precisam. É um laboratório divino.
O nosso convívio equilibrado com os outros seres vivos proporciona a manifestação e continuidade da vida plena. Ela sempre foi capaz de gerar alimento abundante para a manutenção de seus habitantes tanto do reino mineral, vegetal e animal. A Terra é naturalmente preservadora e mantenedora da vida.
A vida, sopro divino, é encontrada no ar, nas águas, nos raios do Sol, no solo, na relva, nas árvores, nas montanhas, nos animais, no nosso corpo físico. A Natureza está sempre presente em nossas vidas. A Terra é uma bateria gigantesca que se desloca no cosmos equilibradamente.
Nas páginas vivas do livro da Natureza, aberto à nossa frente, bastando acessá-lo com a visão, o olfato, a audição, o tato ou a gustação, observá-lo conscientemente, racionalmente, percebermos a grandiosidade da vida que temos a nossa volta e da qual somos parte integrante. Esta constatação vai nos proporcionar fonte de equilíbrio emocional e físico.
A observação dos fenômenos naturais como: nascer e pôr do Sol, as aves voando, as flores e seus perfumes, as árvores, as nuvens, o céu noturno estimula a elaboração de bons pensamentos, da razão ativa, da consciência participativa, da vontade de fazer boas coisas e de nos sentirmos plenos.
A comparação interativa entre nós e o meio natural em que vivemos ajuda a nos autoconhecer e proporciona processo de identificação com a divindade, promovendo o sentimento de pertencimento a esta criação transcendental e de inteireza e plenitude com tudo que nos cerca, dando sentido a nossa vida. O Sol, a fonte, a árvore, as pedras, as flores, a brisa, não falam, irradiam a luz, a harmonia, a beleza, o som, o perfume, comunicam-se silenciosamente, falando a nossa alma sobre as realidades sublimes que nos cercam.
Temos que parar, silenciar, respirar fundo, sentir a natureza que nos cerca. Observar atentamente os elementos que a compõem. Quanta lição vamos encontrar.
O ar atmosférico, indispensável à vida, quando seco e limpo, é composto de 21% de oxigênio, 78% de nitrogênio, 1% de argônio, 0,03% de carbono e vapor de água. Encontram-se, também, poluentes, poeiras, cinzas, microrganismos e pólen.
O oxigênio presente no ar atmosférico é de grande importância para a manutenção da vida no planeta, é o gás utilizado na respiração de todos os seres vivos. Ele sopra e viceja em torno da Terra. Nós começamos a respirá-lo ao nascer e essa assistência vai até o último dia de nossa vida na Terra, quando paramos de respirar.
O ar é a força renovadora, cheia de vitalidade que nos doa, ao respirarmos, a energia que necessitamos para nos manter vivos. O ar dá vida às plantas, pois elas também respiram e transformam, perante a luz do Sol, no processo de fotossíntese, o gás carbônico que expiramos em oxigênio, purificando o ar poluído pelos seres humanos.
A fragrância do vento que corre, tudo limpa, o sopro forte do ar empurra as nuvens carregadas de água que acabam desaguando sobre a terra árida, nutrindo-a. O corpo humano precisa respirar o ar da mãe Terra para sobreviver e o espírito precisa respirar o ar rarefeito transcendental que vem de Deus, que é o alimento da alma. Precisamos do pão que nutre o corpo, mas, também do alimento que nutre a alma.
A água é o sangue vivo que circula no planeta. Duas partes da Terra estão debaixo das águas. Nas águas dos mares está o marco do princípio da vida, elas são laboratórios imensuráveis de fenômenos surpreendentes para a Ciência. No contato com a água, o ser humano tem sensação de bem-estar, pois ela é doadora de energia e é imprescindível à vida dos seres vivos. Ao bebermos um copo de água fresca, estamos ingerindo o elixir da vida, a melhor bebida que existe na Terra, indispensável à manutenção da saúde física.
Mais de 70% do corpo humano é composto de água. Ela representa 60% do peso total do corpo. No período da gestação, o feto fica imerso do líquido amniótico dentro da placenta, até o nascimento. Não existe vida sem água. Das fontes divinas fluem as águas que saciam as fontes do planeta Terra que caem do céu como benditas gotas de chuva mantendo o vigor da vida no solo.
O solo do planeta é o resultado de paciente trabalho da natureza, partículas minerais e orgânicas vão sendo depositadas em camadas devido a ação da chuva, do vento, do calor, do frio e de organismos vivos como minhocas, formigas, cupins e outros micro-organismos. Ele é tão importante quanto o ar, a água, o sol e fundamental para o ecossistema terrestre, pois, além de fixar as plantas, como meio natural, ele oferece os nutrientes básicos para elas crescerem. Serve também de base para as construções humanas.
A mãe Terra, que nos acolhe na nossa atual experiência, nos fornece os elementos básicos para a formação do nosso corpo físico, disponibiliza os recursos naturais que precisamos para sobreviver e que, depois guarda no seu seio os restos mortais do mesmo quando nosso espírito se liberta, representa escola bendita que busca nos ensinar a aprender, conhecer, a conviver com os outros e interagir com a natureza, despertando nossa autoconsciência.
A natureza, da qual somos parte integrante, age em rede de entrelaçamento para manter a vida organizada com o sol, o ar, a água, o solo. O sol, fonte de luz, calor e energia; o ar atmosférico que promove o sopro renovador da vida; a água, fonte da vida; o solo, base da vida. De Deus recebemos a vida espiritual, o amor e a sabedoria.
O grande desafio atual é nos libertarmos da dependência do mundo virtual e ilusório das máquinas mágicas que, em alguns casos são úteis e indispensáveis, mas que nos distraem e nos desconectam do mundo real. É urgente voltar a viver o dia a dia de forma natural, real.
Recuperar a curiosidade sadia da infância e saciá-la na busca de respostas sobre o significado mais profundo da vida, junto à natureza e no contato pessoal com o outro, sem a intermediação do aparelho celular, na convivência olho no olho, no ouvir a voz e olhar o rosto, apertar a mão, dar o abraço…. Voltar a explorar os recursos naturais a nossa disposição e sentir a vida estuante que nos cerca.
Precisamos nos libertar das atividades escolares exclusivamente dentro das quatro paredes da sala de aula. Quando possível, aula ao ar livre, embaixo da sombra de uma árvore, na horta da escola, embaixo dos raios solares, sentindo a brisa do vento, promovendo acurada observação, por parte dos alunos, de algum ângulo da natureza. É preciso aprender a olhar, descobrir, fixar a atenção.
O pensamento é valorizado pela observação e pela comparação entre duas ou mais constatações de fenômenos naturais. Aprender a sentir, a expressar as emoções que a observação da natureza oferece, valorizar tudo o que está a volta ajuda a ativar o campo perceptivo do aluno.
Este tipo de vivência representa ensaio para leitura do livro aberto da natureza associado às emoções e sentimentos. Sentir o calor do sol, a frescura da brisa, olhar o céu, as nuvens, ouvir o canto dos pássaros, tatear o troco de uma árvore, abraça-la, verbalizar no grupo as constatações pessoais feitas no laboratório vivo da natureza ajuda a desenvolver visão mais plena do sentido da vida.
Atividades planejadas adequadamente, de forma multidisciplinar e interdisciplinar, enriquecem o processo ensino aprendizagem na escola. Encontramos, na Base Nacional Curricular Comum, entre as competências do Ensino Religioso que o aluno deve: “Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da natureza enquanto expressão de valor da vida. ”
A escola, no nosso entendimento, templo do saber, deve buscar oferecer experiências de aprendizagem que contribuam para a formação de pessoas capazes de compreender o mundo e agir de forma consciente e crítica, que tenham a capacidade de ler e interpretar os saberes que estão à disposição no mundo complexo que vivemos, especialmente em relação à educação ambiental. O aluno deverá ser estimulado, provocado a “ler” seu ambiente natural e interpretar as relações e os conflitos que fazem parte deste contexto, formando uma cidadania ambiental e um sujeito ecológico.
A escola é o local onde a criança e o jovem vão desenvolver as habilidades socioemocionais com vistas a construir sua cidadania, percebendo-se como ser integrante pleno de um Estado, com seus direitos e deveres civis e políticos, como um membro ativo da Sociedade”. Leia mais: https://www.neipies.com/a-escola-templo-do-saber/
O educador, na escola é, por natureza do ofício que exerce, quem conduz o aluno a interpretar e compreender o mundo natural e social que o cerca, é o mediador e provocador de reflexões que provoquem novas leituras da vida, de visões e compreensões do mundo que no acolhe e da responsabilidade pessoal de ação sobre este mundo, como seres humanos, históricos e sociais.
A compreensão dos problemas socioambientais envolve múltiplas dimensões na escola: geográfica, biológica, histórica, social e espiritual.
A professora Alzira B.F. Amui, no livro Fundamentos Educacionais para a Escola do Espírito, da editora Esperança e Caridade, coloca, na página 138:
“Compreender a vida, a partir da natureza, estabelece, na intimidade do ser, outros parâmetros em relação a tudo que o envolve, especialmente, quando passa a sentir e perceber o valor inestimável de uma educação que lhe propicia o equilíbrio e a harmonia íntima. Valorizando, de forma diferente, tudo o que está a sua volta, o aluno torna-se um ser cada vez mais reflexivo e participativo da natureza em que está inserido. Com esta educação, tornar-se-á um jovem tranquilo e sereno, sequioso de saber e pleno de respeito pelas coisas divinas. ”
Autora: Gladis Pedersen de Oliveira