A velha política

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Velha ou nova política no Brasil?
O que o novo tem de velho e o velho tem de novo?

A ideia da “república democrática” é uma das tantas contribuições da Revolução Francesa. Os revolucionários de 1789 pretendiam transformar o homem e a sociedade através da política republicana, caracterizada pela busca do consenso, da negociação, do respeito ao jogo eleitoral.

Também da temperança, da consolidação do princípio majoritário e da proteção das minorias. Enfim, consagrava o exercício da política para produzir uma sociedade civilizada.

No Brasil dos últimos 4 anos, estamos assistindo ao renascimento do autoritarismo em que se nega espaços à política e, em seu lugar, é colocada a manipulação da voz das ruas, clamando por “vingança” e não por “justiça”.

Os primeiros 11 artigos da Carta de 1988 que tratam dos Princípios e Direitos Fundamentais, estão sendo solenemente esquecidos e desprezados. Eles nos remetem às instituições que, consolidadas, produzirão uma sociedade civilizada.

Entretanto, para os segmentos reacionários da extrema-direita, me parece, tais princípios estariam dentro do que chamam de “velha política” que deve ser revista ou eliminada em nome de uma “nova ordem”.

A velha política defende que a melhor sociedade é a pluralista – que tenha vários e diversos centros de poderes, mesmo que conflitantes. Entende a democracia como o reino do diálogo e do compromisso.

Velha política que sustenta o processo eleitoral não como critério de razão, mas de legitimidade. Que, com profunda sensibilidade pelo seu significado, não aceita que símbolos religiosos sejam instrumentalizados em favor de uma ordem vinda do além – nem de Jesus encontrado na goiabeira, nem de pastores engordando o bolso com falsos milagres e galgando postos na política.

Velha política onde juiz não pode ter lado, salvo o da verdade. Que vê na corrupção algo a ser combatido. Mas garantir o processo legal também. Velha política que não tolera um presidente medíocre, cercado de medíocres, fazendo um governo medíocre.

Velha política que insiste em defender o meio ambiente em um país que consome 20% dos herbicidas do planeta e praticamente aboliu os mecanismos de controle e inspeção, e, onde a ministra da Agricultura, ostenta o constrangedor apelido de “musa do veneno”.

Velha política que defende um fim de vida digno para os idosos e não vendê-los para o sistema financeiro, como almeja o governo Bolsonaro.

Velha política que se recusa a aceitar e organizar a vida social, segundo um plano unitário. Ao contrário, vê com bons olhos a diversidade, a dissidência e a pluralidade. A extrema-direita gritará histéria, isto é balbúrdia!!!

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