Na primeira matéria da Série Destaques Protagonistas da Educação,
Graziela Bergonsi Tussi revela um pouco de sua história,
do seu compromisso com o conhecimento e de sua fascinação
em conhecer o mundo viajando e conhecendo pessoas de
diferentes culturas e etnias com o intuito de dividir
este conhecimento com seus alunos.
Graziela Bergonsi Tussi é professora da rede municipal e particular de Passo Fundo, dançarina em um grupo de danças folclóricas.
Formada em Geografia e apaixonada por idiomas (já estudou inglês, alemão e espanhol, idioma na qual atua como professora em uma escola de língua e cultura), demonstra apreço e fascinação por culturas dos diferentes povos, a partir dos estudos em Geografia e de suas viagens a diferentes países, em busca de conhecimento.
Suas viagens, programadas para o período de recesso escolar ou de férias, são uma grande fonte de ensinamento no retorno de suas aulas, junto aos alunos das séries finais do Ensino Fundamental.
Ela usa sua experiência de conhecimento e convivência com outros povos e culturas para envolver seus alunos nesta fantástica aventura de desbravar o mundo, conhecendo e reconhecendo as “diferentes gentes” que o habitam.
Neste bate papo, Graziela, ou prô Grazi, vai revelar um pouco de sua história, do seu compromisso com o conhecimento e de sua fascinação em conhecer o mundo viajando e conhecendo pessoas de diferentes culturas e etnias.
Professora Graziela, quando e porque surgiu este seu desejo de conhecer o mundo, através de viagens, com o propósito de conhecer diferentes culturas?
Sempre tive vontade de conhecer o mundo, desde criança sou muito curiosa, e meus pais sempre alimentaram isso em mim. Mas em 2009 tive a oportunidade de apresentar um trabalho no Encontro de Geógrafos da América Latina, em Montevidéu, Uruguai. E quando cheguei lá, percebi que meu lugar era no mundo.
Quantos países você já conheceu? Pode citá-los?
Conheci 9 países: Uruguai, Argentina, Peru, Panamá, México, Canadá, Alemanha, França e Holanda.
Fale para a gente das experiências mais marcantes.
Ver onde era o Muro de Berlim, na Alemanha, conhecer as Cataratas do Niágara, no Canadá e conhecer as três regiões do Peru (costa, serra e selva) através de uma rota não turística, podendo vivenciar como é o cotidiano daquele povo maravilhoso.
Conte para a gente como a dança entrou na sua vida e como esta está relacionada com a forma de conhecer diferentes países do mundo?
Foi algo inesperado. Fui voluntária do Festival Internacional de Folclore em agosto de 2016, do grupo do Peru. Ficamos muito amigos e eles me incentivaram muito a dançar, me diziam que a dança abria portas, e eu já havia dançado na invernada da escola, quando era mais nova. A vontade estava lá, escondida, e eles reacenderam isso em mim.
Entrei no Grupo de Danças Folclóricas da Universidade de Passo Fundo em setembro do mesmo ano, e em janeiro de 2017 fui visitá-los no Peru, foi inesquecível. Em julho do ano passado fomos num Festival de Folclore no México com o grupo da UPF, representando nosso país, juntamente com a Catalunha e a Colômbia. É maravilhoso fazer parte de tudo isso.
Como usas o conhecimento e a experiência adquiridos durante suas viagens, em suas aulas com estudantes das séries finais do Ensino Fundamental? Como os alunos recebem estas informações?
Procuro sempre exemplificar as aulas que dou com as situações que eu vivi. Eventualmente trabalho algum vídeo ou imagem, além dos mapas que coleciono por onde passo.
Como trabalho com duas realidades bem diferentes (da escola pública e da escola privada), aprendo muito e “troco figurinha” com a vivência dos alunos do ensino privado. Por outro lado, procuro sempre incentivar meus alunos da escola pública a estudarem e serem curiosos, pois vim de uma família que sempre apoiou o estudo, mas não tinha como financiar minhas viagens. Mostro a eles que é possível sim melhorar nosso futuro, é só querer e buscar.
Como vês a educação no Brasil e a educação de países que visitastes?
Penso que somos muito próximos no quesito educação básica, no que se refere a estrutura curricular da maioria das escolas, principalmente das públicas. Na América Latina é visível a preocupação com salário e valorização da educação, da mesma forma que aqui.
Na Alemanha visitei uma escola secundária, que tem exatamente a mesma estrutura que as nossas. Qual é a grande diferença? Eles investem na formação do professor, que tem sua carga horária cumprida na escola, e que faz todo seu trabalho na escola, pois tem tempo e espaço para isso. Além disso, o professor é uma das profissões mais valorizadas lá, sendo que só os melhores alunos das escolas podem concorrer a uma vaga de licenciatura.
Indicarias esta estratégia de conhecimento (intercâmbios e viagens), a outros professores ou professoras de geografia? Por quê?
Com certeza. Sei de todas as dificuldades que temos financeiramente sendo professores, mas o ganho que temos de ver “in loco” aquilo que sempre vimos na teoria, é gratificante. Seja para passeio, apresentação de trabalho ou intercâmbio de idiomas, viajar dá sentido ao estudo da Geografia.
Qual é a importância de realizar viagens de estudos com os estudantes, visitando locais onde se encontram pedras preciosas e águas termais?
Nas escolas onde trabalho, fazemos projetos que falam sobre os temas. Nunca saio com alunos para viagem de estudos sem um roteiro. E sempre trabalho em equipe, com professores de outras disciplinas.
Estudar a estrutura de uma rocha, como ela se transforma em algo de valor econômico, como é a transformação de uma pedra bruta para uma joia, por exemplo, pode ser trabalhado em sala de aula, tanto em ciências quanto em geografia, mas se podemos ir até uma indústria de transformação de pedras, porque não?
Da mesma maneira a água termal. Trabalhamos a água, desde sua nascente até a poluição, e a água termal, que faz parte do nosso lazer, também é importante. Pensando nisso, fazer uma viagem de estudo que concilie com lazer, é fazer com que o aluno perceba que ele pode estudar se divertindo. Sempre que vamos a um parque de águas termais, assistimos palestras e estudamos em sala de aula suas propriedades medicinais e também a importância econômica do lugar visitado para a região.
O que mais te realiza na profissão?
Saber que quase sempre tenho alunos curiosos como eu em relação ao mundo e à cultura.
Defina-se com uma frase.
“Para viajar basta existir”. (Fernando Pessoa)