As frustrações podem ser altamente educativas, pois nos ajudam a compreender nossas fragilidades, nossa ignorância, nossa finitude. A prepotência e arrogância são o lado oposto de quem não quer admitir as frustrações e as fragilidades.
A frustração é um sentimento corriqueiro na vida das pessoas. Quem já não se frustrou com a expectativa de alguma coisa, com a concretização de um sonho, com a não realização de um projeto, com o fracasso de um empreendimento, com o comportamento de alguém próximo.
O campo da frustração é amplo e vasto: vai de um simples acontecimento banal do cotidiano (machucar um dedo e não poder jogar uma partida de futebol no final de semana) até questões existenciais profundas (a morte prematura de uma pessoa próxima). Mas, no fundo, a estrutura fundamental é a mesma: o choque entre um desejo e uma realidade imutável.
Os choques se iniciam desde nossa infância, quando nos damos conta de que as fontes de nossa satisfação estão para além do nosso controle e, portanto, o mundo não se ajusta aos nossos desejos e caprichos. Ainda bem, pois se isso acontecesse, o planeta inteiro em apuros e viveríamos a eminência do caos.
Já pensou a concretização da realização do sonho de consumo dos mais de 7 bilhões de habitantes do planeta?
Sêneca, um dos mais importantes pensadores da tradição estoica, ressaltava em seus ensinamentos que só atingimos a sabedoria plena quando aprendemos a não agravar a inflexibilidade do mundo com nossas reações, nossos ataques de raiva, autopiedade, ansiedade, amargura e hipocrisia. Para ele, suportamos melhor as frustrações quando nos preparamos e somos capazes de compreendê-las; e somos atingidos por elas quando não criamos expectativas para além daquilo que seria possível.
Para Sêneca, filosofia deve nos harmonizar com as reais dimensões da realidade, e assim nos preparar para que nossos desejos batam com maior suavidade possível contra o muro inflexível da realidade. Assim, teremos maior controle diante das frustrações e podemos ter uma vida mais feliz.
Todos temos frustrações em alguma medida e isto não constitui um problema. A frustração se torna um problema quando culpamos os outros ou o mundo pelas nossas própria frustrações. Agindo dessa forma, ao contrário de aprendermos com nossas próprias frustrações, desenvolvemos sentimento de raiva, ira, inveja, amargura, rancor, ódio e tudo aquilo que nos destrói por dentro. Por aí entendemos porque o ódio está tão em emergência em nossos dias.
As frustrações podem ser altamente educativas, pois nos ajudam a compreender nossas fragilidades, nossa ignorância, nossa finitude. A prepotência e arrogância são o lado oposto de quem não quer admitir as frustrações e as fragilidades.
Muitos se escondem atrás do dinheiro, do poder e da truculência para disfarçar o medo e a angustia das próprias frustrações. E assim vive uma vida infeliz tentando convencer que o problema “são os outros”, o governo, o país, os pobres, os bandidos, os professores, o sistema financeiro e a lista poderia ser infinita.
Aprender com as frustrações pode ser altamente pedagógico. Ajudar nossos filhos, nossos alunos, nossas crianças e jovens a conviver com as pequenas frustrações cotidianas não constitui uma fraqueza, mas uma importante fortaleza para que tenham lucidez de que o mundo não é um conto de fadas, nem um oásis onde tudo pode ser comprado com dinheiro; o mundo poderá ser um lugar melhor se soubermos construir uma sociedade fraterna, justa e solidária de humanos, apesar das possíveis frustrações.
A ideia de esclarecimento está associada diretamente a ideia de autonomia. É esclarecida e autônoma a pessoa que é capaz de tomar as própria decisões, assumir a responsabilidade de suas escolhas e não culpar os outros pelas consequências provocadas pela sua decisão. Leia mais: https://www.neipies.com/educar-para-o-esclarecimento/
Autor: Dr. Altair Alberto Fávero
Boa colocação professor, frustrações, tristezas, dificuldades sempre vão existir e devemos encara-las e principalmente temos o dever de educar nossas crianças pra saber lidar com isso, porque infelizmente hoje nas escolas o que vemos são crianças e adolescentes frustrados, descontentes esperando o mundo perfeito sem sequer fazer um esforço pra isso acontecer.