A verdade é que as condições materiais, os fatos e a sensação
de segurança tem um grande apelo material e emocional.
Todos buscam segurança, temos necessidades físicas e subjetivas,
que se apresentam como condição garantidora da mesma.
Nas vésperas da eleição presidencial de 2018, o Brasil está vivendo uma mistura explosiva da mentira emotiva no contexto pós-verdade. Em sintonia com a definição do dicionário de Oxford pós-verdade é: “circunstâncias em que os factos objetivos têm menos influência na formação de opinião pública do que os apelos emocionais e as opiniões pessoais”.
Em outras palavras, pode ser dito que se trata de uma nova palavra, simbolizando um conceito que agrega a dimensão emocional, para um conceito antigo em que as relações entre emoção e a imaginação tem mais poder do que as relações entre os fatos concretos.
A pós-verdade de que a corrupção iria ser combatida, com a retirada de um partido político do poder e as condições de vida melhorariam moveu multidões em 2016, mas perdeu força em 2017.
Na medida em que o que está acontecendo se sobrepõe ao que foi prometido e esperado, novas promessas são construídas com o objetivo de fazer com que as mentiras continuem manipulando as multidões.
As opiniões, por exemplo, de que a vida estava melhorando com as mudanças, que incluíram o congelamento dos investimentos sociais e a reforma trabalhista foi desconstruída. O poder de convencimento dos benefícios da reforma da previdência e da prisão de um ex-presidente foram “constrangedoramente” desconstruídas em manifestações de em uma das maiores festa populares, que é o carnaval brasileiro.
Para manipular multidões, as técnicas de mentir e controlar as opiniões são aperfeiçoadas. Um aspecto central para a eficácia dessa estratégia é incluir uma porcentagem de verdade para que a mentira seja mais convincente.
Uma dificuldade está no descontrole da comunicação e da verificação, que precisam ser superada pela insistência na propagação da falsidade e na desqualificação de quem a contradiz. Além disso, quando uma promessa perde força, como é o caso da promessa vendida, como foi garantia de melhoria, a partir das mudanças de 2016, se faz necessário construir uma nova mentira que agrega componentes verídicos.
A verdade é que as condições materiais, os fatos e a sensação de segurança tem um grande apelo material e emocional. Todos buscam segurança, temos necessidades físicas e subjetivas, que se apresentam como condição garantidora da mesma.
Nesta edição do programa o tema é Segurança Pública e como a sensação de segurança influência no nosso dia a dia. O assunto é tema de uma pesquisa que está sendo desenvolvida pelo professor Erni Siebel da UFSC em parceria com professores da Unochapecó.
A promessa mentirosa, anunciada nos últimos dias (intervenção militar) é que a segurança será viabilizada pela guerra, com confronto armado, em contraposição ao entendimento de que o aumento da insegurança decorre da diminuição dos investimentos em educação, habitação e distribuição justa da renda.
O Sala Debate apontou os holofotes para a segurança pública, utilizando como pano de fundo as atitudes dos justiceiros. Você é a favor da justiça com as próprias mãos? Pra onde está caminhando a segurança pública do Brasil, um país que tem mais de 50 mil homicídios por ano?