Na infância, tendemos a não valorizar o pensamento das crianças e isso pode ocasionar numa perda de talentos. Aquilo que não é exercitado, acaba morrendo.
Somos humanos porque usamos da razão. O que nos torna diferentes dos outros animais é o fato de pensar e poder tomar decisões. Com as crianças, do mesmo jeito. Todavia, com alguns adultos e/ou crianças, esse pensar seja mais apurado, mais intenso, mais forte, mais especial. Sim, especial! Especial é tudo aquilo que se destaca do óbvio, do comum, dos demais!
Uma mente que consegue produzir pensamentos diferentes de todos os demais é capaz de mudar mundos, melhorar vidas, tornar-se melhor para si mesmo ou quem sabe inventar uma nova forma de olhar ao nosso redor.
Hoje venho falar de crianças com altas habilidades/superdotação. Não! Eu não vou falar daquelas crianças com um QI alto. Essas todas já conhecem. Também não vou falar de inteligência medida através de testes padrão que já não fazem mais sentido nos dias atuais.
Quero falar daquelas crianças que se destacam das demais pelo seu pensamento precoce. Aquelas que aos três anos de idade já podem tocar um piano ou fazer a leitura de um livro sem nunca ter estudado isso antes, mais detalhadamente as crianças que são criativas.
Sim! A criatividade também anda junto com a inteligência e devemos saber que uma não existe sem a outra. Por longos anos, se pensava que somente crianças com alto QI eram inteligentes, porém os psicólogos trouxeram novos estudos e testes que agora incluem a criatividade das crianças em tomar decisões, em resolver problemas, em criar histórias, em inventar brincadeiras.
Somos sempre levados ao espanto ao vermos uma criança tocar piano perfeitamente na tenra idade, mas não nos espantamos ao ver uma criança inventar o seu próprio brinquedo porque achamos comum esse tipo de invenção. Precisamos urgente valorizar a criatividade das nossas crianças para que elas possam cada vez mais desenvolverem as suas habilidades e se tornarem melhores a cada dia.
Uma criança que tem um poder de criatividade aguçado pode ser considerada com altas habilidades/superdotação. Ela não precisa ser boa em matemática ou linguagem apenas, ela tem que ter um conjunto de pensamentos que abordem as áreas artísticas também. A música, a dança, a literatura e tantas outras artes fazem parte do mundo da criança desde a tenra idade.
O que ocorre é que crianças cujos os pais têm maior poder aquisitivo são estimuladas logo cedo a desenvolverem a sua criatividade e as moradoras de periferias são ignoradas e, talvez, nunca alguém descubra o quanto são habilidosas em quase tudo.
Ter altas habilidades/superdotação para uma criança exige muito cuidado dos pais e professores. Na infância, tendemos a não valorizar o pensamento das crianças e isso pode ocasionar numa perda de talentos. Aquilo que não é exercitado, acaba morrendo.
Toda criança deve ter a sua criatividade incentivada, valorizada e absorvida por todos os que convivem com ela. Não são apenas joguinhos e exercícios de lógica ou matemática que vão desenvolver na criança as altas habilidades/superdotação, mas a pintura, a poesia, a fotografia, a dança, a música e tantas outras artes que ela venha a gostar e fazer com maestria.
Uma criança com altas habilidades/superdotação inventa os seus próprios brinquedos, dá vida às pedras, inventa as suas próprias histórias, consegue ensinar o que aprendeu na escola aos seus pais, é atenciosa e cuidadosa com as suas coisas. Não gosta que mexam no seu pequeno mundo e muito menos que invadam a sua privacidade. É sempre chamada para brincar com os amiguinhos e lembrada nas festas de aniversário. Desde cedo tem poder de liderança e é ela quem comanda o trenzinho de brincadeira.
Desde cedo, começa a fazer coisas diferentes das demais crianças e até mesmo de alguns adultos. A sua criatividade se destaca das demais. Vive a inventar. O seu pequeno pensamento nunca para. Tem capacidade para inventar brincadeiras mesmo estando sozinha.
No entanto, se essas altas habilidades/superdotação não forem observadas na tenra idade, perderemos talentos ao longo dos anos que talvez fiquem escondidos pelo resto da vida.
Cabe aos pais e professores observarem esses pequenos detalhes de criatividade existentes nas suas crianças. Uma criança que consegue desenhar perfeitamente aos dois anos de idade tendo o seu traço delicado riscado na folha de papel com a destreza de um adulto pode ser considerada com altas habilidades/superdotação. O fundamental para ser inteligente é fazer uso da criatividade que muitas vezes é confundida pelos adultos como uso do imaginário. Duas coisas que são completamente diferentes.
Uma criança pode fazer uso do imaginário e ser criativa ao mesmo tempo. Ela pode ouvir uma história sobre um elefante e imaginar como ele é, pôr seu pensamento em prática e com uma massinha de modelar criar um elefante com três pernas, duas cabeças, seis trombas e depois dizer que o elefante está feliz. Sim, ela usou a criatividade para modelar o seu próprio elefante. Não lhe deram nenhum elefante de brinquedo de presente. Do mesmo jeito, a criança que usa da criatividade para não se sentir sozinha e mesmo sem saber ler ainda escreve no seu amassado caderninho lindas poesias que ela mesma faz questão de ler em voz alta. Tudo de mentirinha.
O poder da criatividade da criança deve ser levado a sério por pais e professores. Descoberto desde cedo por psicólogos, essa criança necessita de um ensino e cuidados diferenciados. Para ela, as aulas da escola podem se tornar chatas e cansativas se forem apenas para copiar do quadro o que a professora escreveu.
Fazer cópias de tarefas e exercícios que não exigem da sua criatividade podem levá-las ao fracasso nos estudos e até mesmo passarem a ser vistas como alunas de fraco rendimento, preguiçosas, cansadas. Na verdade, é a forma como está sendo passado o ensino que não alcança o pensamento divergente da criança que necessita a todo tempo fazer uso da sua criatividade.
Não é fácil ser uma criança com altas habilidades/superdotação num mundo onde as pessoas não têm mais tempo para nada.
Geralmente, passam despercebidas essas habilidades. Ninguém vê que aquela criança tem algo diferente e que precisa de cuidados para desenvolver-se. Nas escolas, quando isso é observado, tendem a acelerar a criança de ano letivo, mas não existe um currículo preparado para atendê-la no ano seguinte. Simplesmente terminará os seus estudos primeiro que as demais crianças da sua idade.
A criança com pais letrados tem mais chance de ter a sua criatividade reconhecida e investigada, pois esses entregam os seus filhos desde cedo aos cuidados de professores particulares que são pagos para cuidarem da educação das suas crianças. Esses professores, em grande parte, tendem a descobrir talentos porque como têm apenas aquela criança como único aluno dispõem de tempo para observá-las com detalhes e acabam descobrindo que elas são diferentes das outras na forma de pensar e agir.
Já as crianças de periferias e muitas delas são talentosas e têm altas habilidades/superdotação são esquecidas nos becos e ladeiras a empinarem as suas pipas feitas com uma criatividade nunca vista.
Que possamos ter mais tempo para observar as nossas crianças, como elas agem e criam coisas para tornar o mundo melhor, pois são elas as que mais se preocupam com a melhoria do que está ao seu redor.
Os adultos deveriam se espelhar nas crianças para criarem novas formas de cuidar do mundo.
Ser uma criança criativa é ter altas habilidades/superdotação.
Em outra das minhas 42 publicações do site, defendi também uma educação com afeto, pois o que fazemos com as nossas crianças hoje será refletido na vida adulta amanhã. Tudo o que uma criança vive e ouve ela guarda dentro de si e mais tarde vem à tona seja num sintoma emocional ou agressão física aos coleguinhas e pessoas próximas, por isso vemos alguns morderem os outros sem motivos aparentes. É preciso amar antes de chegar perto de uma criança, conhecer o verdadeiro sentido do amor. Leia mais!
Autora: Rosângela Trajano
Edição: Alex Rosset
Excelente artigo! Parabéns, Rosângela!
São os Bem Dotados e Talentosos! Fiz um curso de especialização nessa área, na UFLA, Universidade Federal de Lavras, MG. Adorei! No meu TCC fiz um Estudo de Caso de um garoto com todas as características, perdido, reprovado numa escola estadual. Gostei demais de seu artigo! Parabéns!
Excelente texto, amiga!! Parabéns mais uma publicação relevante, realmente temos que ter um olhar mais apurado em relação as crianças que detém habilidades fora do comum, para que possa ajudá-la a desenvolver de forma mais plena. E no futuro poder utilizar para fazer a diferença.
Lindo sua história
Pura verdade! Temos que incentivar nossas crianças ao autoconhecimento. Com os pais incentivando e buscando o melhor e em algo que ela se identifiquem.
Parabéns pelo artigo.
Maravilha de texto! Muito bem explicado e com uma profundidade que o assunto merece. Parabens a autora.