Brasil está mais desigual

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A desigualdade existente reflete, essencialmente,
os talentos, esforços e valores diferenciados dos indivíduos
ou, ao contrário, ela resulta de um jogo viciado
na origem e no processo.

O Brasil, que já é um dos 15 países mais desiguais do mundo, conseguiu ver a concentração de renda aumentar ainda mais em 2018, segundo levantamento divulgado esta semana pelo IBGE. Os mais ricos no país concentraram rendimento, enquanto os mais pobres sofreram com queda na renda.



Desigualdade Global: Brasil


Todo bom cristão sabe que os homens são iguais por sua natureza porque todos são portadores da mesma essência. Ideias velhas nos legaram o tema da corrupção dos tolos, só na política, como nosso grande problema nacional.

Na corrupção real, no entanto, o problema central – sustentado por outras forças – é a manutenção secular de uma sociedade desigual, que impede o resgate do Brasil dos esquecidos e humilhados.

A ONG Oxfam Brasil, já havia revelado que apenas 5% da população, os mais ricos, recebe mensamente o mesmo que os demais 95%. A desigualdade patrimonial é igualmente escandalosa. Seis brasileiros concentram a mesma riqueza que a metade mais pobre da população.

Não é por acaso, que o Brasil dono da nona maior economia do mundo, ocupa a décima colocação no ranking da desigualdade da ONU, empatado com a Suazilândia, a menor nação da África.

Esta injustiça secular que nos dilacera, também nos divide entre o país dos privilegiados e o país dos despossuídos.

Em 2014, o Brasil parecia disposto a reduzir as desigualdades infames. Naquele ano a FAO, celebrou, em seu relatório de segurança alimentar, a exclusão do país do mapa da fome. A verdade, é que apesar do inegável avanço social – entre 2003 e 2014, 29 milhões de cidadãos saíram da condição de pobreza –, a redução das disparidades de renda e patrimônio foi tímida.

Agora, infelizmente, voltamos ao caminho da desigualdade absurda. Os segmentos superiores continuam aumentando seus privilégios, o que lembra a França do séc. XVIII, em que primeiro e segundo estados estavam isentos de obrigações, como pagar impostos.

Exemplos: “A posse de jatos, helicópteros, iates e lanchas não paga nenhum tributo. Veículos terrestres, como o meu e o seu carro, requerem o pagamento de IPVA.”

Mais. Somos um país com uma porção de terra cultivada de cerca de 300 milhões de hectares, 35% do território nacional. Já o valor arrecadado do ITR representa menos de 0,06% do total arrecadado pelo país. O rombo está em torno de 30 bilhões. Fantástico!! São benesses para o agronegócio. Uau!!

Um dos pilares da abissal desigualdade no Brasil é o regressivo sistema de tributação, “amigo dos super-ricos”. A carga tributária é mal distribuída, de modo que os pobres e a classe média pagam mais impostos, proporcionalmente, do que os mais ricos. Isto sem contar com a sonegação fiscal.

A justiça – ou não – de um resultado distributivo depende do enredo subjacente: das dotações iniciais dos participantes e da lisura do processo do qual ele decorre.

A desigualdade existente reflete essencialmente os talentos, esforços e valores diferenciados dos indivíduos ou, ao contrário, ela resulta de um jogo viciado na origem e no processo.

Uma sociedade justa é uma sociedade que harmoniza eficientemente as exigências da hierarquia e da igualdade, numa ordem que tende para o bem comum. Não é, infelizmente, o nosso caso.

Nossa sociedade é fruto de um pacto dos donos poder para perpetuar um modelo social cruel forjado na escravidão. A brutal desigualdade de renda continua a ser o traço que nos caracteriza. O atual governo veio para manter e consolidar esta infâmia.

O Brasil, como asseverou Darcy Ribeiro, “último país a acabar com a escravidão tem uma perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso”.


Pesquisa mostra que aumento da desigualdade coincidiu com queda no atendimento do Bolsa Família.

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