Os domínios territoriais dos índios sobreviventes ainda são esbulhados. O crime organizado, chefiado por diletos de homens do poder exploram também hoje, de forma vil e cruenta, as terras que desmatam e queimam. Tudo isso em terras que deveriam ser preservadas por força de lei.
A origem mais fiel ao nosso território, ainda antes da ação dos descobridores, e os ditos desbravadores, é a população indígena. A crueldade dos invasores europeus dizimou povos nativos.
O Brasil, como outros países, formou seu estado matando a mais digna fonte de vida, o dono e morador desta terra. E foram séculos de exploração cruel, consolidados pela hegemonia de setores dominantes na produção sob a égide do sistema oligárquico na escravidão. Esta estabeleceu consciência maligna que perdura até hoje. Negros trazidos da África morriam trabalhando ou eram mortos na torpe submissão que formou a casta dos ricos donos de engenhos, plantações, mineração e extração de madeira.
Os domínios territoriais dos índios sobreviventes ainda são esbulhados. O crime organizado, chefiado por diletos de homens do poder exploram também hoje, de forma vil e cruenta, as terras que desmatam e queimam. Tudo isso em terras que deveriam ser preservadas por força de lei.
A mineração clandestina é o funeral do solo fértil dos ribeirinhos e povos nativos. A resistência secular dos quilombos é atacada por hordas de usurpadores. Os rios assoreados são contaminados pelos resíduos impiedosos de mercúrio dos mineradores. Morrem os peixes que alimentam tribos e caboclos ribeirinhos. A fiscalização das glebas destinadas aos povos que sobrevivem ali preservando rios e nascentes, foi drasticamente desativada. Grupos armados instalados em balsas de garimpagem repelem os moradores que ousam impedir a exploração criminosa.
Nos últimos quatro anos, 570 pessoas morreram no território amazônico, especialmente crianças e idosos. Em Roraima, na região de Boa Vista morreram 100 crianças indígenas no ano passado.
Os Yanomamis
No final de semana que passou, o presidente Lula, num gesto de compaixão com a fraternidade indígena Yanomami, cumpre o dever governamental de socorrê-la. O novo mandatário brasileiro viu cenas chocantes de crianças desnutridas, acometidas por pneumonia, diarreia e outras sequelas pela contaminação de mercúrio. São crianças que antes percorriam alegres as matas e se banhavam nos rios em águas limpas, agora esqueléticas. Adultos caminham tíbios e perdem o vigor para a caça ou o plantio nos pequenos roçados. Peixes estão morrendo. Falta água potável e alimento.
Urgente
O presidente brasileiro estava em companhia da ministra Nísia Trindade, da Saúde, a quem deu ordem imediata de assistência médica aos doentes indígenas.
A futura presidente da FUNAI, Noêmia Wapichana já alertava o governo sobre a situação e se mostrou tomada de esperança com as ordens de socorro determinadas por Lula. Alimentos já estão a caminho dos yanomamis. Certamente há outros focos de situação dramática como a morte pela poluição dos rios nas reservas indígenas. Força especial vai repelir a violência de mineradores que afligem a vida das pessoas, florestas e rios.
Deplorável
Os líderes inconformados com a derrota na disputa presidencial são chamados a uma reflexão sobre a realidade dos fatos. É preciso recuperar entre os simpatizantes a apreciação cordata do resultado eleitoral, de modo a afastar o extremismo delirante.
Todos sabem que o novo presidente foi eleito legitimamente. Provocações, piadas de mau gosto, zombarias inócuas, mentiras que desinformam, ou maldades perigosas não são apropriadas para o momento. Isso de qualquer lado do certame eleitoral.
Aos vencedores, por exemplo, cabe a observância que dizia aos romanos “bis vincit qui se vincit in victoriam” (vence duas vezes quem vence a si mesmo na vitória). Ocorre que os ânimos estão fervendo. No Senado Romano, quando alguém comentava o resultado inesperado dizia “vox Populi, vox diaboli”. Quem obtivesse a vitória dizia “vox Populi vox dei (a voz do povo é a voz de Deus). Até esse ponto é normal a tolerância.
O que tem perturbado o momento brasileiro é a pregação insana de dirigentes, que se ocultam nos atentados promovendo dissonância cognitiva. Nitidamente contra a Constituição que defende o princípio democrático. Aliás, teorias conspiratórias e esdrúxulas não são mais aceitas nem mesmo por bolsonaristas sadios. Mentiras são deploráveis ao mínimo bom senso e vão prejudicar até os fanáticos teleguiados.
Sigamos!
Assista matéria sobre esta triste realidade dos indígenas Yanomamis no Brasil:
Autor: Celestino Meneghini
Parabéns! Palavras que devem ser observadas e seguidas pelo bem da democracia na Paz. Obrigada!