Caminhos da reconstrução

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“Sei que nada será como antes, amanhã”

Neste momento em que nós do Rio Grande do Sul vivemos o luto dos infortúnios das enchentes de maio de 24, num dia de Santo Antônio e do Bará, não tem como não se lembrar da canção de Milton Nascimento e Lô Borges:

“nada será como antes, amanhã”.

Nem poderá, pois, a História quando se repete será uma farsa.

A farsa tem que acabar. Arrozeiros não podem se achar donos de baixios que trancam o desaguamento natural da Lagoa dos Patos para o mar.

A farsa não pode persistir. Não se pode ter um Estado com tantos microclimas, imensidões de águas, planícies, planaltos e montanhas para plantar soja e eucaliptos torto a direito.

Não se poderá tolerar um parlamento como o nosso que abaixa a crista para o governador e aprove passar a tesoura nas leis ambientais, como na capital deixa ao deus dará os licenciamentos.

Não se pode deixar que a fúria imobiliária na capital derrube árvores, detone pedreiras no meio de edifícios, construindo arranha-céus, espigões à moda Camboriú, como se aqui fosse Dubai.

Aqui precisamos voltar a ter matas ciliares, recompor as nascentes, proibir que se tire a última gota de água dos arroios para suprir a ganância dos fazendeiros com o seu gotejamento de plantações.

Chegou a hora dos Planos Diretores, com a participação de técnicos e da sociedade civil, para tirar as pessoas de áreas de risco sem jogá-las às periferias sem estrutura.

Não bastasse o drama que vivemos com casas destruídas, com a perda de tudo dentro delas, das memórias que se foram nas águas sujas e turbulentas da enchente, vem os arrozeiros chantagear o governo, para tirar seus lucros à custa do consumidor já tão castigado.

Não podemos aceitar que os defensores do Estado Mínimo com a Federação das Indústrias e da Federação da Agricultura venham pedir bilhões ao governo federal, quando este está presente desde o início no Estado, sendo que Lula criou um Ministério Extraordinário.

Os primeiros recursos que caíram na conta do povo foram os 5.100 reais dados do governo federal

O Pronampe ainda é insuficiente, e a burocracia dos bancos é uma vergonha nacional.

O pagamento como subsídio de dois salários mínimos pelo Governo Federal a cada empregado é uma resposta aos pequenos empresários que pediam três.

O governo federal vai comprar casas, construir outra tantas.

Já o governo local e estadual quer “casas provisórias” com custos que se igualam às permanentes.

O governo do Estado traz um Secretário bolsonarista para “reconstrução do Estado”, e o governo de Porto Alegre chama a empresa Alvarez e Marsal, cuja história é tramar gentrificação e privatização.

Nós da oposição aos governos do Estado e de Porto Alegre, irmanados com os propósitos do governo do Presidente Lula, lutaremos pelo povo, contra as iniquidades dos mandatários locais.

Vamos mover montanhas para termos um meio ambiente equilibrado e socialmente justo.

Proporemos políticas de incentivo à pequena agricultura agroecológica, com existência digna ao produtor rural.

Combateremos o desmatamento, o uso de venenos nas lavouras, denunciando todo e qualquer ataque ao ambiente natural.

Vamos buscar junto aos órgãos federais incentivos à cultura, ao esporte e ao turismo. Já louvando o ato da Ministra da Cultura em apoio ao Rio Grande do Sul.

Queremos um Outra Amanhã, que nada será como antes!

Autor: Adeli Sell, professor, escritor, bacharel em Direito e vereador do PT em Porto Alegre. Também escreveu e publicou no site “60 anos de golpe e eles não mudam!”: https://www.neipies.com/60-anos-do-golpe-e-eles-nao-mudam/

Edição: A. R.

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