Carnaval: alegria e forma de protesto

1810

A força do carnaval.
Todos se integram de maneira incrivelmente democrática,
quebrando, quase sem  perceber, cadeias de preconceitos,
rompendo formalidades, denunciando e derrubando máscaras.


Hoje  vamos deixar de  lado o circo  existente  em Brasília  para falar de coisa  séria, o carnaval. Sim, com o que se  vê hoje de parte do governo, carnaval passou a ser  coisa  séria, até  porque tem objetivo – a alegria – e organização. Coisas inexistentes em um governo, marcado pela vulgaridade e o mau humor.

O carnaval é considerado  reminiscência das festas pagãs Greco-romanas que ocorriam entre  dezembro e fevereiro – saturnais  e lupercais, respectivamente.

No Brasil chegou  com os lusos, na comemoração do entrudo, que festejava  a  entrada da primavera e  abria  as solenidades litúrgicas  da Quaresma, período da abstinência  de carne – palavra  que designa  o nome carnaval.



Entenda mais sobre a festa do Carnaval.


O entrudo era  uma festa barulhenta, suja, e por vezes, violenta. Foi  a  partir da segunda metade  do  séc. XIX,  que o entrudo passou a conviver com  bailes  de máscara em teatros e clubes, à moda europeia.

A primeira música  carnavalesca  foi  Ô Abre-alas, composta por  Chiquinha  Gonzaga em 1899. Sinhô, compositor  da época, também é considerado  o pioneiro da mistura de classes sociais no carnaval. Primeiro  passo  rumo  à concepção  atual dos desfiles  das grandes escolas  de samba.

Lentamente, o carnaval  foi se transformando na expressão que mais sintetiza  as  características do que se chama  brasilidade, ou seja, a identidade  cultural do brasileiro, reflexo de sua formação, de sua história, de suas venturas e desventuras.

Samba, frevo, festa de rua, com muita gente suada, corpos bronzeados. A beleza, o erotismo (para desespero da Damaris ) , o riso acima de tudo e, principalmente, a alegria. No carnaval há uma mescla de culturas e gentes.

Hoje, através  dos seus enredos, as  grandes  escolas  aproveitam para fazer denúncias  sociais  e marcar  sua  presença  na política. O samba  da Mangueira é exemplar:

“Nasci de peito aberto, de punho cerrado/ Meu pai carpinteiro, desempregado/Minha mãe é  Maria das Dores Brasil./Favela, pega  visão/Não tem futuro sem partilha/ Nem messias de arma na mão”.

Já  Zeca Baleiro compôs  marchinhas contundentes:

“Escória, escória/Nem fodendo  vocês  vão conseguir  entrar pra história/Vou lhes dizer  o que é política/O vagão de lixo passa e o trem da história fica/Vou lhes dizer  o que é arte e cultura/Não vai crescer  nem capim sobre vossa  sepultura”.

Outra, dedicada  ao ex-secretário de  Cultura Roberto ‘Goebbels’ Alvim: “Respeita Fernanda Montenegro, babaca/Tu saiu de que cloaca?/Respeita Martinho da  Vila, sem mané/Você não vale nem a sola do seu pé”.

Eis a  força do carnaval. É onde todos  se integram de maneira incrivelmente democrática, quebrando, quase  sem  perceber, cadeias de preconceitos, rompendo formalidades, denunciando e derrubando máscaras.

Todos passam a ser protagonistas de um mesmo espetáculo. Todos em uma só festa, cuja tônica é a alegria, a criatividade e a ampla liberdade de expressão. A direita bolsonarista  vai à histeria!!!



O carnaval é uma das festas populares mais lucrativas do Brasi. Para conversar sobre as oportunidades de negócios em torno da festa, o Sem Censura conversa com o promoter Diógenes Queiroz, organizador do camarote “Allegria”, na Marquês de Sapucaí, e com Gebran Smera, estilista, cenógrafo e carnavalesco.
Veja mais aqui.

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