Precisamos da ajuda da comunidade escolar nessa luta, pois a sala de aula é nosso lugar e, se em algum momento nos ausentamos para participar de atos ou assembleias é porque o executivo tem nos levado a esse desgaste da profissão.
Sabemos da importância do professor na sociedade, profissional que educa desde os pequenos até os adultos. A profissão que forma todas as outras sempre é homenageada no Dia do Professor, mas o que acontece no restante do ano?
No município de Passo Fundo, o magistério já foi a profissão dos sonhos de muitas pessoas mas, nos últimos anos, sofreu enorme desvalorização. Hoje, professores são chamados em concurso municipal e não assumem a vaga ou, quando assumem, acabam se exonerando pouco tempo depois. Da mesma forma, os cursos de licenciatura nas universidades não abrem turma.
Qual o motivo desse esvaziamento de cursos e falta de professores?
A resposta é que o magistério municipal está sobrecarregado, trabalhando no limite da exaustão. São inúmeras as queixas: falta de professores e auxiliares nas escolas, o que sobrecarrega os docentes; falta de monitores para atender os alunos incluídos, um problema que fere os direitos de todos os envolvidos, principalmente da criança com deficiência.
Além disso, a imensa lista de exigências pedagógicas e burocráticas da Secretaria de Educação está levando os professores ao cansaço extremo. Os professores estão adoecendo com tamanha sobrecarga de atividades e condições de trabalho precárias. Estamos presenciando cada vez mais casos de professores afastados com crises de ansiedade e estafa mental, sem falar nos problemas decorrentes do esforço de repetição.
Ao mesmo tempo, os professores estão, há anos, com uma grande defasagem salarial decorrente do não pagamento do piso do magistério. Nosso plano de carreira está sofrendo um sério ataque, pois as vantagens conquistadas ao longo dos anos de trabalho estão sendo usadas para pagar o piso. Essa manobra já levou à extinção do nível I e, muito em breve, fará com que professores graduados passem a receber por completivo, que é uma verba que complementa o salário, sem aumento real, e que não é considerada na aposentadoria.
Em Passo Fundo, um professor graduado ganha muito menos que qualquer outro servidor com graduação e, mesmo assim, estão desmantelando nosso plano de carreira. Vamos lembrar que o professor municipal, como qualquer servidor público, não tem Fundo de Garantia (FGTS) ou outros proventos para dar alguma segurança na hora da aposentadoria. Só o que temos é nosso plano de carreira, por isso não podemos e não vamos abrir mão dele!
O descaso com que a administração municipal trata os professores, tanto com a sobrecarga de trabalho e adoecimento dos docentes, quanto o desrespeito à lei que ampara a nossa carreira, são os motivos que levaram os professores à indignação e ao sentimento de desvalorização que estamos vendo hoje.
Precisamos da ajuda da comunidade escolar nessa luta, pois a sala de aula é nosso lugar e, se em algum momento nos ausentamos para participar de atos ou assembleias é porque o executivo tem nos levado a esse desgaste. Queremos que a comunidade perceba que precisamos melhorar as escolas que já existem antes de criar novas, investir no quadro de pessoal para atender nas escolas (professores, funcionários, monitores, entre outros) para que realmente possamos dizer que estamos investindo em educação. Aparelhos em geral não fazem a educação, quem faz a educação são as pessoas.
Nossa luta não é apenas pelo índice de reajuste, é muito mais que isso.
Nossa bandeira é a educação: queremos condições dignas de trabalho, queremos trabalhar sem adoecer pelas condições a que somos expostos, queremos os profissionais necessários para atuar nas escolas e fazer a educação ser realmente de qualidade, queremos autonomia para que as escolas possam desenvolver o bom trabalho que sempre mostraram na comunidade, queremos o nosso plano de carreira, queremos RESPEITO!
Autor: CMP SINDICATO
Edição: Aria