Cenário democrático

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Começamos uma marcha. Não sabemos onde chegará nossa força. Mas aprendemos com a sabedoria chinesa, que “uma caminhada de mil passos, começa com o primeiro passo”.

As máscaras abafam, mas não impedem que as vozes ecoem pelas ruas, manifestando resiliência e indignação. Os cantos, as falas, as palavras de ordem se fazem ouvir numa demonstração de defesa da Vida, contra toda espécie de violência.

O colorido das roupas e as tonalidades das máscaras, junto com os cartazes e as bandeiras, compõem uma estética de luta, enfeitam a caminhada, protestam contra os que negam direitos, os que negam a Ciência, os que são indiferentes às dores das famílias atingidas pelas mortes.

Esse colorido todo está denunciando uma realidade desigual em nosso país, em que as pessoas não têm como cuidar da saúde, não têm como participar de uma Educação de qualidade. Essas pessoas não têm emprego, não têm uma renda mínima, não têm uma moradia digna, não têm alimento, elas têm seus corpos, suas dores e sua coragem de enfrentar os desafios.

Notoriamente, é possível sentir a tenacidade dos que acreditam na organização da sociedade civil, na busca por direitos, exigindo ação eficaz dos que governam e são responsáveis em administrar a riqueza nacional, que deve estar a serviço da população. Os impostos que pagamos precisam ser justamente distribuídos, retornando em cuidados de todos os tipos, atendendo às demandas das brasileiras e dos brasileiros.

Vacinar, alimentar, proteger, educar, abrigar, manter são condições de vida imprescindíveis que a população espera de parte dos que disseram que cuidariam da felicidade pública e fortaleceriam a cidadania.

Exigir, protestar, reivindicar, denunciar, contestar é direito de todos, que possuem juízo crítico e sabem garantir as prescrições constitucionais. Este é o cenário democrático.

Importante, pois, destacar o significado do que ocorreu no sábado, 29 de maio de 2021, quando as máscaras protegeram as pessoas que saíram às ruas para exigirem o que lhes é devido, pelo poder público, depois de uma certa ressaca do povo nas ruas.

Lamentável a falta de comando de policiais atingindo as pessoas, usando suas armas para calarem o grito dos que não temem, ou atirando a esmo ferindo transeuntes. A covardia se fez presente, quebrando a harmonia aguda dos que acreditam que temos voz e não perdemos a vez.

Começamos uma marcha. Não sabemos onde chegará nossa força. Mas aprendemos com a sabedoria chinesa, que “uma caminhada de mil passos, começa com o primeiro passo”. Foi dado o primeiro passo.

Nem mesmo o medo de se infectar — uma vez que Bolsonaro, após recusar vacinas, só imunizou completamente 10% dos brasileiros — segurou mais a população em casa. Como dizia um cartaz visto no protesto em Teresina, “se um povo protesta e marcha em meio a uma pandemia, é porque seu governo é mais perigoso que o vírus”. Leia mais!

Autora: Cecilia Pires

Edição: Alex Rosset

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