[quote_box_right]Somemos diferentes protagonismos para ocuparmos e transformarmos nossos espaços públicos numa Cidade Educadora![/quote_box_right]
O prédio histórico da Viação Férrea, Antiga Estação de Passageiros, restaurado por fora, rodeado por obras de revitalização, é um monumento arquitetônico e cultural da nossa cidade.
Eu vivi essa história, percorri os trilhos dos trens nas idas e vindas pela cidade durante minha fase juvenil. Vi, por exemplo, amigos embarcarem nos trens para defender a Legalidade em um movimento civil e militar, após a renúncia de Jânio Quadros.
Em 1961 o levante liderado por Leonel Brizola, com o intuito de defender a ordem jurídica e a posse de João Goulart – vice-presidente -, levou jovens daqui, levando o choro de famílias, namoradas e amigos, para Porto Alegre. A imagem desse episódio está muito vivo na minha memória.
Com o desmantelamento da Rede Ferroviária, o espaço foi abandonado e subaproveitado, quando merecia outra coisa.
Com o tempo, a Feira do Produtor abrigou um movimento em prol dos produtores organizados protagonizado pelo Dr. Edson Nunes, que conseguiu implementar a fiscalização dos abates de animais, de higiene e racionalização da indústria familiar, criando uma nova cultura. Foi o marco para novas exigências sanitárias e a valorização dos que trabalham no campo.
Com a revitalização do Parque da Gare, os produtores ganharam um novo espaço, que adoro frequentar. É lá que a cidade gira, se encontra, aprende o que tem valor.
Cabe a nós discernir, agora, o que é produzido aqui, em detrimento ao que é somente revendido. Nosso produtor rural não pode ser somente um atravessador, mas alguém que realmente pretende qualidade como Edson Nunes um dia sonhou.
Um espaço de suporte para uma Cidade Educadora
A Associação dos Livreiros de Passo Fundo (ALPF), inteligentemente, após a desocupação do prédio histórico, com o espírito dos protagonistas da história, solicitou o espaço para a Mini Feira do Livro, em preparação à Feira do Livro, tão do gosto e tão consagrado em nossa cidade.
Foi um festival de alegria, espírito comunitário e muito trabalho. Entraram em cena pessoas e mui trabalho para desinfetar e limpar o ambiente. O prédio ficou um brinco! Tudo limpo e cheiroso e virou palco do que mais gostamos: livros a mancheias! Livros pra que te quero! Uma belezura!
Deste cenário nasceram ideias! Queremos mais! Queremos o espaço Roseli Preto com a mesma beleza dos canteiros que fazem frente aos três prédios históricos. A Academia Passo-Fundense de Letras, O Museu Ruth Schneider e o Teatro Múcio de Castro merecem um largo revitalizado, no espaço que lhes faz costas.
Imaginamos o galpão do Comitê da Cidadania, agora desativado, como um espaço de arte. Imaginamos nossos grafiteiros, nossos amantes do hip-hop, nossos esqueitistas ocupando e dando vida colorida ao galpão. Por que não? E aquele espaço à frente da Biblioteca Pública não merece ser um jardim? Com quiosques? Hein?
Cidade Educadora se faz com parcerias
A UPF (Universidade de Passo Fundo) tem um Projeto que chamou de Univercidade educadora. Este projeto tem como concepção “o entendimento da cidade como território educativo. Nele, seus diferentes espaços, tempos e atores são compreendidos como agentes pedagógicos, que podem, ao assumirem uma intencionalidade educativa, garantir a perenidade do processo de formação dos indivíduos para além da escola e com ela, em diálogo com as diversas oportunidades de ensinar e aprender que a comunidade oferece”. Este projeto pode dar a esta cidade o suporte para a compreensão e dimensão da Cidade Educadora que queremos.
>> Veja também: Programa UniverCidade Educadora: Circulando Cidadania
Sonhar não ocupa espaço. E é dos sonhos que nascem as ideias. Que venham mais protagonismos para ocuparmos e transformarmos nossos espaços públicos numa Cidade Educadora!
Que venham mais ideias! Que venham mais sonhos! Nunca ficaremos satisfeitos, por que somos algo novo para quem não sabe. Fazemos parte de uma nova categoria. Somos uma Cidade Educadora, coisa nova que está ganhando corpo. Aguardem o desenvolvimento e a realização deste conceito.
Unamo-nos para que a revitalização dos espaços públicos não sirva para interesses privados, mas para que os mesmos sejam lugares vivos de cidadania, de demonstração pujante das nossas artes e dos nossos artistas locais.