Estamos dedicando pouco
tempo às nossas crianças.
Estamos nos tornando inimigos
ocultos das nossas crianças.
A falta de amor dói na criança.
As crianças necessitam de amor. Somos os responsáveis pela formação espiritual desses pequeninos, logo não podemos deixar de amá-los com o cuidado que necessitam.
Amar é fácil? Nem sempre. Exige renúncias, compreensão, ternura, paciência, tolerância e, principalmente, sabedoria.
Compreender as nossas crianças tem sido cada vez mais difícil num mundo onde as relações interpessoais quase não existem mais, num mundo onde tudo é líquido, segundo dizia o sociólogo e professor Zygmunt Bauman.
No entanto, estamos dedicando pouco tempo às nossas crianças. Vivemos ocupados com os nossos afazeres domésticos e no trabalho, andamos de um lado para o outro preocupados com contas a pagar e não percebemos que estamos deixando de amar as nossas crianças. Sim, estamos sempre ocupados para responder um por quê delas, não temos mais tempo para fazê-las dormir contando-lhes uma história ou achamos desinteressante e perda de tempo uma conversa no sofá com uma delas.
Não nos preocupamos mais com as nossas crianças, essa é a verdade. Num mundo onde as emoções necessitam de atenção especial, as crianças choram e se aborrecem facilmente com os nossos “nãos” sem explicações.
Preferimos deixá-las entregues aos aparelhos celulares e tablets do que brincar com elas no pátio da casa; preferimos deixá-las trancadas no quarto do que correr com elas pelos canteiros das ruas; preferimos que tomem medicamentos para acabar com a ansiedade do que ensinar-lhes a serem pacientes.
Estamos nos tornando inimigos ocultos das nossas crianças. Aqueles que deveriam dar exemplos, serem os melhores pais e responsáveis para elas, não estão fazendo o dever de casa como deveriam. Estamos deixando de amar as nossas crianças.
Vejo muitos pais gritarem com os seus filhos, colocarem de castigo e arrancarem os celulares das suas mãos depois deles mesmos os terem viciado, como forma de punir o malfeito. A criança que não é amada cresce sem saber o que é o amor, tornar-se um ser humano insensível às coisas, suas emoções são abaladas, desacredita das pessoas e se sente frágil diante do outro.
A falta de amor dói na criança. Ela não se sente protegida, agasalhada e abraçada por aqueles que deveriam educá-la para amar incondicionalmente as pessoas, os animais e a natureza em geral. As crianças pedem tão pouco de nós, pensem nisso. Elas só querem ser amadas.
Por que estamos nos tornando mesquinhos para com as crianças? Por que escondemos o queijo das crianças? Talvez nos falte amor tanto quanto falta a elas, por isso não sabemos como amá-las. Porém, é preciso aprender as lições que a vida nos oferta e passarmos a ser adultos melhores, ou seja, amar mais as pessoas e as crianças que estão próximas de nós.
Outro dia, vi uma menininha olhar uma vitrine de uma loja onde tinha uma boneca de louça linda. A vendedora mandou a menina embora alegando que ela estava atrapalhando a visão das pessoas, a menininha abaixou a cabeça e se foi para nunca mais voltar a ver aquela boneca tão bonita e para nunca mais ver aquela mulher tão chata que a tratou sem amor. Todos os acontecem situações como esta no Brasil, onde tem shoppings ou lojas de brinquedos. E todos os dias vamos deixando de amar mais um pouco as nossas crianças.
Não permitamos que crianças morram igual “A menina dos fósforos” do conto de Andersen, no frio e sem amor.
Façamos alguma coisa pelas nossas crianças e procuremos dar-lhes amor enquanto ainda são pequeninas, pois quando adultas poderão se tornar as vilãs da sociedade, pois a falta de amor faz com que deixemos de pensar com sabedoria e voltemos a contemplar as coisas como se fôssemos homens das cavernas.
Amemos as crianças respeitando os seus pequenos mundos, os amigos imaginários, os seus desenhos e modos de falar. Amemos as crianças respeitando as suas subjetividades, afinal cada criança pensa diferente uma da outra, mas todas querem apenas correr e brincar.