Conforme se revelam as dificuldades, são exigidas novas abordagens na constituição de novas formas sociais e afetivas. O desenho com que se fazia uma casa já pode não mais servir diante dos temporais, sem esquecer o principal: a vida em busca de seus caminhos.
Na vida são oferecidas muitas opções. E em cada opção existem ainda diversas dimensões.
Assim sendo, pensemos: Pode-se optar pelo tamanho da solidão ou viver com a liberdade de retirar o máximo que a vida nos oferece ou ainda pela liberdade que temos de provocar além daquilo que a vida nos provoca.
Podemos nos contentar com a dependência das oportunidades ou estender nossas redes de apoio, o que nem sempre é fácil.
Podemos substituir a morte ou distância de nossos familiares por novas formas de vínculos. Podemos limitar nossos vínculos sociais ou redimensionar nossa solidariedade.
Podemos substituir a independência dos filhos por novas formas de filiação social ou ainda redimensionar nossas relações afetivas atraindo ainda mais o benefício de nos corresponder com a gente de nosso sangue. Se ainda os filhos se distanciam em razão das preocupações das novas famílias, por novas formas de comunicação ou relativizar o distanciamento por novas relações afetivas.
Se nossas falas estão defasadas ou já não servem para muita prosa em razão de novas formas de comunicação, é urgente renovar nossa cabedal comunicativo: urge renovar nosso potencial de conversas por novas redes sociais ou aderir a novos meios comunicativos: urge, muitas vezes, renovar as formas de nos comunicar.
Muitas vezes estamos cristalizados em conceitos e nas formas de amar e nos comunicar e ficando defasados até no jeito de ser. Volta e meia é bom rever nosso maniqueísmo afetivo limitando o poder de amar enquanto presos em velhos conceitos, tornando-nos preconceituosos. Se os netos ou até os filhos andam de pouca expressão é bom que nós os mais velhos renovemos as formas de chegar e bater nas portas do amor.
Muitas vezes acontece que privamos de uma autonomia de pequenos conceitos e, possivelmente, tenha chegado o tempo de pensar em novas leis ou costumes mais livres pensando numa nova ecologia. Por vezes, é bom rever nossa banalidade do bem e do mal e nos renovar em conceitos e atitudes. Faz bem sair da banalidade costumeira da velhice renovando o que nos foi imposto.
E muito mais se pode dizer tendo com novos chamamentos da existência:
* a solidão na velhice X criação de liberdade;
* na precipitação da dependência X redes de apoio;
* na distância das gerações X novas formas de vínculos;
* ver o egoísmo social X solidariedade;
* ver as relações com filhos X autonomia dos pais;
* cristalização de conceitos x relativismo;
* maniqueísmo afetivo x liberdade afetiva
*ajudar os Netos em baixa proteção X presença dos avós.
* a sacralidade familiar X naturalização de rompimentos;
*uniões sem filhos X egocentrismo afetivo;
*autonomia X heteronomia;
*conjugalidade bissexual X conjugalidade unissexual;
*além de velhos princípios x busca afetiva;
* a complexidade da velhice X cuidados;
* cuidados novos X família reduzida;
* identidade X banalidade da velhice;
*abandono X prevenção.
Isso nos mostra:
Em muitos casos, os filhos carecem de novas proteções assim como os pais estão diante de possíveis fragilidades. Isso significa que a velhice, com novas características demográficas, pede novas intervenções conceituais, políticas, sociais, educacionais, familiares e pessoais.
Conforme se revelam as dificuldades, são exigidas novas abordagens na constituição de novas formas sociais e afetivas. O desenho com que se fazia uma casa já pode não mais servir diante dos temporais, sem esquecer o principal: a vida em busca de seus caminhos.
Autor: Agostinho Both
Edição: A.R.