A descrição do adulto como um sujeito psiquicamente maduro e juridicamente responsável, se confronta com o entendimento que atribui inteligência e liberdade plenas para a criança. Ocorre uma inversão e desorientação dos papéis sociais, na qual os sujeitos psiquicamente maduros e juridicamente responsáveis estão fragilizados nas suas funções de orientar e apontar caminhos para a construção novos sujeitos sociais.

 

 

É comum ouvirmos a frase: “As crianças de hoje são muito inteligentes!” Além de comum a frase tem respaldo nos fatos, visto que as crianças são bastante incentivadas com estímulos e com acesso precoce de informações. Outro pensamento reproduzido, com certa frequência, precisa ser assimilado em seu impacto subjetivo e social: “As crianças são mais inteligentes do que os adultos”!

Para um entendimento adequado deste pensamento, se faz necessário identificar o modelo de sociedade verticalizado, centralizado, a partir da figura masculina do pai e a sociedade organizadas por laços horizontalizados. Além disto, é importante identificar o que significa ser criança e o que significa ser adulto.

Nas últimas décadas, o mundo vem passando por mudanças na estrutura dos laços sociais, com consequências na política, nas famílias, nas escolas, nas empresas e na sociedade em geral. Uma avaliação adequada das influências inconscientes é indispensável, pois o respaldo comportamental do simbolismo apoiado na figura paterna decresceu vertiginosamente.

Em decorrência desta realidade social, em que as crianças foram elevadas e os pais rebaixados nas relações de hierarquia, as estratégias para a construção de novos sujeitos devem ser ressignificada com o restabelecimento dos papeis sociais, que possibilitem relações mais horizontais, especialmente na convivência entre adultos e crianças.

Os referenciais rígidos, das relações verticais e hierárquicas, passaram a ser caracterizados como desmotivadores e agressivos. Em decorrência, a orientação das práticas subordinadas aos referenciais pré-estabelecidos, passam a ser entendidos como violentadores de subjetividades, que dificultam ou impedem a construção de sujeitos criativos e com autonomia significativa.

Os sujeitos adultos, que possuíam acessos privilegiados das referências a serem repassadas e seguidas, não tem mais este função, pois as mesmas estão sendo feitas pelas crianças. No entanto, esta inversão dos papeis, no qual o comportamento passa a ser orientado pelas crianças, significa a predomínio do comportamento orientado por mentes psiquicamente imaturas e juridicamente irresponsáveis.

A descrição do adulto como um sujeito psiquicamente maduro e juridicamente responsável, se confronta com o entendimento que atribui inteligência e liberdade plenas para a criança. Neste contexto, ocorre uma inversão e desorientação dos papéis sociais, na qual os sujeitos psiquicamente maduros e juridicamente responsáveis estão fragilizados nas suas funções de orientar e apontar caminhos para a construção novos sujeitos sociais.

A construção de novos sujeitos com liberdades irrestritas, tem contribuído para um inversão dos papéis sociais e institucionais entre adultos e crianças. A construção de relações mais equilibradas com ênfase na responsabilidade do adulto e na responsabilização gradativa da criança é uma das condições necessárias para construção de sujeitos responsáveis.

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