Não é que esteja em moda mimar as crianças, claro que não. É que está faltando mais atenção por parte dos pais às crianças que ficam o dia inteiro aos cuidados, muitas vezes, de pessoas estranhas que não lhes dedicam nenhum tipo de afeto ou carinho, simplesmente cuidam delas como um profissional.
Johann Goethe, escritor alemão autor de “Fausto” poema trágico do século XVIII, dizia “só é possível ensinar uma criança a amar, amando-a.” Sempre digo que as crianças tendem a imitar os pais em tudo, principalmente as menorzinhas. E se a gente der amor e cuidado, elas também nos darão em troca amor e cuidado, por isso devemos prestar atenção nas respostas que damos às nossas crianças quando elas nos pedem algo.
Temos a mania de dizer não às crianças como se fôssemos os donos do mundo. Só é possível ensinar algo a uma criança com amor ou ela fracassará na sua aprendizagem ou ela ficará com marcas indeléveis no seu espírito para o resto da vida. Vamos começar mimando e ninando as crianças, duas palavras parecidas e tão necessárias aos dias atuais.
Às vezes julgamos os pais por deixarem as crianças fazerem tudo o que elas querem e por fazerem todos os seus gostos. Essas crianças se acostumam a ter tudo nas mãos sempre que precisarem e, muitos dizem, que vão crescer mal-acostumadas. Será que vão mesmo?
Será que não é bom para a criança ter um pouco mais de atenção, cuidado e carinho e, de vez em quando, ser mimada e paparicada pelos adultos?
Acredito que todos os pais e mães gostariam, se pudessem de fazer os gostos dos seus filhos, de darem para eles tudo o que lhes pedem, de lhes comprarem brinquedos caros e de os deixarem brincar com o celular um pouco mais já que é uma diversão necessária aos dias atuais. Muitas vezes nos pegamos aborrecidos conosco por não termos dado oportunidades aos nossos filhos já adultos de terem mais tempo de fazerem o que gostavam, de terem brincado mais ou se divertido mais.
Se a brincadeira do momento é ficar grande parte do tempo com o rosto grudado no celular eu não vejo mal algum nisso desde que a criança tenha o seu horário de fazer as suas responsabilidades e não tenha a sua coordenação motora, o seu pensamento cognitivo e os seus sentidos prejudicados.
Tornar-se uma irresponsabilidade por parte dos pais deixarem mimar os seus filhos quando perdem o limite da situação, quando os filhos começam a já grandinhos e sabendo o que estão fazendo a os xingarem ou quebrarem as coisas de dentro de casa porque os pais se negaram a fazer algo que eles queriam.
Para toda causa há uma reação. É claro que ninguém vai permitir que uma criança faça tudo o que ela quer só para não a desagradar. Também não é assim, mas vejo por aí muitos pais que poderiam oferecer mais amor, mais cuidados, mais atenção e mais oportunidades aos seus filhos de crescerem felizes e, no entanto, negam-lhes esses direitos.
Não sei se por ignorância, não sei se por medo ou por não serem tachados de irresponsáveis que esses pais se fingem de duros e ficam sempre de caras fechadas para os seus filhos sem esboçar um sorriso mesmo quando a criança faz uma coisa legal.
Na verdade, não é que esteja em moda mimar as crianças, claro que não.
É que está faltando mais atenção por parte dos pais às crianças que ficam o dia inteiro aos cuidados, muitas vezes, de pessoas estranhas que não lhes dedicam nenhum tipo de afeto ou carinho, simplesmente cuidam delas como um profissional. Temos muitos profissionais por aí que dizem fazerem bem-feitos os seus trabalhos e quando usam esse bem-feito é trabalharem as oitos horas diárias cumprindo todos os combinados com os patrões.
As crianças não querem profissionais responsáveis perto delas, elas querem pessoas que as amem e as mimem cada vez mais. Elas querem brincar, pular, correr, ouvirem histórias, se sujarem de lama e gritarem bem muito. Mimar uma criança sempre foi a coisa mais fácil do mundo porque é só fazer o que ela deseja, mas para muitos pais isso parece o fim do mundo.
Também para alguns pedagogos e especialistas, a criança que tem tudo nas mãos vai crescer um adulto irresponsável e fadado ao insucesso, pois acostumado a ter os seus desejos sempre realizados, na vida adulta fracassará quando perder algo.
Não vejo assim. Acredito que quem tem tudo nas mãos hoje vai lutar para ter os seus sonhos realizados a qualquer preço, custe o que lhe custar, esforçando-se e dedicando-se nas suas conquistas porque sabe como é bom ganhar o que se deseja.
Vejo as crianças mimadas de hoje como os adultos que saberão lutar pelos seus ideais amanhã com coragem e resignação.
Alguns pais querem até mimar as suas crianças, porém as cobranças por parte daqueles que se dizem especialistas na infância, professores e outros profissionais ensinam que criança mimada tem tendências ao insucesso, que seus espíritos se acostumarão a ter tudo nas mãos sempre que quiserem e crescerão sempre dependente dos pais.
Eu fui uma criança mimada pela minha mamãe. Sempre tive tudo o que quis. Ela nunca me negou nada. Eu gostava de estudar e brincar com as minhas bonecas de pano. A minha mãe ensinou-me desde pequenina que não podia comprar bonecas caras para mim e que eu nunca teria uma festa de aniversário porque ela não podia gastar dinheiro à toa.
Aprendi desde cedo a saber o que a minha mãe podia me oferecer e só pedia para ela o que sabia que conquistaria.
Não cresci fadada ao insucesso. Acho-me uma mulher com mais de cinquenta anos cheia de experiências e sucesso que muitas pessoas gostariam de ter conquistado. Fui a minha vida inteira mimada pela minha mãe, pelas minhas tias e pela minha bisavó que esteve sempre ao meu lado.
Seguindo o meu exemplo, este amor que recebi da minha mãe e das pessoas ao meu redor, ser mimada fez com que eu tivesse gosto pelos estudos e aprendi aos quatro anos de idade a ler e a escrever. Eu lia gibis, eu escrevia pequenos poemas, eu desenhava, eu brincava com as minhas bonecas. Tinha os meus horários de obrigações como varrer a casa e enxugar as vasilhas de plástico da louça lavada.
Os meus alunos que percebo serem mimados tendem a aprender mais rapidamente, isso porque eles não temem levar bronca dos pais ou ficarem de castigo, sabem e têm plena confiança que sempre que chegarem em casa com notas boas ou não serão bem recebidos. Estudam porque gostam, amam o que fazem. É assim que devia ser com toda criança. É assim que é para ser.
A criança que não é mimada faz tudo às escondidas dos pais e responsáveis porque sabe que se descobrirem o seu erro será castigada e terá cortado o seu momento de lazer ou passeio na casa do amiguinho.
A criança que convive com adultos que sempre lhes dizem não cresce uma pessoa medrosa, assustada e angustiada. O menor problema que lhe aparecer poderá tornar-se grande demais e não saberá como resolvê-lo sozinha. Sempre será mais fácil para ela dizer não pra si mesma, porque a vida inteira foi o que ouviu e nunca saberá dizer sim e seguir em frente.
É fácil dizer não a uma criança quando esta tende a baixar a cabeça e ficar num canto da parede chorando. Também é fácil dizer não para uma criança quando esta tende a gritar, espernear e chorar até ser colocada de castigo.
Devemos mimar as nossas crianças enquanto pudermos porque logo elas crescerão e o mundo que estamos construindo para elas é de violência, ódio, opressão e competitividade. Elas precisam de amor, carinho, cuidados e sempre que possível receberem um maravilhoso sim de todos nós para sentirem que conosco poderão contar quando na vida adulta as exigências do dia a dia cobrarem delas uma resposta imediata.
Eu sei que muita gente vai dizer que isso é mais um blá, blá, blá de quem nunca criou uma criança. Na verdade, eu criei meu sobrinho durante dez anos. Ele teve sempre o que pude lhe oferecer. Ele sabia que quando eu lhe dizia um não era porque não podia mesmo fazer aquilo. Hoje ele tem um bom emprego e uma família maravilhosa. Foi essa a única criança que criei na minha vida com a ajuda da minha mãe.
Nunca tive filhos meus para criar, mas me arrependo de não os ter tido, pois certamente seriam hoje adultos bem-sucedidos se tivessem seguido os meus ensinamentos como mãe e amiga. Sim, porque ser pai ou mãe também é ser amigo, é preciso saber passar confiança, saber cativar, saber guardar segredos e compartilhar momentos bons e ruins.
Na escola, os alunos que mais se destacavam, muitas vezes, não eram os mais peraltas, mas os quietinhos e silenciosos.
Estamos vendo uma revolução na infância. A forma como se mede a inteligência de cada indivíduo mudou, e deu espaço para a inteligência emocional. Aquela criança que é capaz de superar todas as dificuldades que lhes são impostas na vida escolar é a que mais se destacará nas avaliações futuras.
A criança peralta tende a brincar na sala de aula, jogar papel no aluno da frente, não prestar atenção na aula. Nós, professores, costumamos ficar irritados com esses alunos e os mandamos para diretoria ou colocamos nas suas agendas que não estão se comportando bem em sala de aula para que os pais tomem uma decisão sobre os seus comportamentos.
Não sabemos ou não queremos aceitar que a culpa é nossa. Sim, as crianças peraltas e mimadas tendem muitas vezes a aprenderem mais rápido, pensam e raciocinam mais rapidamente, querem aulas dinâmicas que sejam capazes de prenderem as suas atenções. Enquanto nós, professores insistimos para que copiem o texto do quadro ou abram o livro didático em uma determinada página e leiam tudo o que está lá sem nenhuma reflexão ou motivo para tal leitura, e fazemos dessas crianças apenas depósitos de conhecimentos.
Quando mimamos uma criança não estamos pecando em excesso de amor.
Ao contrário, estamos dando amor na dose certa. Elas passam a dormir mais tranquilas, não têm medo do escuro, fazem as suas lições nas horas certas e sabem das suas responsabilidades. Não têm medo de ouvirem um não porque acreditam que ele sempre virá coberto de amor e carinho. Se o professor mima os seus alunos, certamente conquistará um melhor ensino-aprendizagem na sua sala de aula, porque os seus alunos tenderão a gostar tanto dele que passarão a ver as suas aulas como uma necessidade aos seus dias. Uma necessidade que se conquista e não se impõe.
Mimar uma criança não é coisa errada.
É atender aos seus desejos sempre na hora que ela quiser. Ser criança já é tão difícil, não complique mais ainda a vida da sua criança. Não queira que a primeira palavra que ela venha a aprender seja um sonoro “não”, mas que ela possa aprender palavrinhas do tipo “amor”, “papai”, “mamãe”, “beijo”, “abraço” e “tudo bem”. Se a criança ouvir essas palavras muitas vezes essas serão as suas primeiras palavrinhas que pronunciará e levará para o seu espírito em formação.
Quando a gente cresce a vida nos ensina a receber tantos nãos. É no emprego, é na relação amorosa, é na negociação de uma casa ou veículo, é no restaurante, é até mesmo no templo religioso. Ouvimos nãos de todos os lados. Já pensou a criança que passou a infância inteira ouvindo não e chegar na vida adulta ouvir mais nãos? Eis aí o fracasso sendo desenhado. Ninguém suporta tanta dor. O copo d’água enche e derrama toda a água que foi colocada nele durante anos.
Não tenha medo de dizer sim para a sua criança, de atender aos seus desejos, de fazer a festinha de aniversário como ela quer, de comprar um presente bacana, de armar uma árvore de Natal bem grande no meio da sala. Faça tudo o que puder para que a sua criança cresça sabendo que existem pessoas que não lhe fecharão as portas quando mais precisar, que pode contar com amigos verdadeiros. Para que os seus laços de amizade sejam fortes e duradouros.
Mimar é amar antes de tudo.
O professor que mima os seus alunos atendendo ao que eles querem aprender e não ao que a escola exije que eles aprendam chegará a um resultado de ensino-aprendizagem muito mais rápido e eficiente. A criança que é livre para fazer o que ela deseja é mais feliz. Somos todos mais felizes quando fazemos o que amamos, principalmente as crianças.
Portanto, finalizo este texto com o pensamento de Karl Mannheim que diz “O que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois com a sociedade.” Que possamos dizer sempre sim para as nossas crianças para elas saberem dizer sim ao amor, a esperança e ao amanhã. Para que elas não desistam de lutar no primeiro não que ouvirem quando se tornarem adultas. O amanhã pode ser um sim lindo se você mimar a sua criança dando para ela o que lhe pede.
Não cobremos demais das nossas crianças e jovens. Tudo tem um limite. Essa geração que nos acostumamos a chamar de mimimi é a que está se suicidando todos os dias, a que está matando pais e responsáveis porque não suporta mais as cobranças de um mundo que elas não pediram para viver nele. Um mundo que não perdoa erros e defeitos. Leia mais: https://www.neipies.com/nao-temos-uma-geracao-mimimi-mas-uma-incompreendida/
Autora: Rosângela Trajano
Edição: Alex Rosset
“Se a brincadeira do momento é ficar grande parte do tempo com o rosto grudado no celular eu não vejo mal algum nisso desde que a criança tenha o seu horário de fazer as suas responsabilidades e não tenha a sua coordenação motora, o seu pensamento cognitivo e os seus sentidos prejudicados.”
Glup!
Há outros momentos aterrorizantes no texto. Olha… Eu não sei se levo a sério ou se leio qual brincante. Na vera, houve momentos que tive uma quanto outra reação.
Eu não entendi o texto. Ou entendi. Mas é tão nonsense seu ideário, que me causa um misto de seriedade com ironia.
Olhe, suas ideais são absurdas.
Inacreditável o que li. Realmente só poderia partir de quem não teve filhos. “É atender seus desejos sempre que ela quiser” e professor mimar seus alunos ensinando o que eles querem e não o que a escola exige é sem noção demais. Por isso que nossa educação não dá certo. A senhora escreveu isso, sem dúvida, baseada em alguma coisa. Bastante baseada, repito.
Realmente. É triste. O que será que motiva uma pessoa que nunca teve filhos a opiniar dessa maneira? Criança mimada cresce um adulto indulgente, possessivo, achando que deve ser servido sempre. Como você escreveu, é um texto sem noção.
Amei o artigo. Parabéns!