Quando parece que nada depende de nós e tudo que podemos fazer
é seguir andando de
cabeça baixa, sem tropeçar em ninguém,
chegamos ao fundo do poço da cidadania.

 

Somos bons. Se não todos, ao menos a maioria de nós. Levamos a vida tentando não prejudicar ninguém, tentando fazer o que é certo. Ouvimos notícias sobre corrupção e sentimos raiva. Vemos imagens de violência e intolerância e sentimos medo. Vemos crianças negligenciadas e animais maltratados e sentimos pena. Passamos por prédios abandonados e lixo acumulado e sentimos vergonha. Sentimos muito.

Às vezes até saímos do nosso caminho para ajudar alguém, para colaborar com a cidade, para contribuir com alguma causa. Mas temos nossas vidas. Temos contas para pagar, obrigações a cumprir, nossos filhos para cuidar. Temos pouco tempo e uma sensação difusa de que nada do que fizermos fará diferença.

Parece que qualquer esforço é inútil. Esse cansaço prévio, essa sensação de impotência e essa urgência para desviar dos problemas, isso é um tipo de depressão coletiva que tomou conta de nós. Isso é desesperança.

Quando parece que nada depende de nós e tudo que podemos fazer é seguir andando de cabeça baixa, sem tropeçar em ninguém, chegamos ao fundo do poço da cidadania. Não temos mais força nem coragem para conduzir nossa vida, nosso futuro e nosso país. E o resultado é que deixamos pra lá. Deixamos para alguém melhor que nós decidir o rumo da nossa história. Só que esse alguém não existe.

Não basta seguirmos em frente cumprindo nossas tarefas. Sim, precisamos nos envolver. Precisamos denunciar a corrupção, enfrentar a violência, combater a intolerância, cuidar de todas as crianças, restaurar os prédios, recolher o lixo.

E nesse ano precisamos votar. E escolher com cuidado os candidatos. Também precisamos nos candidatar.

Se é difícil confiar nos políticos, talvez seja a hora de sermos nós os políticos.

E depois, precisamos cobrar responsabilidade dos eleitos e apoiar iniciativas para uma sociedade mais transparente. Temos que confrontar nossos representantes, exigir explicações e coerência. Só isso vai nos devolver a esperança. Porque só vale esperar resultados quando agimos para alcança-los, esperar frutos de sementes que plantamos. Isso é esperança.

“A vida em sociedade é o nosso grande palco. Neste palco, somos permanentemente observados por aquilo que somos, aquilo que fazemos e aquilo que representamos diante dos demais”. (Nei Alberto Pies)

Somos se temos palco, em busca de reconhecimento

 

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