Desinfecção da ignorância

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A imprensa não é vetor de vírus.
A imprensa apenas espalha informações.
Uma delas diz para lavar as mãos.
O momento exige muita cautela com o
inescrupuloso passa e repassa pelas redes sociais.


Lave bem as mãos. Não me lembro de ter vivido uma situação análoga ao momento em que estamos passando. Há riscos, mas não pode haver pânico.

A questão comportamental pode ser mais letal do que a própria doença. A falta de conhecimento ajuda na propagação de falsas informações. Mas lave as mãos.

A ficção supera a imaginação de Ian Fleming, criador de James Bond. Há, ainda, um criminoso interesse para politizar uma pandemia. Chegam ao cúmulo de dizer que o vírus é comunista! Uau, será que também come criancinhas? Isso, claro, quando não parte de homens públicos que desdenham dos fatos e da ciência para colocar a culpa na imprensa.

Ora, a imprensa não é vetor de vírus. A imprensa apenas espalha informações. Uma delas diz para lavar as mãos. O momento exige muita cautela com o inescrupuloso passa e repassa pelas redes sociais. É o moderno vetor do vírus da insanidade. 

Numa época em que todos se acham profissionais de mídia, circulam as mais absurdas idiotices. É a pulverização da desinformação que ocupa o espaço da verdadeira informação. Isso confunde as pessoas e pode ser letal.

Antes de acreditar nas postagens cheias de milagrosos conteúdos, apenas lave as mãos. Escolha bons exemplos e vire o rosto para a irresponsabilidade, além de tapa-lo para espirrar.

Fico pasmo diante daquilo que pessoas, até então tidas como esclarecidas, repassam pelo zap-zap. Recebi um vídeo onde algum idiota leu no rótulo de um aerossol desinfetante de ambientes que o mesmo seria eficaz contra vários vírus. Inclusive o coronavírus. Mas a lata foi produzida muito antes do surgimento da atual ameaça. Então, lá vieram as mais absurdas conclusões e teorias conspiratórias.

Ora, coronavírus são uma família de vírus há muito conhecida da ciência. O Covid-19 que é a novidade. Então lavem bem as mãos e deixem de lado essas postagens. Ou logo entraremos no Guinness World Records no topo da idiotice. Ou muito pior, caso não lavarmos as mãos.


Quando a ignorância bate à porta

Quando batem a porta para a racionalidade, então a ignorância bate à porta. Quando fecham a porta para o conhecimento, a pesquisa e o ensino, escancaram a porta para a ignorância.

Quando as portas estão fechadas para o diálogo, a ignorância fardada pela truculência já se instalou. Quando não há mais portas para o contraditório, a razão evaporou pela janela. Quando não encontramos portas para a igualdade, a ignorância oprime vidas pelo ralo.

Quando a ignorância desafia a verdade, abrem-se as portas para as mentiras. Quando a ignorância desdenha da ciência, a evolução dá com a cara na porta da insensatez. Quando há portas abertas para a discriminação, a ignorância se esbalda.

Quando a ignorância passa pela porta, surge o inconsciente coletivo. Quando a ignorância bate à porta, acaba a inteligência e a civilidade. Então, feche as portas para a ignorância!



Autor: Luiz Carlos Schneider, publicado em O Nacional, Passo Fundo, RS.

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