Devemos educar as crianças. Educamos?

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Qualquer lugar é lugar para educar.
A educação vem de casa, mesmo que
esse ambiente não seja a casa.

Algumas histórias, imaginamos que só se efetivam na ficção. Porém, as piores e absurdas, observamos a olho nu, mesmo que elas não tragam nada de construção positiva a um ser: criança ou jovem em formação.

Era meio dia. O restaurante cheio. Comida deliciosa. Variada. Churrasco sendo servido com uma carne selecionada. O bufê apresentava uma gama de opções para saciar a fome. Eu já tinha me servido. Salada como de costume, em primeiro lugar. Depois, alguns outros alimentos que considero saciáveis e saudáveis. Poderia ser um dia como tantos outros, naquele restaurante de costume.

Qualquer lugar é propício para se educar. Inclusive num restaurante. Educar as crianças. A educação vem de casa, mesmo que esse ambiente não seja a casa. Educar os jovens e as crianças não demanda de um ambiente específico, nem momentos determinados para essa prática, que constrói um ser humano, na sua essência, como pessoa.

Uma mãe chegou. Duas crianças estavam com ela. Uma aparentava 2 anos. Esta já trazia um sorvete na mão. Observei discretamente, poderia ser um daqueles sorvetes em forma de cone, “corneto”. Claro essa criança não quis comer. Sentaram-se na mesa.

A criança de aproximadamente 4 anos chegou emburrada. A mãe fez, por muitas vezes, a pergunta clássica: – “Quer comer filhinha?” A menina com uma reação de desprezo à mãe, dizia que não queria. Cabeça baixa. Ali ficou. Novamente a mãe insistiu: “O que você quer comer filhinha?” Essa mãe tinha uma entonação de submissão a essa criança. A menina, é obvio, respondeu: – Não quero! Já disse!

Dali, alguns instantes, para minha decepção. Quase perco a noção de equilíbrio e senso humano.

Abri a boca para intervir. Queria dizer que não fizesse isso. Que conversasse com a criança lhe explicando que o importante é comer algo saudável. Queria dizer para essa mãe que o controle da situação compete a um adulto da relação. Que o momento era um momento de ensinar a criança a vencer frustações. Mas, me contive.

Nesse instante, a mãe levanta vai até perto do caixa, onde estavam pendurados alguns salgadinhos e alcança para a criança. A criança abre. Come juntamente com um refrigerante.

É impossível diante de tais circunstâncias não se questionar. Como educamos? Educamos? Que seres se tornarão? Assim, alimentam monstros, com baixa ou nenhuma tolerância à frustação.

Como será o nosso jovem? O nosso adulto? Seguem modestas hipóteses destes adultos ao amanhã.

Um desses poderá ser aquele que ao fim de um relacionamento não supera essa frustação, vai até a casa da ex e a mata, ou ela que poderá se matar por não estar acostumado a lidar com frustrações.

A vida é cheia de frustrações. Será que na vida a adulta não poderá ser contrariado? Será um adulto problemático, que não entende a frustração de seus desejos.



Nossa sociedade está doente, por que não é possível que
uma geração toda receba educação quando os adultos
não entendem seus papeis de progenitores e educadores de vidas.
Que precisam dizer não, ao invés de sempre dizer sim.

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