A educação ambiental vem a ser a crisálida,
a capa de proteção que possibilita a reflexão do ser humano
para reconduzir suas ações e interações com o meio
e com os outros seres humanos.
Quando penso em educação, especialmente educação socioambiental sempre vem a tona a estória a seguir relatada por um colega ambientalista e adaptada de minha dissertação de mestrado em 2006, quando ainda morava no Brasil… temos muito que aprender com a natureza.
“Certa vez, um ambientalista estava desenvolvendo um trabalho de campo e observou uma linda borboleta. Achou-a tão exótica que a seguiu até seu pouso numa árvore. Parou muito próximo da espécie lepidóptera e falou: _ Ó borboleta, o que fazes aí?
Obviamente, que a borboleta não o respondeu e ainda sentiu-se intimidada. Levantou vôo, mas no local de seu pouso ficaram alguns pontinhos coloridos – os ovos. O ambientalista sentou na frente dos ovos e por ali ficou. Caiu a noite, amanheceu, veio a chuva e ali estava o ambientalista, observando… até que de repente, os ovos eclodiram e surgiram no lugar muitas lagartas. As lagartas evoraram o que existia em seu meio, corroeram as folhas e o tronco com voracidade. E o ambientalista permanecia observando.
Num outro momento as lagartas empuparam, esconderam-se dentro das crisálidas, fechadas em si mesmas. Não destruíam, não se agitavam, o silêncio era espantoso. Após alguns dias, romperam-se as crisálidas e delas saíram lindas borboletas, lagartas irreconhecíveis por suas asas e cores, mas iguaizinhas a primeira borboleta seguida pelo ambientalista. O observador, feliz porque poderia ter novamente uma chance de conversar com a linda lepidóptera. Correu para junto de uma e disse: _ Agora você não escapa. Dize-me: ó borboleta o que fazes aí?
A borboleta resolveu aquietar o coração daquele que dedicou muito tempo a lhe observar e respondeu: _ Durante grande parte de minha vida (lagarta) passei degradando o meio no qual vivi. De repente caí em mim e mergulhei em profunda reflexão (pupa). Agora que criei asas (adulta), só quero sugar o néctar dos deuses e plantar a vida”.
Após ouvir a sábia borboleta, o ambientalista, voltou a si próprio e passou a ressignificar sua prática.” Pode-se estender essa reflexão à trajetória da humanidade no planeta Terra. Durante algum tempo, guiados pelo “desenvolvimento a qualquer custo”, principalmente na “modernidade”, muitos seres humanos revelaram seu estágio larvário – viveram como lagartas, degradando e destruindo seu meio com voracidade. Porém, acredita-se que isso foi uma etapa da evolução da espécie.
A educação ambiental vem a ser a crisálida, a capa de proteção que possibilita a reflexão do ser humano para reconduzir suas ações e interações com o meio e com os outros seres humanos.
Depois de longas discussões sobre a educação ambiental, é possível que a crisálida seja rompida. Que os seres humanos criem asas, e que essas os conduzam para um novo momento, um momento de liberdade, de uma nova ação.
Para finalizar pode-se pensar que essa nova ação livre seja de apenas querer sugar o néctar dos deuses e plantar a vida, como fez a sábia lepidóptera. A práxis gerada nesse processo conduz o olhar para dentro de si, para o outro e para o meio, redirecionando o processo pedagógico, social e ambiental, contribuindo para a tão sonhada sustentabilidade planetária.
Eliane Thaines Bodah, em sua passagem por Passo Fundo, participou de Ciranda dos Saberes do CMP Sindicato. Na oportunidade, pode falar aos colegas daqui das suas experiências do lado de lá: dos EUA. “Eliane Thaines Bodah que dividiu com os professores da rede municipal os detalhes de como os EUA vem lidando com esses problemas de maneira comparativa, propiciando experiências e possíveis técnicas que podem ser adaptadas ou ressignificadas para a realidade brasileira, bem como os aspectos positivos da educação nos dois países”.