Para educar, precisamos compreender as características de cada faixa etária da criança a partir da gestação, do nascimento e da fase infantil para compreender qual a ação educativa a ser adotada para ajudá-la a construir uma vida que valha a pena ser vivida e que lhe proporcione plenitude e felicidade no futuro, na busca do que é belo, bom e verdadeiro.
A palavra educar é originária do Latim – educere – e significa “puxar dos fundamentos para fora, levantar, extrair de dentro”. Esta ação, em nosso entendimento, significa extrair do educando todo o potencial divino que ele possui no âmago de seu ser e que precisa ser estimulado para desabrochar.
Para educar, precisamos compreender as características de cada faixa etária da criança a partir da gestação, do nascimento e da fase infantil para compreender qual a ação educativa a ser adotada para ajudá-la a construir uma vida que valha a pena ser vivida e que lhe proporcione plenitude e felicidade no futuro, na busca do que é belo, bom e verdadeiro.
Nos primeiros meses do recém-nascido ele dorme bastante pois está se adaptando ao desafio da vida. Desde os primeiros dias de vida os pais devem ajudar o nenê a perceber que nem sempre ele será atendido imediatamente quando chora, conversar carinhosamente, acalmá-lo, assim ele estará começando a compreender a dinâmica da vida e ir aprendendo a conviver com pequenas frustrações e superá-las.
No primeiro ano de vida o bebê crescerá mais rapidamente e se modificará mais do que em qualquer outra idade.
Até os três meses o sentido do tato na criança é bastante desenvolvido. Ela aprende sendo tocada e tocando pessoas e objetos. O saber agarrar é um reflexo inato e não uma ação consciente.
O olhar da mãe é muito importante. Ela vai se “ver” refletida nos olhos da mãe, especialmente durante a amamentação. A mamãe deve deixar o celular fora do seu alcance e curtir estes momentos, interagindo neste intercâmbio com o seu rebento de maneira intensa e feliz.
O bebê, quando está acordado, gosta de companhia. O contato com a mãe e demais pessoas se dá pela vista, audição e tato. Ele é muito sensível ao som. Faz bem para ele ouvir a voz humana que pode se expressar por uma canção suave, como de ninar, o sussurro carinhoso, assovio, a contação de histórias.
Por volta dos quatro a cinco meses elas apreendem a alcançar e segurar os objetos, que estão próximos. Eles gostam de chocalhos e brinquedos de superfície lisa e grandes coisas coloridas para apertar, brinquedos estofados, em forma de bichinhos ou de rosca, que é fácil de ser agarrado.
O sentido da audição é bem desenvolvido desde antes do nascimento. Proporcionar à criança a audição de música suave (Mozart, Beethoven, Vivaldi, Brahms, por exemplo), cantigas de ninar, canções do folclore. Contar pequenas histórias demonstrando na voz, na expressão facial a emoção dos personagens.
Elas gostam de se olhar no espelho e se autoconhecerem no colo do adulto. Elas aprendem a falar, caminhar e agir imitando as pessoas que estão interagindo no meio onde elas estão inseridas. O adulto é o modelo.
A partir dos seis meses dormem menos e já conseguem brincar sozinhas. Derrubam e atiram coisas e repetem esses atos várias vezes o que lhes dá prazer. A criança adora brincar com as pessoas que já conhece e acena quando o adulto se despede. Por volta dos sete meses começa a engatinhar e logo em seguida, a levantar-se apoiada em algo e ensaia os primeiros passos estimulada e amparada pelos adultos. Consegue juntar os dedos polegar e indicador para catar objetos pequenos, demonstrando novas habilidades cerebrais adquiridas.
Quando o bebê vai consolidando o senso de mobilidade se tornará um grande explorador do mundo que o cerca sem qualquer noção de perigo. Ele não entende o significado da linguagem abstrata que quer ensiná-lo sobre o perigo. Vai aprendendo pelo erro e acerto.
Elas gostam de “casinhas” improvisadas, caixas de papelão, embaixo da mesa, lugares para se esconderem e serem achados. Estão descobrindo todos os cantos do seu mundo. Brincar ao ar livre com terra, areia e água é muito gostoso e elas podem sujar-se à vontade, por algum tempo.
As crianças gostam de ouvir música suave ou alegre e movimentada e dançar, se sacudir no ritmo da música. Para acalmar e induzi-la a um sono reconfortante nada melhor que uma canção suave e uma prece ao “Papai do céu”.
As quadrinhas rimadas, versinhos e leituras curtas são apreciados pelas crianças. Elas gostam de folhear livros coloridos e revistas ou tocar as páginas dos tablets e telefones celulares. A partir dos três anos elas vão se tornando mais sociáveis, curtem muito seus brinquedos prediletos, que para elas tem vida.
A palavra predileta de grande número de crianças de dois anos é NÃO. É o início da autoafirmação, elas estão testando a própria vontade e a dos pais. De vez em quando elas necessitam ser obstinadas, isso faz parte do desenvolvimento. Não se deve fazer disso um problema. O melhor a fazer é distraí-las com outra coisa interessante, desviar sua atenção do foco da irritação ou da frustração.
A duração do interesse da criança por alguma atividade é muito curta. Ela só brincará por longo tempo se lhe derem uma bacia com água e areia ou barro. Descer e subir em escadas ou coisas ajuda no desenvolvimento dos seus músculos maiores dos braços, pernas e tórax e do senso de equilíbrio. Proporcionar passeios a pé, ao ar livre, junto à natureza, escalar árvores, ouvir o canto dos pássaros, ver voarem as borboletas e aves, observar o movimento das nuvens no céu, olhar o sol e, à noite, as estrelas e a lua, sentir a brisa do vento, as gotas da chuva, caminhar descalça na beira da praia, mar, rio ou córrego ou na grama orvalhada são experiências ricas de emoção.
Elas gostam de ouvir uma história que as fascina, várias vezes, até esgotarem a vontade, pois elas estão educando as emoções básicas, sentindo o que os personagens estão vivendo: surpresa, medo, tristeza, alegria, raiva, etc. O mesmo acontece com a audição e canto de cantigas infantis e folclóricas.
Nesta fase brincar ou trabalhar com a mãe e o pai, aprender coisas com eles é fascinante. A curiosidade de conhecer o mundo é insaciável. Gostam de experimentar e fazer coisas novas, de rasgar, despedaçar e esmurrar e perguntar: porque isso, aquilo. Elas querem entender o mundo.
É o momento de ajuda-las a desenvolver a fé sincera, pura, orando com elas desde a mais tenra infância, falando em Deus, o “Papai do Céu”, em Jesus, no Anjo da Guarda. Isto vai ajuda-las, no futuro, a não ter aflição exagerada, a depressão profunda, a provocarem autolesão, e a cultivarem a ideação suicida… A fé equipa e ilumina a mente com energia e força que a ajudarão a superar as situações difíceis que advirão.
O poeta João de Deus, no livro Antologia da Criança psicografado por Francisco Cândido Xavier, nos oferta a poesia Resposta de Mãe, que ilustra essa fase.
– Minha mãe, onde está Deus?
– Ora esta, minha filha,
Deus está na luz que brilha
Sobre a Terra, pelos Céus.
Permanece na alvorada,
No vento que embala os ninhos,
No canto dos passarinhos,
Na meiga rosa orvalhada.
Respira na água cantante
Da fonte que se desata,
No luar de leite e prata,
Está na estrela distante…
Vive no vale e na serra,
Onde mais? Como explicar-te?
Deus existe em toda a parte,
Em todo lugar da Terra…
– Ó mamãe! Como senti-lo,
Bondoso, sublime e forte?
Será preciso que a morte
Nos conduza ao céu tranquilo?
– Não, filhinha! Ouve a lição,
Guarda a fé com que te falo,
Só podemos encontrá-lo
No templo do coração.
As crianças de três a seis anos gostam de dramatizar, fingindo que são bichos ou coisas, e que já são adultas: motorista, professor, bombeiro, mamãe, papai, etc. e devem ser estimuladas para tal, tanto no lar como na escola infantil. Os fantoches são excelentes para as crianças representarem, elas também gostam de encenar as histórias ouvidas.
A linguagem simbólica da arte agiliza a sua imaginação, amplia seus limites intelectuais, ajuda a descambar para o sonho, a fantasia, para um outro mundo possível, apresentando novas possibilidades de ser e sentir.
A linguagem sensível ajuda a integrar as áreas do conhecimento, do intelecto, da motricidade e das emoções básicas. O contato com as emoções e o sentimento ofertam a possibilidade de autoconhecimento e conhecimento do outro. A atividade artística não é só um passatempo, uma fruição, é um tempo em que a criança passa consigo mesma, interage com o outro e com o mundo, contribuindo no seu desenvolvimento e oferecendo novas formas de significado para sua vida.
Quando a criança tem a oportunidade de ouvir histórias, desenhar, pintar, esculpir, dramatizar, cantar, dançar ou brincar espontaneamente e estar em contato com a natureza, ela está encontrando um sentido para sua vida, percebendo-se um ser integrado consigo, relacionado com o seu ambiente e os outros e com Deus.
Os pais e educadores precisam estar atentos às emoções das crianças. Ideal que elas sejam expressas e trabalhadas pelos adultos. A frustração e a raiva são inevitáveis quando a criança está se desenvolvendo. Ela necessita aprender a desabafar, externando a energia de sua raiva, agredindo e mordendo coisas e não pessoas.
Nas escolas infantis temos os “sacos de pancada”, os bonecos “João Bobo” ou “bode expiatório” sobre quem elas descarregam a raiva. Com eles a criança poderá desabafar sentimentos que devem ser externados sem prejudicar irmãos e colegas. Os sentimentos recalcados são causas de futuras perturbações emotivas.
Sugestão de brincadeira, nesta linha, é a “Guerrinha de Jornais”: orientar que as crianças façam bolinhas de jornal amarrotados, imitando munição e construir trincheiras de papelão para brincarem de jogar as bolotas uns nos outros. Ninguém se machucará e muita agressividade será aliviada de forma alegre.
Outra atividade desestressante é jogar, com a criança, pedras dentro de um lago, rio, à beira mar ou acertar num alvo previamente colocado em um lugar para ser atingido, jogando para fora o que elas identificam com o medo, a raiva ou a tristeza.
O brinquedo é a mais alta fase do desenvolvimento infantil, cheio de pureza e espiritualidade. Proporciona alegria, liberdade, satisfação e paz com o mundo. A criança que brinca espontaneamente será um adulto harmonizado.
Nos primeiros sete anos de vida a criança fisicamente sofre grandes alterações e crescimento. O corpo vital da criança ainda é dependente da vitalidade da mãe. Época de predominância das doenças febris e infecciosas comuns da infância, que estimulam o amadurecimento do sistema imunológico e a individualização das proteínas da criança. A criança, por isso, precisa se sentir aninhada, querida, amada. Vai aprender a falar, expressar suas emoções e sentimentos, pensar, brincar, imitar e deve acreditar que o mundo é bom. Que o bem sempre vence o mal, como nos contos de fada.
Pelos seis anos, o pensamento já está mais desenvolvido inicia-se a alfabetização e a socialização melhora. Ela já está apta a ler as informações do mundo que a cerca e decodificar o código do alfabeto.
Dos sete aos oitos anos as crianças manifestam muita energia são sensíveis às emoções e aos sentimentos alheios. Desenvolvem a conduta ética, usam regras. Já sabem obedecer quando reconhecem e aceitam a autoridade do adulto. Querem entender o mundo dos adultos e gostam de novos desafios.
A construção da identidade moral da personalidade e do caráter se dá, preferencialmente, até por volta dos oito anos, consolidando-se na adolescência, por isso a educação moral e emocional deve ser enfatizada por pais e educadores nestes anos iniciais da vida que vão deixarão suas marcas para sempre.
Dos nove aos dez anos elas têm consciência do que é certo ou errado e um elevado sentimento de ética. São automotivadas. Nessa fase ocorre rápido crescimento físico. Gostam de atividades físicas ao ar livre. São sensíveis emocionalmente e, se estimuladas, apresentam atitudes de altruísmo engajando-se em projetos sociais e ambientais edificantes.
Nós adultos, pais e educadores, encontramos em Jesus, o maior pedagogo da Humanidade, o modelo excelente de educador.
Como Jesus educava?
– Conversando, dando atenção, abençoando, esclarecendo, nos informando que Deus é nosso Pai amoroso, que todos somos irmãos, sintetizando a Lei Divina em: “Amar a Deus sobre Todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.
Jesus utilizava a linguagem simbólica da parábola para ilustrar e perpetuar seus ensinamentos. Tinha sempre com um relacionamento edificante, dando sentido à vida dos que o rodeavam, enunciando seus conceitos com amor energia como: “Seja o teu falar sim, sim; não, não”.
A sua sala de aula era a Natureza: nos campos, caminhos, praças, no lar de Pedro, na praia, no monte, nos mostrando que a Natureza representa o livro aberto da sabedoria divina. Precisamos ensinar a criança a ler este livro, pois, em tudo que há vida, está escrita a lei de Deus e se pode perceber o verdadeiro sentido da mesma. Ensiná-la a se perceber como filha de Deus, integrante da Sua criação, sentir intensamente a vida que a rodeia, no lar, na escola, na natureza, na Sociedade, mas também sentir a sua transcendência, perceber a sua dimensão espiritual.
Para educar temos que levar em consideração todas as dimensões da inteligência do educando: a intelectual, as inteligências múltiplas, a emocional, a moral e a espiritual.
No lar, na família, pela educação e princípios morais formamos o ser humano, o caráter da nossa criança; na escola, pela instrução, formamos o cidadão ecológico que irá contribuir na Sociedade, para melhorar a qualidade de vida pessoal dos demais grupos sociais em que se irá inserir e a conservar e preservar a natureza ajudando a tornar este mundo melhor.
A ação transformadora da educação de nossas crianças é desafiadora.
Autora: Gladis Pedersen de Oliveira