Os fantoches atraem a atenção porque conversam com as crianças e lhes dão atenção, tudo o que elas mais querem nessa época de distanciamento social.
Eu tinha apenas quatro anos quando ganhei o meu primeiro fantoche. Fiquei feliz. Muito feliz. Com ele, comecei a fazer os meus primeiros roteiros teatrais. O meu público eram as minhas bonecas de pano, que também são ótimas para o ensino na educação infantil.
Penso que toda criança deveria ter um fantoche e que o teatro poderia ser estudado desde a educação infantil, pois a gente vê poucos dramaturgos e roteiristas nas periferias brasileiras. Refiro-me às periferias como quem é moradora de uma e sabe bem o que fala quando se refere a um povo esquecido e sofrido.
O fantoche que é colocado na mão para ser manipulado pela criança imitando uma voz conhecida, abrindo e fechando a boca ao partir do movimento de seus dedinhos pode ser um bom elemento nas aulas do ensino remoto na educação infantil.
O imaginário das nossas crianças tem sido tão pouco explorado. Necessitamos fazer com que elas criem novos mundos, novos monstrinhos, novas formas de ver e estar por aqui e que essas formas sejam todas das suas cabecinhas pensantes. Sem o imaginário não sobreviveríamos às dificuldades que o mundo nos coloca todos os dias, todos os momentos.
Um fantoche pode ser feito em casa mesmo com alguns pedaços de tecidos e costurados até mesmo à mão. Quanto mais simples for o fantoche, mais ele chamará a atenção da criançada. Qualquer professor poderá produzir um caso tenha facilidade com artesanato. Hoje temos ao nosso favor a internet que tudo ensina, e podemos aproveitá-la para aprendemos coisas lindas e maravilhosas.
Aprendi a fazer os meus próprios fantoches aos doze anos de idade. Mas, desde os cinco anos, que os manipulo. Sempre inventei personagens, sempre vivi em mundos diferentes do real e sempre fui uma criança feliz com os meus brinquedos fabricados em casa pela minha mamãe ou bisavó.
As professoras e professores podem adaptar as mais diversas histórias dos livros paradidáticos para o teatro. O texto narrativo pode tornar-se um diálogo entre os personagens e as crianças.
Combinado a isso, o professor também pode incluir o assunto da aula no roteiro. Sei que pode parecer difícil, mas não é. Um pouco de força de vontade, dedicação e gosto pelo teatro incentivará no processo dessa nova forma de dar aulas às crianças da educação infantil e, certamente, elas vão adorar. Toda criança gosta de bonecos, de conversar e quem sabe se a professora for mais criativa fazer com que os alunos interajam nos roteiros.
Os fantoches atraem a atenção porque conversam com as crianças e lhes dão atenção, tudo o que elas mais querem nessa época de distanciamento social.
Fazer um teatro com esses bonequinhos pela câmera do celular ou computador será uma forma agradável de se ensinarem às crianças os mais diversos conteúdos, até mesmo a matemática pode ser ensinada dessa forma. Os fantoches também são ótimos para ensinarmos biografias e fazermos com que as crianças imitem pessoas conhecidas usando do lúdico para aprenderem.
Não é somente na escola que é possível aprender brincando. Sim, o ensino remoto também nos traz várias possibilidades de ensino-aprendizagem.
Os fantoches transmitem emoções as mais diversas e as crianças, do outro lado da telinha, podem se sentir bem atraídas por esses bonecos com voz e jeito de ser parecidos ou não com elas, que muitas vezes dão conselhos e noutras contam anedotas.
Não será o fantoche o grande responsável pelo êxito da sua aula, professora ou professor, mas a sua criatividade, o roteiro que você criará para dar a sua aula através desses bonecos.
Sabemos que as crianças estão cansadas das aulas remotas, por isso todos os dias é preciso nos reinventarmos. Não é fácil conseguir atrair uma criança por quarenta a cinquenta minutos. Precisa-se de uma metodologia bastante criativa.
Para manipular um fantoche, não se faz necessário fazer curso nenhum. A sua aula não precisa ser profissional.
Vejo muitos professores que se preocupam e ao me ver gastam dinheiro à toa fazendo cursos sobre temas que poderiam aprender assistindo a vídeos na internet ou fazendo leituras. Podemos poupar o nosso dinheirinho nos esforçando um pouco na autoaprendizagem. Sei que muitos têm dificuldades de aprender sozinhos, porém o resultado é gratificante. Também não fico apenas na teoria, porque na prática já dei muitas aulas com fantoches.
O importante nisso tudo é saber reinventar-se. Reinventar é a palavra do momento com o ensino remoto. Descobriram e passaram a valorizar não só o professor de Artes Visuais e Cênicas da escola, mas os professores de todas as disciplinas. Leia mais!
A minha experiência com os fantoches foi encantadora. As crianças do outro lado da telinha queriam tocar no boneco, se aproximavam da tela, queriam chegar até mim e boquiabertas sorriam quando o boneco lhes contava algo engraçado. Consegui com isso que as minhas crianças aprendessem a fazer continhas sem medo da matemática, também aprenderam a pronunciar palavras corretamente e acabaram perdendo vícios de linguagem difíceis de serem tirados na sala de aula presencial.
Eu fiz um fantoche que recebeu o nome de “Portugol”. O “Portugol” era um fantoche que conhecia as palavras difíceis da língua portuguesa e com isso as crianças aprenderam diversas novas palavras que nunca tinham ouvido antes.
Ensinar também é uma arte. Atualmente, tem sido mais arte do que técnica. Faz-se poesia quando se transmite-se beleza e alegria. As crianças não querem muito para sorrir e também não precisam de muito para aprender coisas novas, porque são por demais curiosas. Elas só querem todos os dias um jeito novo de aprender.
As aulas com os fantoches podem ser uma novidade que apresente ludicidade, poeticidade e, ao mesmo tempo, potencialize o ensino-aprendizagem de forma mais fácil e rápida. Sim, é possível ensinar através do lúdico. Todos nós gostamos de sorrir, as crianças não gostam de pessoas carrancudas. Elas querem aprender sorrindo.
Na minha infância, infelizmente, não fui alfabetizada com fantoches e quase não estudei o teatro. Tive o prazer de ler muitos livros em prosa e muita poesia, também. No entanto, em casa eu estudava com os meus fantoches, e eles eram os companheiros a quem dava vida através das minhas mãozinhas.
A criança quer apenas que lhes passemos um pouco de cuidado, elas não gostam de repetições e nem de ficar longos minutos ouvindo coisas que não são atraentes. Elas querem o susto, o inesperado, a surpresa. De repente, o fantoche que estava vivo ganha vida e diz “olá” surpreendendo a criançada.
Temas como a morte, a saudade, a perda, a dor, a coragem nesses momentos de distanciamento social e pandemia podem ser trabalhados com os fantoches. Tudo pode ser ensinado através dos fantoches, mas, para isso, é preciso que a criatividade da professora seja alimentada com leituras, filmes e música.
Professora, você pode mostrar ao seu aluno que, no mundo dos fantoches, também existem dificuldades e pessoas chatas, para que ele se reconheça no fantoche. Pode até mesmo fazer um roteiro sobre a história de um aluno da sua turma, enfocando sempre o ensino-aprendizagem para que esse aluno diga para si o quanto a história do fantoche é parecida com a sua e passe a imitá-lo uma vez que aprendeu com ele a vencer o obstáculo, a dificuldade, o problema, a dor.
Fantoches despertam interação num ambiente onde o acolhimento com o abraço ainda não é possível.
Fabrique o seu próprio fantoche, professora ou professor. Comece hoje mesmo a fazer os seus roteiros pequeninos. Quem sabe descobrirá o artista que mora dentro de você. Brinque com a sua criança usando o fantoche para fazer perguntas curiosas sobre a sua vida e as suas expectativas em relação as coisas ao seu redor. Saiba que o fantoche é o seu duplo.
Como professora, Enir Tormes sempre priorizou a educação da qualidade, onde muitas vezes teve que utilizar de recursos próprios para qualificar sua prática pedagógica, onde investiu muita na profissão, fazendo formações, comprando livros e materiais para poder ofertar aprendizagens significativas junto às crianças.Sempre gostou de contar histórias e foi aperfeiçoando as técnicas para envolver, ao máximo, as crianças. Conheça história desta professora.
Autora: Rosângela Trajano
Edição: Alex Rosset
Tema muito bom para ser explorado nas aulas de Prática Pedagógica, no curso de Pedagogia, preparando professores mais criativos, com aulas atraentes. Achei pertinente esse caráter lúdico que assegura a atenção e o interesse do educando.
Parabéns, Danda!