Escola de pensadores

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A vida, o conhecimento, é como uma imensa escadaria, em que não conseguimos ver onde termina. Sabemos que a partir de uma altura, poderemos enxergar mais longe.

O conhecimento humano é dinâmico. Sempre foi e sempre será. Uns morrem e outros nascem. Porque?  Porque as crianças satisfazem sua curiosidade perguntando como e para quem? Para seus pais, parentes mais idosos, amigos, professores?

Porque, com o tempo, esta curiosidade vai diminuindo de um modo geral e crescendo em outras? Falta de estímulo? Falta de estimuladores?

A ciência não tem limites de conhecimento. Principalmente, na ciência do saber. Cada um tem suas preferências para conhecer o mundo e seus segredos.

E onde nasce a curiosidade pelo desconhecido? No passado, foi sendo aluno dos grandes pensadores. Nos dias atuais, sem dúvida, é na escola.

Vamos voltar um pouco no passado.

No Rio Grande do Sul ocorreu a construção das “denominadas brizoletas”. Estas são testemunhas da universalização da educação primária no Rio Grande do Sul. As escolas, construídas em madeira, podiam ter apenas uma ou várias salas de aula. O nome popular está relacionado ex-governador gaúcho Leonel Brizola.

Segundo Brizola, entre 1959 e 1962, foram construídas 5.902 escolas primárias, 278 escolas rurais e urbanas e 131 ginásios, colégios e escolas, totalizando 6.302 novas instituições. Multiplicou as salas de aula, criando uma rede de ensino primário e médio que atingiu os municípios mais distantes, inclusive nas zonas do pampa, de baixa densidade populacional.

Abriu 688.209 novas matrículas e admitiu 42.153 novos professores.

Foi uma autêntica revolução educacional.

Bem, este foi o passado.

O sistema educacional continuou evoluindo pelas formações de novos professores, melhores instrumentos de educação, onde verdadeiros pacotes de conhecimento estão à disposição dos professores e alunos. Esta evolução foi excelente, mas será que está sendo suficiente para o mundo que nos espera e a concorrência com a educação de outros estados e de outros países? Não, absolutamente não.

A vida, o conhecimento, é como uma imensa escadaria, em que não conseguimos ver onde termina. Sabemos que a partir de uma altura, poderemos enxergar mais longe.

A grande maioria só tem chance de subir até uma altura. Muitos destes poderiam subir mais alto, mas as escolas primárias, com pequenas mudanças lhes oferecem um somatório de conhecimentos, com poucas variações.

 Cada vez, com mais frequência, há uma crescente mudança nas variadas áreas do conhecimento, como comunicação, de medicamentos, de locomoção.

Enfim, saltos tecnológicos nas mais variadas áreas do nosso dia a dia.

Pergunta: será que nessa imensa dimensão de revoluções tecnológicas, algumas não poderiam contribuir para um salto na educação?

Educação, educação e mais educação é o caminho a seguir. Mas que tipo de educação?

 Por que não formar turmas de” pensadores”?  Só de alunos, não.

De professores e alunos. A educação básica seria a atual, mas parte importante do tempo na escola seria dedicada a fugir do formalismo. Pensar em qualquer coisa, mas pensar e discutir no grupo a viabilidade das ideias.

 Não se busca ideias milagrosas, mas sim ideias que despertem ideias. Podem não servir para uso imediato, mas acostumarão os alunos a pensar na vida adulta.

Difícil? Sim, mas acostumar a pensar em situações diferentes é como uma receita de pão, só com o trigo a massa não cresce, o “fermento” é que a faz crescer. Os frutos dos pensadores não vão revolucionar o ensino, mas darão a estes alunos condições para subir mais alto na escadaria da vida.

Seriam parte dos futuros líderes, que o país necessita.

(este texto foi produzido a partir de proposta apresentada aos candidatos a prefeito municipal de Passo Fundo, antes das eleições de 2024, durante sabatina realizada na APL (Academia Passo-Fundense de Letras)

Autor: Roque Tomasini, Acadêmico APL (Academia Passo-fundense de Letras).

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