Presos e amordaçados, como deliberamos?
Como escolhemos se estamos intimidados,
se temos medo de caminhar adiante?
“O medo é um obstáculo à ética, porque paralisa a ação. E se não podemos agir, então estamos apartados de nossas escolhas, isso porque se não há ação não há possibilidade, não há devir.
Uma ação paralisada se configura como uma prisão no tempo presente. Estar preso é não poder prosseguir, é não ir adiante porque estamos acorrentados a nós mesmos. E se entendemos o pensamento como um modo de ação, concluímos que estar preso é manter em cativeiro nossa alma, é impedir o fluxo de nossas ideias e romper com a perspectiva de interação e transformação.
Estar preso é continuar a estar preso. É estar incapaz, pela circunstância que nos é imposta pelo próprio medo, de deixar de ter medo. É aniquilar a ideia de futuro como algo diferente. É impedir que a ideia de futuro, como algo libertador, seja realizada. É assumir que a prisão do sono, ou daquele que sonho preso em uma cama, é a única realidade possível.
Presos e amordaçados, como deliberamos? Como escolhemos se estamos intimidados, se temos medo de caminhar adiante?
Ter medo é como se deparar num labirinto espirado, e se ver como quem escorre num ralo, mas sem poder ir embora, sem conseguir escapar para longe do redemoinho de eternas repetições.
Estar com medo é o mesmo que estar morto”.
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Fonte: Flávio Tonnetti e Arthur Meucci.
Ética, Medo & Esperança – Coleção Miniensaios
de Filosofia. Petrópolis: Vozes, 2013