Reconhecendo as virtudes de outros povos e outros países,
conseguimos refletir muito sobre nosso modo de ser,
pensar e agir brasileiros.
Uma viagem à Europa, muitas coisas me saltam aos olhos: a língua, a educação, a arquitetura, a arte e a comida. Num texto único fica impossível descrever tamanha admiração e emoção.
Talvez eu pudesse falar do que vi nas ruas e em alguns lugres públicos como igrejas e palácios, na França, professoras com seus alunos ensinando a arte.
Talvez eu pudesse falar sobre o uso da língua inglesa ao chegar na Inglaterra e ter que me explicar por horas, sobre meu objetivo em estar querendo ultrapassar a migração. E em tudo o que eu falava era posto um ponto de interrogação, mesmo mostrando o endereço onde ficaria e a passagem de retorno.
Talvez eu pudesse falar da arquitetura que encanta e surpreende tanto na França como na Inglaterra, ou até mesmo, do clima e a expressão das pessoas que vi.
Poderia, ainda, contar sobre a ética, a moral e a honestidade em ver que nos supermercados da Inglaterra ou da França: você mesmo pesa suas frutas e produtos da padaria, colocando o preço e ao chegar ao caixa você se depara com uma máquina em que você mesmo passa seus produtos, encere uma determinada nota na máquina e ela te devolve o troco, saindo sem que ninguém lhe pergunte se realmente você fez correto.
Todavia, relatarei fato impressionante que me aconteceu, levando em conta a seriedade das instituições e a pontualidade.
Era 24 de janeiro. Muito cedo. Estávamos em Paris, França. Saímos eu e meu amigo. Destino aeroporto. Sem nem mesmo olhar na passagem. Chegamos no Aeroporto Orly. Meu amigo me olhou. Tem certeza que é esse aeroporto? Olhamos na passagem não era. Desespero. Hora que voa. Que não espera. O que fazer? O Aeroporto era Charles de Gulle, mais conhecido como CDG. Ficava do outro lado de Paris.
Pagamos um táxi. Caro. Muito caro. Custou$ 130,00 euros. Em reais R$ 585,00 mais ou menos. Disso fica a dica, nunca saia para viagens somente com o dinheiro limitado. Chegamos correndo. Despachamos as malas. Corremos para o embarque. Um avião de porte pequeno. Bem pequeno. Com muitas oscilações. Destino Inglaterra. O avião balançava. Ao invés de turbina. Tinha hélices.
Atravessamos o Canal da Mancha que levou cerca de 1 hora. Chegamos à Inglaterra, Cidade de Southampton. Fomos crivados de perguntas na Migração do Reino Unido, inclusive nos perguntaram várias vezes a mesma coisa. Entrevista por três agentes da Migração. Dispensados. Seguimos em direção à esteira aonde chegam as malas. Cadê minha mala? A policial respondeu que era para nós passarmos falar com mais dois policiais. Chegamos noutra sala. Dois policiais com luvas como se fossem revistar as malas. Muitas perguntas. Inclusive se usávamos drogas.
Dispensados do novo interrogatório, dirigi-me ao balcão da Empresa AirFrance. Questionei-os sobre a minha mala que não havia encontrado. Começa bater o desespero. Ligam para a França. Minha mala havia ficado na França. Fizeram o protocolo. Desespero aumenta. Cheguei à Inglaterra, onde passaria uns dias, inclusive visitaria Londres, porém tudo o que precisava estava num outro país, no caso França. Solícitos, garantiram que minha mala chegaria à Inglaterra naquela noite. Naquele momento, 17 horas da tarde. Desespero ainda mais aumenta. Insegurança. Já que eu não ficaria em Southampton, meu destino final era a cidade de Portsmouth, onde moram meus amigos que fica a 32 km de Southampton. Nisso o agente reintegrou que não precisava criar pânico porque minha mala estaria no endereço dos meus amigos em Portsmouth no mesmo dia.
Ao chegamos à casa do meu amigo, minha surpresa, logo tocou o telefone. Era a companhia aérea dizendo que minha mala havia chegado a Southampton. E que às 20 horas estaria no endereço indicado em Portsmouth. Ficamos aguardando.
Vinte horas, nem um minuto mais nem a menos toca a companhia. Era o entregador. Verifiquei. Intacta estava a minha mala.
Isso me fez perceber o quanto é importante a seriedade institucional e a responsabilidade com o cliente. A pontualidade também é uma marca dos europeus.
A Europa tem este poder de nos surpreender e de nos ensinar. Reconhecendo as virtudes de outros povos e outros países, conseguimos refletir muito sobre nosso modo de ser, pensar e agir brasileiros.