Dinheiro também é importante, sem ele não teríamos atualmente nem o chimarrão, e muito menos talvez o cachorro. Sem contar na comida. Mas não deixe ele se tornar o centro e o fim de tudo. Na falta de comida, ainda conseguimos encontrar alguém que reparta a sua. No excesso de dinheiro, há mais partilha ou mais conflito?

 

Era uma tarde de dezembro. O sol estava forte, mas o vento trazia consigo uma brisa fresca. Acabara de comer uma fatia de melancia, deixada pelo namorido em cima da mesa da cozinha. Logo após, coloquei uma roupa velha para então começar a realizar os serviços que me esperavam.

Da sala ao banheiro vem em minha mente a imagem de meu namorido trajado em vestimentas de guerra, com armas em punho, pronto a sair de casa para algum combate, a princípio inexistente. Não pode haver sensação pior.

As notícias que haviam chegado pelo celular tinham proporcionado tal pensamento: “O exército brasileiro convocava reservistas em situação de disponibilidade”.

Acredito que o objetivo de tal convocação não tenha ligação nenhuma com o meu pensamento, contudo não pude deixar associá-las aos últimos acontecimentos internacionais, em que EUA e Coreia do Norte “provocam-se” simultaneamente em testes com bombas, entre outros.

A possibilidade de um confronto talvez, ou de uma simples troca de farpas, já poderia estar mobilizando os setores ligados a estes assuntos no Brasil. Mas acima disso, me fez lembrar os horrores do passado.

Filhos, Namorados, Irmãos, Tios, Primos, Maridos, tirados de suas casas e enviados a milhares de quilômetros de distância para lutar por algo que em algumas vezes nem sequer acreditavam ou então eram levados a acreditar.

Não estou assim redimindo o motivo da guerra contra os alemães na Segunda Guerra Mundial, porém analisando o que se fez com essa vitória no futuro, e de certa forma criticando os rumos tomados mundialmente em diversas questões, principalmente as do capital e de utilização dos resquícios de guerra.

Imaginar que não terei mais aquela fatia de melancia deixada em cima da mesa, ou então aquele beijo antes de partir para o trabalho, deixou-me preocupada. Ao mesmo tempo, penso em tantas outras pessoas que perderam essas sutilezas e os pequenos prazeres diários da vida, durante os mais diversos confrontos por esse mundo.

No nosso futuro é incabível que ainda tenhamos conflitos, e com a maior tranquilidade na utilização e demonstração do poderio bélico e militar dos países. É claro que há muitas disputas rolando em vários âmbitos, e acerca de muitos assuntos, porém não utilizar a conversa para resolvê-las parece-me insensato e de certa forma estúpida, em mundo que construiu e desenvolveu as mais variadas tecnologias.

Até mesmo no meio rural de muitas das regiões do nosso Brasil, que até os anos 2000 era chamado de atrasado, resolve-se os problemas na base do diálogo. É claro, onde se quer manter a dita ordem e um mero respeito a qualquer custo, ainda utilizam dos massacres, da escravidão, do preconceito, entre tantas outras formas de submissão da população a determinadas vontades e desejos.

Os muitos motivos que levaram as guerras anteriores, já foram praticamente perdoados, e discutidos nos tribunais de justiça de todo mundo. O que nos resta é refletir o que buscamos para a nossa sociedade nestas próximas décadas. Não somente refletir, mas conversar com o vizinho, o amigo, e cada um em sua singela residência colocar o que acredita em prática, sendo ele o bem ou o mal.

Espero que estejas a praticar o bem, e a querer o bem. Isso envolve aquele chimarrão no fim da tarde com os teus pais e filhos, naquela hora em que tiraste de tua cabeça o que não lhe deixa feliz, como ter que bater uma meta de produtividade para ter um dinheiro a mais no fim do mês.

Osvaldir e Carlos Magrão – Roda de Chimarrão

Que estejas levando teu cachorro passear e curtindo o sol se pôr entre as árvores, do que olhando e ouvindo as necessidades que o teu chefe te coloca, porque isso vai ser importante para a lucratividade da empresa.

Dinheiro também é importante, sem ele não teríamos atualmente nem o chimarrão, e muito menos talvez o cachorro. Sem contar na comida. Mas não deixe ele se tornar o centro e o fim de tudo. Na falta de comida, ainda conseguimos encontrar alguém que reparta a sua. No excesso de dinheiro, há mais partilha ou mais conflito?

Seja um agente de sua mudança. Inspire-se!

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