O professor e a professora são os mediadores dos processos de aprendizagem, como também os articuladores deste processo de conhecer, elaborar e organizar a complexidade do mundo contemporâneo, que é cada vez mais plural, visual e com uma gama imensa de informações que precisam ser compreendidas, debatidas e sintetizadas.
O Novo Ensino Médio vem sendo discutido desde o ano de 2016 e em 2022, depois de ser aprovado e amplamente discutido, passa a ser implantado em todo país. Uma das grandes e importantes mudanças do Ensino Médio é a divisão da formação dos estudantes que passam a ter 1800 horas de Formação Geral Básica e 1200 horas de formação através dos Itinerários Formativos.
A Formação Geral Básica (FGB) contemplará 60% do Currículo e os Itinerários Formativos (IF) 40%. A FGB, dividida por áreas de conhecimento, busca relacionar os conhecimentos presentes nos componentes curriculares, que continuarão existindo, porém trabalhando agora de forma integrada, sendo complementados pelos IF, que serão de escolha dos estudantes, onde irão aprofundar conhecimentos específicos de uma área principal, ainda que relacionados com as demais.
Por que o Ensino Médio mudou?
O Novo Ensino Médio coloca o jovem no centro da vida escolar, para promover uma aprendizagem com maior profundidade, que estimule o seu desenvolvimento integral, a partir do protagonismo, da autonomia e da responsabilidade do estudante por suas escolhas e seu futuro. Deste modo, busca-se desenvolver a autonomia do estudante, acompanhada do senso de responsabilidade que as escolhas sobre o seu futuro exigem.
A ideia é tornar o Ensino Médio mais atrativo e mais focado nas necessidades que as diferentes juventudes apresentam em seu momento histórico.
Além da Formação Geral Básica, ele poderá optar por Itinerários Formativos que mais se ajustam às suas aspirações e aptidões e ao seu projeto de vida.
O que é Formação Geral Básica?
A Formação Geral Básica é um dos eixos do Novo Ensino Médio. Ela consolida e aprofunda as aprendizagens essenciais, de acordo com a BNCC.
A Formação Geral Básica é o que será comum a todos os estudantes do Ensino Médio das escolas públicas e privadas. Serão as aprendizagens obrigatórias, alicerçadas na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), a partir das quais se desenvolvem Competências e Habilidades.
Com esta nova configuração, os professores e professoras não terão mais, apenas, listas de conteúdos que devem ser trabalhados no Ensino Médio, mas terão de dar conta de competências e habilidades que estão na BNCC e de outras competências e habilidades que foram adaptadas e construídas em cada território (Estados) através dos seus Referenciais Curriculares, no caso do RS, o Referencial Curricular Gaúcho do Ensino Médio.
A Formação Geral Básica está organizada em 04 áreas do Conhecimento: Linguagem e suas tecnologias, Matemática e suas tecnologias, Ciências da Natureza e suas tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Nenhuma disciplina ou Componente Curricular foi excluído. As treze disciplinas (denominadas componentes curriculares pela BNCC) que fazem parte do modelo anterior ao Novo Ensino Médio continuam, porém presentes nas áreas de conhecimento, dentro da FGB.
O que muda, na prática?
Mudam as estruturas, o currículo e o enfoque para que o estudante pesquise mais, busque mais e construa seu conhecimento. Mudam as horas de cada componente dentro da FGB, porém os IF complementam esta dinâmica. A BNCC traz o trabalho transdisciplinar, multidisciplinar, muito mais presente, neste sentido a educação não estará mais em caixinhas separadas, mas em diálogos que se complementam.
O foco no conteúdo dará lugar às competências e habilidades, já definidas na BNCC ou nos Referenciais Curriculares de cada estado. Através destas, serão escolhidos Objetos de Conhecimento (conteúdos) que darão conta de traduzir, para a prática e o cotidiano dos estudantes, o sentido do que se está aprendendo.
A escola muda o seu foco. Embora seja um espaço privilegiado de socialização e construção de conhecimentos, ela, nem de longe, é o único canal para o acesso do saber. A escola é este espaço insubstituível para o exercício das pluralidades de pensamento, seja entre os professores e professoras, estudantes e comunidade escolar.
Neste momento histórico, a escola cumpre com a função de sistematização das informações (para transformá-las em conhecimento) e da socialização (convivência saudável e respeitosa, mediada pelo conhecimento). Esta postura educativa auxiliará os estudantes para que sejam capazes de construir entendimentos de si mesmos, dos outros, da natureza e da sociedade.
O professor e a professora são os mediadores dos processos de aprendizagem, como também os articuladores deste processo de conhecer, elaborar e organizar a complexidade do mundo contemporâneo, que é cada vez mais plural, visual e com uma gama imensa de informações que precisam ser compreendidas, debatidas e sintetizadas.
Neste sentido, a educação se transforma para atender novas demandas, mas continua sendo essencial, assim como a ação do professor em sala de aula.
Assista ao vídeo “O que há de novo no Ensino Médio” para relembrar as principais inovações propostas para o segmento, com a educadora Anna Penido: https://youtu.be/gEqmWNMBjn0?t=94
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de 1996.
PIES, Nei. A escola e sua função contemporânea de humanização. Disponível em: https://www.neipies.com/a-escola-e-sua-funcao-contemporanea-de-humanizacao/
Autores: Nei Alberto Pies e Giseli Veccheti, professores de Ensino Religioso e Sociologia na rede estadual de educação do RS.
Edição: Alex Rosset