Greve: um grito de socorro para salvar a escola pública

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Mais de 10 mil educadores abandonaram a rede estadual desde 2014. São profissionais que não se aposentaram. Saíram do chão da escola por óbito, dispensa ou opção. Os dados são da Secretaria da Fazenda, compilados pelo Dieese. Não é de se surpreender.

Sobrevivemos há cinco anos de massacre. Nosso poder de compra foi reduzido em mais de 1/3 desde o último reajuste, corroído pelo inflação. Estamos há 47 meses com os salários parcelados e atrasados, sem dinheiro para ir trabalhar, acumulando empréstimos e escolhendo entre comer e pagar as contas.

Enquanto padecemos, bancos registram lucros recordes, grandes empresas recebem o benefício da sonegação premiada e obtêm isenções fiscais bilionárias. Fecham-se escolas para abrir prisões.

Neste cenário, o governador nos oferece o mesmo remédio amargo, testado e reprovado múltiplas vezes. Mais arrocho, extermínio de direitos, congelamento salarial por tempo indeterminado e confisco de dinheiro dos aposentados. Quem tem menos paga cada vez mais para sustentar a injustiça.

Não há qualquer novidade na tentativa de reforma, se não a dimensão da crueldade. Ao incorporar vantagens ao salário básico, o governo mascara o pagamento do piso nacional. Trata-se de uma farsa contábil. Se os projetos passarem, quem pagará o piso no Rio Grande do Sul será o próprio trabalhador da educação, sem receber um centavo a mais.

Eduardo Leite prometeu tornar a carreira mais atrativa. Na prática, projeta uma diferença salarial de 7% entre o profissional com Ensino Médio e o educador com Doutorado. No plano atual, o crescimento é de 100% no básico. Quem, em sã consciência, vai ingressar no magistério ou buscar qualificação com esse descalabro? Não somos escravos.

Enviamos, no prazo determinado pelo governo, documento elencando as razões para a rejeição do pacote. Não tivemos respostas ou convite para dialogar. O mesmo já havia ocorrido neste ano, quando, após iniciar uma mesa de negociações para tratar da pauta salarial, o Piratini abandonou o diálogo e passou a ignorar ofícios do CPERS solicitando a retomada.

A greve é o último recurso de qualquer categoria, única alternativa ao esgotamento da negociação. É um grito de socorro para salvar a escola pública e os sonhos de milhões de gaúchos que dependem de uma educação gratuita e de qualidade. Resistimos para não deixar de existir.

Helenir Aguiar Schürer, professora da rede estadual e presidente do CPERS/Sindicato


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