Grito pela educação CMP e Pré-Congresso dos professores municipais de Passo Fundo

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O CMP Sindicato, entidade representativa dos professores municipais de Passo Fundo, realizou na quarta-feira, 19 de junho, às 18h30min, o Pré-Congresso para o magistério municipal.

O evento contou com a presença de professores filiados das escolas de educação infantil, ensino fundamental e aposentados, que realizaram inscrição prévia para a participação no encontro.

Neste ano, o Congresso dos Professores Municipais chega a 9ª edição, com data marcada para acontecer em 29 de agosto. Mas, antes disso, o CMP realiza essas atividades prévias para introduzir o tema.

Abrindo os trabalhos da noite, Geniane Dutra, dirigente do CMP, salientou que o pré-congresso é uma oportunidade de os colegas discutirem e se inteirarem dos assuntos que serão tratados durante o Congresso dos Professores Municipais. Também destacou o papel do Sindicato e de como vêm sendo tratadas as demandas com as escolas. Foi exibido um vídeo com um resgate fotográfico das ações de 41 anos do Sindicato junto aos professores, em momentos de manifestos, atividades esportivas e culturais, jogos e encontros diversos.

Reafirmando a luta e a defesa pela educação, também foi apresentado no pré-congresso o “Grito Pela Educação”, movimento do CMP Sindicato que abre espaço para a discussão do descaso com a educação pública por parte dos governantes. Os professores que participaram do evento ganharam a camiseta que foi confeccionada com o tema do movimento.

O debate principal do Pré-Congresso foi marcado pela fala da professora e vereadora de Passo Fundo, Regina Costa Dos Santos. Ela tratou do assunto que em breve será abordado no IX Congresso, “Poder e democracia na educação”. Regina discutiu os desafios da profissão docente, assim como as necessidades e perspectivas do ensino municipal.

Ao término, professoras do Núcleo de Aposentadas do CMP apresentaram um manifesto sobre a situação da aposentadoria e perdas no magistério de Passo Fundo. Enfatizaram questões como a diminuição do salário em comparação ao aumento de gastos na aposentadoria, entre outros prejuízos como a perda da incorporação das gratificações e do vale-alimentação.

GRITO PELA EDUCAÇÃO

Durante o Pré-Congresso, também foi lançado o Grito pela educação. Esta iniciativa visa articular um conjunto de ações e atividades em defesa da escola pública de qualidade. Essas ações compreendem denúncias que lesam os professores e professoras municipais em seus direitos, mateadas, paródias, outdoor, locuções em rádios, debates sobre educação e eleições municipais, dentre outras.

Segue Editorial Grito pela educação.

Independente da forma ou regime de governo em voga no Brasil, salvo raríssimos momentos, uma máxima sempre se apresenta em nossa história: o descaso com a educação pública por parte dos nossos governantes. Isso nos leva à conclusão de que Darcy Ribeiro estava correto ao afirmar que “a crise da educação no Brasil não é uma crise; é projeto”.

Essa realidade se reflete em todos os níveis administrativos, sendo observada nos estados e municípios de nossa federação, e, infelizmente, em Passo Fundo não é diferente. Em nossa cidade, os administradores se orgulham em divulgar na imprensa local os números do crescimento econômico. Ano após ano, segundo eles, nossa economia se destaca em nível estadual e nacional, apresentando números expressivos e ganhando os mais variados tipos de prêmios. Entretanto, a realidade da educação pública – no chão da escola – não se altera. Ou quando isso acontece, a mudança é para pior.

Passo Fundo conta com um orçamento que ultrapassa a casa dos bilhões de reais, e tem a obrigatoriedade legal de investir 35% em educação. Tais números mostram que dinheiro não é o problema, mas quais são as prioridades? É notável a distopia de nossos administradores, que se preocupam demasiadamente com projetos que visam apenas o engajamento nas redes sociais, mesmo que não tenham sentido na vida dos alunos.

O descaso perpassa a educação infantil e o ensino fundamental, atingindo milhares de alunos, familiares e docentes. Citamos como exemplo: falta de vagas na etapa creche, encerramento do turno integral em nossa rede, falta de monitores para os alunos incluídos, problemas de estrutura nas escolas, falta de vagas para promoção das professoras da educação infantil, repasse inferior do índice de reajuste do piso nacional do magistério, dentre outros. Parece contraditório uma cidade tão pujante economicamente, que envia anualmente grupos de estudantes e familiares, jornalistas e outros agregados para o exterior, não solucionar os problemas básicos da educação. Isso ocorre pela visão distorcida do que deve ser considerado prioridade.

Como consequência, temos poucos avanços nos índices educacionais de nossos alunos e um gigantesco estímulo para o “apagão docente” que vivemos. Nossos professores nunca adoeceram tanto, jamais tivemos tantos pedidos de exoneração no magistério municipal. Os cursos de licenciatura não encontram mais alunos, muitos acabam por encerrar suas atividades. Tanto descaso não pode continuar!

Almejamos uma educação pública de qualidade, laica, inclusiva e democrática, que promova o pensamento crítico e a autonomia dos alunos. Do mesmo modo, queremos que nossas escolas sejam espaços privilegiados, em que o conhecimento científico e a cultura estejam ao alcance de todos. Que a profissão docente seja verdadeiramente reconhecida, valorizada e respeitada.

Para que isso seja realidade, não apenas uma utopia, necessitamos de ações. Esse é o objetivo do “Grito pela Educação”, que surge com o intuito de denunciar esse contexto, mas também de propor iniciativas. Precisamos urgentemente inverter a lógica que tem resultado na crise da educação.

Fotos: Comunicação CMP.

Autor: CMP- Sindicato

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