Igreja Católica como inimiga

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Nós, que nunca fomos bafejados pelos
valores do Iluminismo e da Revolução Francesa,
estamos vivendo um momento de
assustador retrocesso político.

O governo Bolsonaro que está mais para circo ou manicômio, acaba de eleger mais um inimigo: a igreja católica. E isto, em função do Sínodo da Amazônia, encontro marcado para outubro, no Vaticano.

Será um encontro em que estarão em pauta temas sobre como melhorar a ação católica na região e a defesa da floresta e dos povos dali, como indígenas, ribeirinhos e quilombolas, gente odiada por Bolsonaro, defensor dos ricos: fazendeiros, banqueiros, mineradoras, etc.

O Papa Francisco, para a turma de Bolsonaro, é um comunista de batina que sempre se interessou pela Amazônia.

Na encíclila Laudato Sí, de 2015, dizia que a Amazônia e a Bacia do Rio Congo são “pulmões” do mundo e que “a importância desses lugares para o conjunto do planeta e para o futuro da humanidade não se pode ignorar”.

Sobre o selo de “comunista”, ele comentou: “A pobreza está no centro da pregação de Jesus: ‘Bem-aventurados os pobres’ é a primeira das Bem-aventuranças!” Mais: “sempre tivemos na história essa fraqueza de tentar deixar de lado essa pregação sobre a pobreza, acreditando que se trata de algo social, político. Não! É evangelho puro, é Evangelho puro”.

Para o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, o sínodo é uma afronta à soberania do Brasil e ao governo Bolsonaro.

Não há registro de que o general de pijama tenha visto ameaça à soberania quando o Brasil abriu as portas da Amazônia aos Estados Unidos pela primeira vez na vida, em novembro de 2017, durante uma manobra militar conjunta do Brasil com tropas do Peru e Colômbia. A convite do Brasil, Tio Sam acompanhou tudo. Igualmente, o general nada disse, quando seu chefe bateu continência para o pavilhão americano. Ulala!!

Sabe-se que os povos amazônicos originários nunca estiveram tão ameaçados em seus territórios como agora. Obras, fazendeiros, mineradoras. Há uma gigantesca pressão por grandes interesses econômicos ávidos por petróleo, gás, madeira, ouro e monocultivos agroindustriais.

Além disso, há um governo que sempre demonstrou ver nos ambientalistas verdadeiros inimigos. Um exemplo é o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que no programa Roda Viva, negou a importância de Chico Mendes, o maior líder ambientalista da história brasileira.

O sanatório geral, comandado pelo capitão, agora resolveu tratar a igreja católica como inimiga. Mais. A Abin passou a monitorar padres e bispos, no velho estilo da ditadura que Bolsonaro e Heleno veneram.

Nós, que nunca fomos bafejados pelos valores do Iluminismo e da Revolução Francesa, estamos vivendo um momento de assustador retrocesso político. Do caldo do autoritarismo, brota a demência.

Autor: José Ernani de Almeida

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