Ergue-se o novo
No lugar do antigo.
Apaga-se da memória
Um pouco
Muito
Da história
De Passo Fundo.
Casarões
Que vêm abaixo
De mansinho
Para não despertar
O ódio escarninho
De quem, ali,
Também
Se vê um pouco
Derrubar.
Roubam o passado
Comum
De um povo
De quem
Ninguém se sente
Devedor.
Terá a propriedade
Tal autoridade
Para abolir
As idades
De quem as viveu?
No creo
Pero
Que las viviendas
No hay más,
Ah, no hay!
E haverá quem as ressuscite
Depois de mortas?
Como recuperar
A vida de uma casa
Revelada
Nos tijolos
– gastos –
Na madeira
– carunchada –
Falquejada
Pela vida?
O espírito que a habitou
Já navegou
Para outras paragens.
Desalojaram-no…
Volta para o Tempo
– alimento que o mantém por anos
Em determinado lugar.
Ainda haverá de passar séculos
Até que outro
Habite o novo
Que derrogou o antigo.
Até lá
Já não garanto
Poder chegar.
Sobre as fotos:
Construção no fundo, monstra duas das casas da “Calçada Alta”, hoje já quase inexistente, defronte à Academia de Letras. Sem data.
Rua Independência, na década de 1940. O prédio da esquina foi o Banco Nacional do Comércio e, logo ao lado, um casarão, que mais tarde abrigou o famoso “Tia Vina”.
Referência: Página Fotos Antigas de Passo Fundo (Facebook).
Autor: Júlio Peres. Também já escreveu e publicou no site a poesia “Rio Morto”: https://www.neipies.com/rio-morto/
Edição: A. R.