As professoras, os professores são portadores
da esperança porque são mobilizadores da
constituição de cada estudante em sujeito, em ser humano.
Um ano letivo em que a rede estadual começa com apenas pouco mais de dez por cento das escolas ter lutado bravamente contra os projetos que humilham a educação ao tratar seus profissionais no sentido contrário que determina o Plano Nacional da Educação: no mesmo nível que os demais profissionais com a mesma formação.
Um ano escolar em que o governo federal anuncia canal para denunciar os e as professoras, quando a vivência democrática, o aprendizado da tolerância, do diálogo, da liberdade para discutir temas da formação humana e societária são tão urgentes diante da violência, da mutilação e suicídio dos jovens, do feminicídio que recrudesce, do abandono escolar.
Um ano em que o financiamento da educação está em risco porque fecham 20 anos de orçamento vinculado a fundos – FUNDEF E FUNDEB – e que o governo federal pressiona por desvinculação, quando sabemos que ainda temos muito a investir em educação para universalizar e qualificar, para construir um Brasil soberano e que inclua sua gente no trabalho e na renda, na cultura e na cidadania.
O FNDE revela que em 2019 foram repassados a prefeituras de todo o país 307,8 milhões de reais para a construção de creches e pré-escolas e melhoria da infraestrutura da rede de educação infantil. Trata-se do mais baixo repasse em 10 anos. (José Ernani Almeida)
Recomeça seu trabalho a educação enfrentando o discurso econômico que hoje explica a política, que impõe austeridade como a única saída, a renúncia a direitos, quando a política é que precisa explicar suas opções: porque abre mão da soberania e desvia da educação a riqueza do petróleo, dos nossos bens naturais e se submete ao rentismo do capital improdutivo que nenhum compromisso tem com empregos e a formação da juventude.
Começa novo ano letivo para reanimar a esperança. Sem aula, sem educação, ela
fenece. As professoras, os professores são portadores da esperança porque são
mobilizadores da constituição de cada estudante em sujeito, em ser humano.
É incrível que quando a sociedade se mostra disposta a debater qualidade na educação, os professores/as são atacados e apontados como responsáveis pelo insucesso escolar. E o que é mais grave: as peculiaridades de seu ofício começam a ser entendidas como privilégios, não como direitos. Professores e artistas passam a ser tratados como inimigos da família e da sociedade. (Nei Alberto Pies)
“Eu sou esperançoso porque não posso deixar de ser esperançoso como ser humano. Esse ser que é finito e que se sabe finito, e porque é inacabado sabendo que é inacabado, necessariamente é um ser que procura. Eu não posso desistir da esperança porque eu sei, primeiro, que ela é ontológica. Eu sei que não posso continuar sendo humano se eu faço desaparecer de mim a esperança e a briga por ela. A esperança não é uma doação. Ela faz parte de mim como o ar que respiro. Se não houver ar, eu morro. Se não houver esperança, não tem por que continuar o histórico. A esperança é a história, entende?” Nos perguntava Paulo Freire.
Respondamos: sim. Somos sujeitos, fazemos a história.
Feliz ano letivo novo!