Lar – Doce Lar?

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Nessa oficina laboriosa e desafiante chamada família, vamos aprendendo o valor da solicitude, o respeito às diferenças, a obediência à autoridade dos pais. Onde há afeto e solidariedade a vida fica mais harmoniosa.

É no espaço do lar que a família se abriga. A palavra família tem origem latina e significa lar. No sânscrito, “dhaman” significa moradia. O lar representa, para cada um de nós, um lugar único onde voltamos ao final de cada dia, espaço que nos acolhe e onde somos nós mesmos, autênticos, sem as máscaras sociais que usamos lá fora, elas ficam penduradas atrás da porta de entrada.

A família é o grupo social primeiro, inicialmente formado pelo casal onde a criança, quando nasce, vai aprender gradativamente por imitação dos pais, a engatinhar, caminhar, balbuciar, falar, se expressar e a conviver com os familiares. Inicialmente ela é totalmente dependente de suporte para sobreviver. Os pais são responsáveis pela harmonia, manutenção física, emocional e a segurança do grupo familiar.

Urge refletirmos, no momento atual, sobre nós e o grupo familiar que pertencemos e qual o papel social que desempenhamos no mesmo:  pai, mãe, filho, filha, irmão, irmã. Como estou me desempenhando como participante deste grupo primordial?

Temos que reconhecer que a família é célula divina e expressivo laboratório de emoções e sentimentos com convite incessante ao nosso burilamento   pessoal, com exercícios constantes de compreensão afetiva que nos ensinam a perceber o quanto temos para doar, para ser útil e cooperativo, prestando ajuda mútua.

Nessa oficina laboriosa e desafiante, vamos aprendendo o valor da solicitude, o respeito às diferenças, a obediência à autoridade dos pais. Onde há afeto e solidariedade a vida fica mais harmoniosa.

O lar é a primeira sala de aula da criança e os pais, os primeiros mestres. A paternidade e a maternidade são magistérios sublimes e esta abençoada escola precisa ter um programa moral a ser ensinado e cumprido.  As trocas afetivas nos relacionamentos familiares ensinam sobre o verdadeiro sentido da vida.

Cabe aos pais educar os filhos, corrigir amorosamente seus equívocos quando ocorrem, não esperar que lancem raízes para serem arrancadas depois em processo doloroso, ensinar e ser o exemplo da melhor conduta.

O bem, vivenciado no lar, é alimento para a alma, promove equilíbrio emocional para os componentes da família. Estimular a criança a observar a natureza, a expressão da vida natural, descobrir as belas manifestações das plantas, do céu, das águas, dos bosques, dos animais e toda a riqueza que nos rodeia para que ela possa sentir-se parte integrante da vida estuante em que ela está inserida.

O relacionamento familiar possibilita a vivência da fraternidade, da   gentileza, do acolhimento, todos se conhecem e se podem desculpar com mais facilidade, tendo em vista o bem geral e individual.  Ser filho representa oportunidade de aprendizagem para se tornar futuro genitor.  O exemplo da união, respeito e fidelidade entre os cônjuges dará equilíbrio e segurança para os filhos e os irmãos entre si.

No lar, os filhos devem encontrar os recursos preciosos de educação para a formação equilibrada do caráter e da personalidade. Felizes dos pais que podem ver os filhos adultos, bem encaminhados na vida, apesar de todo o sacrifício e abnegação que tiveram. 

Reconhecer seus filhos como pessoas equilibradas, harmonizadas com o bem, úteis para si e para com a sociedade, construindo uma vida que   valha a pena ser vivida e lhes traga felicidade é grande recompensa para os pais e sinal, que apesar de todos os desafios, o lar de onde eles vieram foi um doce lar.

Como desejarmos a paz no mundo entre as nações, que são compostas nas suas bases pela reunião dos lares naquele espaço geopolítico, se na maioria das famílias, de três, quatro ou mais pessoas, entre quatro paredes, não vivem em paz, em harmonia? 

Precisamos focar nossa atenção na nossa família que não é só representada pelo sobrenome, pela edificação material da casa, do espaço onde residimos e que nos recebe ao final de cada dia e onde repousamos nos finais de semana.

O lar deve ser uma edificação também espiritual, um templo de luz, de sentimentos nobres, onde reine o amor, a fé, a gratidão a Deus, a gentileza, o acolhimento, o diálogo, o respeito e consideração pelos que compõem a família.

Da mesma forma que tratamos as visitas que chegam à nossa casa devemos tratar os nossos familiares diariamente. Como está ocorrendo, atualmente, a comunicação entre os componentes do lar? Estamos abrindo espaço para sentarmos juntos, conversar, olho no olho, sorrir, chorar, nos abraçar, construir momentos de felicidade genuína?  De que forma as redes sociais virtuais estão ocupando os espaços de nosso lar e interferindo nos nossos relacionamentos familiares?

Reflexão com proposta de atividades

A nossa proposta de reflexão sobre o lar, nem sempre doce lar, não é nova. 

Este tema fazia parte de nosso programa nas aulas do Ensino Religioso dos anos finais do Ensino Fundamental e primeiro ano do Ensino Médio. Para estimular o debate sobre o assunto, apresentávamos cartaz com as notícias mais destacadas da mídia, como sempre, as tragédias sociais da violência, falta de paz, violação dos direitos humanos tanto em nosso país como no mundo. 

Na roda de conversa formada em sala de aula, para análise das notícias que revelavam comportamento tão equivocado da nossa humanidade, fazíamos uma provocação:  qual seria a causa ou causas de comportamento tão equivocado de nós humanos?   O debate sobre as origens da violência, da falta de paz e harmonia na convivência nos levava ao objetivo da aula: refletir sobre a vivência em família. Seria o lar, doce lar?

Os alunos participavam ativamente das discussões para buscar encontrar as causas possíveis do comportamento humano negativo que se reflete na sociedade, até chegarmos no grupo social primário, a família. Eles traziam suas experiências pessoais, seus conflitos, muitas vezes expressavam a dor da criança ferida lá na primeira infância, por falta de amor, de aconchego, de gentileza dentro do lar, que deveria ser o espaço social onde se aprende a conviver com o outro, aceitar as diferenças, orar juntos, ter fé e confiança em Deus, compartilhar o afeto e os bens materiais, sentir gratidão pela vida. Alguns traziam suas vivências saudáveis. 

Para conclusão da aula propúnhamos a divisão em pequenos grupos para a elaboração de cartazes com as notícias da mídia, no futuro, quando a maioria dos lares humanos forem realmente LARES, DOCES LARES, como deveriam ser os lares que cada um dos meus alunos iria buscar construir.

Após a apresentação dos cartazes com notícias alvissareiras da mídia, ao grande grupo, encerrávamos a aula, guardando sempre a esperança nesses dias melhores que virão.

Autora Gladis Pedersen de Oliveira, autora da crônica: “Em busca da paz”: https://www.neipies.com/em-busca-da-paz/

Edição: A. R.

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