Os professores e professoras da
rede estadual do RS fizeram uma greve histórica
porque cansaram de tantos ataques à dignidade
de sua profissão e ataques à escola pública.
Carregaram, com orgulho, a bandeira do seu Sindicato: CPERS. Receberam apoio de milhares de cidadãos e cidadãs gaúchos, que se somaram nesta dura e desafiadora caminhada de mais de um mês de aulas paralisadas.
Elencaremos algumas lições e aprendizagens sob o nosso ponto de vista, de professor, escritor, ativista de direitos humanos e editor do site www.neipies.com
Professores e funcionários grevistas assumem um compromisso ético e político muito sério: a greve não é em causa própria, mas em nome de todos os seus colegas. Por isso mesmo, a greve sempre é sustentada pelos mais coerentes, mais conscientes e mais seguros de sua tarefa e missão.
Críticas sempre são bem-vindas ao movimento, mas somente serão aceitas aquelas que vierem de quem luta. É muita covardia esconder-se atrás de certas críticas para não vir somar-se com a luta.
Além de ser um compromisso sério que tem horas e horários definidos, a greve também se faz de alegrias, de encontros, de convivências, de muitas trocas. Uma greve guarda certa espiritualidade e se faz com compromissos de quem se soma para lutar. Por isso mesmo, grevistas tem todo direito de rir, de tomar chimarrão, de sentar em rodas, de ouvir músicas, de exibir-se em fotos. Uma luta boa se faz com alegria!
Quem luta também educa. Quem educa verdadeiramente, desestabiliza os acomodados. Ao nos organizarmos pacificamente, estamos ensinando ao conjunto da sociedade que é preciso organização quando os direitos são atacados.
Jornalistas e parte da imprensa que tentam nos jogar contra a população precisam nos respeitar primeiro para entender nossas causas. Nossas causas sempre são a defesa da dignidade de nossa profissão docente e a defesa da escola pública, de qualidade social (que seja boa para todos os que se envolvem nela).
Os números de grevistas não são o principal parâmetro para sustentar uma greve. O que sustenta uma greve é sua legitimidade e a certeza de que mais avanços são possíveis nas negociações, maior objetivo das greves.
Mentes tranquilas, serenas e convictas incomodam quem é adepto ao terrorismo das ameaças, das punições e das simulações que tentam desestabilizar os manifestantes para desmerecer o mérito das lutas.
Greve de servidores públicos sempre busca aperfeiçoar e aprimorar a qualidade dos serviços públicos. Servidor valorizado cumpre função pública com maior interesse e motivação.
O desejo maior de quem está em greve é voltar ao trabalho, pois o local de trabalho é seu lugar de realização. A escola pública é o lugar de nossa realização pessoal e profissional.
Todos os que ousam participar de uma greve, voltam transformados e revigorados para seus locais de trabalho. Aprendem, como ninguém, que não é bom ser escravo e que ser sujeito da sua história também tem preço, que sempre vale a pena pagar. Aprendem também que o ombro a ombro, o cara a cara e a solidariedade nos humanizam, transformando-nos em seres humanos melhores.