Liberar? Proibir? Acabar com o crime liberando o crime?
Terminar com o roubo permitindo o roubo.
Cuidando da vida destruindo a vida?

 

Por muitos anos observei. Hesitei. Constatei. Perdi algumas noites de sono. Me emocionei. Fiquei sem saber o que fazer. Talvez em alguns momentos me tornei refém de meus pensamentos.

A vida me enchera de máscaras. De carapaça. Não. Confesso que não tem quem aguente. Calado. Não mais.  O lamento. O choro. De muitas mães. A preocupação de infinitos pais. “Cuide com quem ele anda e me avise.”

Lamento se alguém discordar do que falarei. Meu coração não é de pedra. Muito menos minha alma é dotada de tanto poder. Vou falar! Depois que recebo do nada uma mensagem de um ex-aluno me perguntando se eu tinha tempo. Disse que tinha. Ele me diz: tem bastante? Desabafa. As palavras não conseguem expressar tamanha ansiedade para contar. Eu estático. Apavorado.

Você não fala pra ninguém o que te digo. Se quiser pode falar. Pode compartilhar. Só esconde meu nome. Robledo confiou a mim algo, um grande segredo. Um desabafo guardado a “sete chaves”. As chaves não bastaram. As palavras furaram a porta. Arrebentaram a garganta. Explodiram o coração. Rompeu o silêncio.

Daí Laercio, tudo bem? Me diz uma coisa: tá muito ocupado agora? Precisava conversar contigo. Seguinte, não tá ocupado mesmo? Laércio, entrei numa ruim prá te falar…..  Meu erro no colégio: fui me perdendo nas atividades até que fiz cagada e me fudi, literalmente me fudi, assim, nunca tive problema de droga né?

Entrei, Laércio, na vida da maldita maconha. Quando parei de estudar, demorou um pouco pra mim entrar, mas no final as amizades puxaram….. fumei, curti pra crlho a sensação que ela dá. Mas daí eu, como sempre fui meio atordoado com essas merda, por causa da minha família e tals. Eu fui indo aos poucos…. até que no começo pensei que não ia me dar nada, sabe? Tava tudo tranquilo. Eu fui indo aos poucos….Até que no começo pensei que não ia me dar nada, sabe? Reparei que quando eu fumava uns beck no início, que nem eu te falei, era bomm, prestava mais atenção … mas daí percebi que não era bem assim quando eu tava fazendo as coisas chapado. Daí completou 4 meses de maconha e eu peguei e percebi que tava passando meus dias chapadão. Comprei até um boong. Daí assim, tudo certo, jogava uns basquete ainda…. mas meu treino de luta eu parei. Então foi passando uns tempos e, tipo, nunca mais me dava fome se eu não fumasse, já tava nessas. Eu parei de jogar basquete e só ia naquela maldita praça fumar maconha. Laércio, mas tipo só tava passando dias e dias. Eu ali perdendo 1 semana da minha vida, sempre gostei de ler livro, sabe? Antes eu lia um livro de 100 páginas em 1 hora, entendendo bem o livro. Percebi que essa merda só atrasou minha vida tipo foi 1 ano perdido, Laércio. Perdido mesmo. Só nessa merda que eu quis entrar ….. Hj em dia só quero voltar a estudar… um piá ativo, fui sempre assim.

Percebo que a fala do meu aluno, e de tantos outros que já ouvi, é um clamor. Dor da alma. Dor da vida. Perdida. Tempo que foge. Como água na palma da mão. Tempo que está onde o vento sopra. Tempo da juventude. Desespero que grita a ânsia do ser. Ninguém pode negar a sensação agradável. Boa. Ilusória. A droga.

A maconha afeta a psique, que no adolescente está em formação.

Mas o que leva tantos jovens a buscar esse recurso destrutível para suas vidas? Há várias hipóteses. Umas das razões é a fraqueza moral. A falta de coragem para enfrentar seus problemas. Ela dará coragem para efetivamente vencer esse problema e ingressar no mundo fantástico. Assim ela mexe com o psicológico e logo adiante vem a depressão. Grande causa de suicídio.

Todas as drogas dão sensação. Euforia. Falsas. Cada vez mais requer doses para alcançar esse efeito. Isso requer dinheiro. Mais dinheiro. Surge o crime para a satisfação da abstinência. A abstinência ninguém segura. Extremo.

Vida real. Sensação verdadeira do viver se foi. Abraçar alguém. Beijar quem gostamos. Encontrar com um familiar. Ouvir uma boa música. Isso é natural. A pessoa vira robô, não sente mais sensações naturais. O morto vivo se constitui. Como ser vegetativo.

Liberar? Proibir? Acabar com o crime liberando o crime? Terminar com o roubo permitindo o roubo. Cuidando da vida destruindo a vida? Julga-se que a droga está sendo o grande flagelo da humanidade.

Será que estamos vivenciando este milênio que devasta e ilude a vida de tantos jovens?

Se fosse só a destruição de um ser da família, não era tão agravante. O pior a família toda se destrói. Mundo sem saída. Vida morta.

Não se trata de criminalizar quem usa a maconha ou qualquer outro tipo de droga tóxica. Trata-se de refletir sobre como encaramos as drogas. Trata-se de pensar que mundo é este onde as drogas impõem-se como condição de felicidade. Irreal. Ilusória.

Maconha não vicia. É planta. É bem saudável. Falsa impressão de felicidade. Euforia. Diferente de alegria. Primeira necessidade. Segunda necessidade. Terceira necessidade. Não vicia.

Há quem diga que a maconha tem propriedades medicinais, mas no Brasil não há regulação e nem controle de nada disso. Eu prefiro ficar com a ideia de não incentivar e nem promover qualquer droga, também a maconha.

Desculpa. Sou da vida. Pra vida vim. A vida quero viver. Luto pra viver. Não para morrer. Tudo o que não promove a vida sou contra.

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